The motor of the modern economy, turning ideas and knowledge into products and services (UK Office of Science and Tecnology).
Portugal suporta uma crise grave e duradoura. Daqui emergem fenómenos sociais graves, desequilíbrios financeiros perigosos e desmedido endividamento público e interno. Sem excluir outras visões, tem faltado aos governos uma visão apurada sobre as verdadeiras causas e dificuldades.
O crescimento económico irá conduzir-nos ao desenvolvimento mas, para isso, necessitamos de um governo forte, inovador e que tome políticas diferentes das atuais, para fomentar não só expectativas mais positivas nos agentes, como também um novo caminho político (esperemos mais promissor).
A diminuição da oferta de emprego associada à conjuntura económica pode potenciar novos negócios e a criação de empresas. As elevadas taxas de desemprego representam uma maior probabilidade de encontrar um conjunto de profissionais muito qualificados e capazes de transformar as adversidades de uma crise em oportunidades, muitas delas, únicas. Deparamos-nos com uma situação que diminui o consumo (contração da procura), provocando inicialmente um excesso de oferta (prejuducial para as empresas). O ajustamento dar-se-á naturalmente, aumentando a competitividade entre elas, o que se reflete no modo como estas atuam no mercado. Haverá maior necessidade de diferenciar o produto (principalmente pequenas e médias empresas que possuem custos maiores), maximizar a eficiência e a produtividade, visto que o financiamento torna-se mais difícil de obter (um dos argumentos dos bancos tem sido a falta de capitais próprios das empresas, que tornam os empréstimos muito arriscados), …
Isto posto, visando a conquista do mercado, assistimos a uma “Intelegência Competitiva” ainda mais acentuada. As empresas adquirem um espírito mais inovador, com iniciativas mais ousadas e criativas. As pessoas encontram nesta fase oportunidades de criar negócios e cria-se um espírito mais empreendedor. Uma conjuntura económica pouco favorável complica a obtenção de emprego, retrai o consumo, aumenta o défice e a dívida do governo, o investimento cai e pode mesmo abalar fortemente uma moeda. Não obstante, esta situação custosa, impulsiona desenvolvimento, uma maior concentração de ideias e necessidade de desenvolvê-las, achar novos caminhos, inovar e ampliar o tecido empresarial.
Segundo Joseph Schumpeter, empreendedorismo é “o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando mais tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes…”. Inovação pode ser traduzida em novos produtos ou processos que garantam vantagens competitivas, atraindo assim novos clientes e talentos. No momento atual de crise económica, torna-se ainda mais decisivo marcar a diferença para alcançar o sucesso, seja a empresa já reconhecida no mercado ou criada recentemente. Existem várias estratégias que visam a inovação, entre elas:
• “Product innovation”- alterações nos produtos/serviços que uma empresa oferece;
• “Process innovation”- alterações na forma como os produtos/serviços são criados e/ou distribuídos;
• “Position innovation”- alterações no contexto em que os produtos ou serviços são colocados no mercado; e
• “Paradigm innovation”- alterações nos modelos subjacentes à estrutura organizacional das empresas.
Todas estas estratégias são formas de inovar, não necessariamente inventar. A despeito da difícil conjuntura económica atual, tem havido um aumento da abertura de novos negócios (Micro, Pequenas e Médias Empresas). Estas empresas representam cerca de 99,9% do tecido empresarial e quase dois terços do que se produz em Portugal é feito nestas empresas. Estas têm vindo a contrabalançar o encerramento de outras sociedades comerciais e surgem com um propósito muito comum: inovação/invenção e desenvolvimento de novos produtos.
Posso afirmar que a crise económica foi a grande impulsionadora de muitas projetos e empresas e da sua projeção no mercado. Elevadas taxas de desemprego, inclusive desemprego jovem, tornou-nos um país que não utiliza devidamente os recursos, desperdiçando muita mão-de-obra qualificada e “obrigando” assim que muita gente capaz passe a criar e desenvolver projetos que noutras circunstâncias não se verificariam…
Em 2010, em Portugal, existiam 1.168.964 empresas. Destas, 97,9% eram empresas não financiadas, 68,6% empresas individuais e 99,9% eram Micro, Pequenas e Médias Empresas. As empresas portuguesas demonstraram de novo as suas capacidades competitivas em 2012, com um acréscimo nominal das exportações de bens em 5,8%, um dos mais elevados da União Europeia, cuja média é de 3,3%. As PME líderes tinham, em 2011, uma taxa média ponderada de exportação de 20,8%. O volume de negócios destas PME exportadoras aumentou em média 4,1%, valor que contrasta com a queda de volume de negócios em -5,9% registados nas empresas totalmente dependentes do mercado interno.
Grupos de empresas de todas as dimensões, cada vez em maior número, colhem os frutos e lançam novas sementes de estratégias de internacionalização, mais antigas ou recentes, mais proativas ou mais recetivas, num continuado esforço de integração competitiva nas cadeias de valor mundiais, com forte rivalidade. Mas é vital melhorar o meio ambiente endógeno que condiciona as empresas em termos de procura interna, logística, comunicação, financiamento (melhoria de gestão de riscos e custo de oportunidade)…
Estas empresas (PME) desempenham um papel preponderante, tendo um elevado peso na economia de qualquer país. Estas são importantes por diversos motivos, entre os quais: podem fornecer produtos individualizados ao invés das grandes empresas que produzem em escala; servem de tecido auxiliar às grandes empresas para realizar certos serviços e operações que impliquem menos custos.
Existem situações onde é mais produtivo trabalhar com empresas de pequenas dimensões, como é o caso das cooperativas agrícolas, por exemplo. Este tipo de empresas possui mais fácil acesso a mercados mais específicos e carteiras de clientes mais reduzidas. São empresas que contêm grande poder de mudança, pois a sua estrutura é muito pequena. Todavia, estas não usufruem de verbas para investigação. Deste modo, são empresas que replicarão apenas os seus produtos, tendo pouca margem para criar e possuir patentes.
Por último, como afirmara Platão “A necessidade é a mãe da invenção”, considero que a necessidade é também a mãe da inovação, das grandes ideias e dos grandes projetos que fazem um país crescer. Admito que nas dificuldades de uma crise económica residam subtilmente disfarçadas grandes oportunidades que farão toda a diferença no futuro. Considero que a crise financeira global de 2008 poderá vir a ser uma importante impulsionadora da economia colaborativa, tornando as pessoas mais conscientes quanto à necessidade de obter recursos, da importância de um “consumo colaborativo”, tendo como consequência, por exemplo, a redução dos custos.
Na minha opinião, o nível de criatividade e potencial de sucesso de cada ideia tem a ver com a capacidade de cada um obter, traduzir e interpretar informações de um forma correta, principalmente livre de preconceitos, paradigmas e crenças.
Ana Marta Gomes Carvalho
Glossário:
Consumo Colaborativo: é uma nova prática comercial que possibilita o acesso a bens e serviços sem que haja necessariamente aquisição de um produto ou troca monetária entre as partes envolvidas.
Inteligência Competitiva: é a atividade de coletar, analisar e aplicar, legal e eficazmente, informações relativas às capacidades, vulnerabilidades e intenções dos concorrentes, ao mesmo tempo monitorando o ambiente competitivo em geral.
Bibliografia:
http://search.yahoo.com/yhs/search?hspart=ddc&hsimp=yhs-ddc_bd&p=economia+colaborativa+wikipedia&type=620_na__alt__ddc_dss_bd_com
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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