terça-feira, 4 de novembro de 2014

“Business Angels”

Face à situação económica em que o nosso país se encontra, o empreendedorismo é um termo que se tem vindo a destacar como resposta na luta contra a persistência da crise, e que pode ser entendido como o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas com a criação de projetos e atividades laborais.
Em períodos de turbulência económica, e apesar do carácter desfavorável que atinge a generalidade, pode, contrariamente, descobrir-se uma grande diversidade de oportunidades de negócios estimulantes e prometedores, que surgem precisamente da instabilidade. Ser empreendedor é não somente saber identificar as oportunidades mas também aproveitar, arriscar, produzir.
Este conceito abrange diferentes classes e, em plena recessão, podemos verificar a classe do empreendedor por acidente ou por força das circunstâncias como protagonista. São estes indivíduos que, com poucas ou nenhumas opções, um total desencanto pelas circunstâncias adversas em que são colocados, um futuro nada auspicioso e um desespero inerente, desenvolvem as suas capacidades e criam projetos inovadores.
                “Dificuldade financeira” é o principal obstáculo ao empreendedorismo. A comum expressão, e atualmente exausta até, manifesta-se em todos os desafios específicos que a carência económica significa: no acesso aos recursos para a criação de uma empresa, na sua promoção, no seu crescimento economicamente sustentável, na concretização da meta da estabilidade e no mantimento desta.
                O crédito bancário, que surge desde o momento inicial na aplicação de um projeto deste género, tem sido, mesmo em épocas de abundância de recursos, uma barreira para os empreendedores na passagem da teoria à prática. A desadequação por parte dos bancos a este tipo de iniciativas advém de uma falta de capacidade e de experiência na análise dos riscos que lhe estão associados. Por conseguinte, é inevitável que, em períodos de maior escassez de dinheiro, como é precisamente aquele em que vivemos, e onde a aversão ao risco é mais generalizada, as barreiras se agravem e uma solução que passe pelo crédito bancário esteja praticamente vedada.
Para combater estes desafios financeiros podemos destacar a atividade desenvolvida pelos “Business Angels”. O clube “Business Angels” foi construído em 1990 com 15 membros. Atualmente, conta com 60, liderado por Francisco Banha. Foi desenvolvido para facilitar o “ponto de encontro” entre investidores e empreendedores.
Existem já vários espalhados pelo país, como, por exemplo, “Vima Angels-Guimarães”, e “Invicta Angels-Porto”. A comunidade de “Business Angels” tem, neste momento, ao dispor dos jovens empreendedores portugueses a quantia de 42 milhões de euros. Um “business angel” é um investidor particular. Investe diretamente o seu dinheiro em empresas nascentes ou “seed-capital”, com modelos de negócio atrativos e com potencial para elevados retornos. Investem numa lógica de longo prazo e estão preparados para dar suporte estratégico aos promotores para que o investimento tenha êxito.
Este tipo de iniciativa é muito importante pois permite aos empresários, mesmo aos mais inexperientes, criarem o seu próprio negócio, e terem sucesso. São um elemento fundamental para potenciar o alto e rápido crescimento de um negócio, dado que em geral os novos negócios carecem de dois elementos fundamentais: conhecimentos de gestão e desenvolvimento de negócios e capital. Os “Business Angels” não são apenas detentores e fornecedores de capital, dispondo também de conhecimentos, experiência, tempo e contactos, ajudam no recrutamento de gestores e membros para os quadros, ou seja, fornecem um conjunto de competências várias, de importância vital, na criação e desenvolvimento de novas empresas.
As maiores empresas de sucesso a nível mundial como, por exemplo, a Amazon e a Google, tiveram nas suas fases de arranque a participação de “Business Angels”, o que lhes permitiu dar um primeiro salto.
Em suma, o Portugal não precisa apenas de empreendedores talentosos, com entusiasmo e vontade de pertencer a um projeto inovador, capazes de combater as dificuldades criando oportunidades, mas também de entidades como os “Business Angels”, que têm o capital e experiência necessária para ajudarem esses empreendedores a concretizarem, efetivamente, as suas ideias, contribuindo para uma melhor situação do país.

Sara Cristina Alves Ferreira

Fontes:
Federação Nacional de Associações de Business Angels: http://www.fnaba.org/index.html
AvePark- Vima Angels: http://www.avepark.pt/pt/inovacao/69-vima-angels

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 

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