Face à situação económica em que o nosso país se encontra, o
empreendedorismo é um termo que se tem vindo a destacar como resposta na luta
contra a persistência da crise, e que pode ser entendido como o desenvolvimento
de competências e habilidades relacionadas com a criação de projetos e
atividades laborais.
Em períodos de turbulência económica, e apesar do carácter desfavorável
que atinge a generalidade, pode, contrariamente, descobrir-se uma grande
diversidade de oportunidades de negócios estimulantes e prometedores, que
surgem precisamente da instabilidade. Ser empreendedor é não somente saber
identificar as oportunidades mas também aproveitar, arriscar, produzir.
Este conceito abrange diferentes classes e, em plena recessão, podemos
verificar a classe do empreendedor por acidente ou por força das circunstâncias
como protagonista. São estes indivíduos que, com poucas ou nenhumas opções, um
total desencanto pelas circunstâncias adversas em que são colocados, um futuro
nada auspicioso e um desespero inerente, desenvolvem as suas capacidades e
criam projetos inovadores.
“Dificuldade
financeira” é o principal obstáculo ao empreendedorismo. A comum expressão, e
atualmente exausta até, manifesta-se em todos os desafios específicos que a
carência económica significa: no acesso aos recursos para a criação de uma
empresa, na sua promoção, no seu crescimento economicamente sustentável, na
concretização da meta da estabilidade e no mantimento desta.
O crédito bancário, que surge
desde o momento inicial na aplicação de um projeto deste género, tem sido,
mesmo em épocas de abundância de recursos, uma barreira para os empreendedores
na passagem da teoria à prática. A desadequação por parte dos bancos a este
tipo de iniciativas advém de uma falta de capacidade e de experiência na
análise dos riscos que lhe estão associados. Por conseguinte, é inevitável que,
em períodos de maior escassez de dinheiro, como é precisamente aquele em que
vivemos, e onde a aversão ao risco é mais generalizada, as barreiras se agravem
e uma solução que passe pelo crédito bancário esteja praticamente vedada.
Para combater estes desafios financeiros podemos destacar a atividade
desenvolvida pelos “Business Angels”. O clube “Business Angels” foi construído
em 1990 com 15 membros. Atualmente, conta com 60, liderado por Francisco Banha.
Foi desenvolvido para facilitar o “ponto de encontro” entre investidores e
empreendedores.
Existem já vários espalhados pelo país, como, por exemplo, “Vima
Angels-Guimarães”, e “Invicta Angels-Porto”. A comunidade de “Business Angels”
tem, neste momento, ao dispor dos jovens empreendedores portugueses a quantia
de 42 milhões de euros. Um “business
angel” é um investidor particular. Investe diretamente o seu dinheiro em
empresas nascentes ou “seed-capital”, com modelos de negócio atrativos e com
potencial para elevados retornos. Investem numa lógica de longo prazo e estão
preparados para dar suporte estratégico aos promotores para que o investimento
tenha êxito.
Este tipo de iniciativa é muito importante pois permite aos empresários,
mesmo aos mais inexperientes, criarem o seu próprio negócio, e terem sucesso.
São um elemento fundamental para potenciar o alto e rápido crescimento de um
negócio, dado que em geral os novos negócios carecem de dois elementos
fundamentais: conhecimentos de gestão e desenvolvimento de negócios e capital.
Os “Business Angels” não são apenas detentores e fornecedores de capital,
dispondo também de conhecimentos, experiência, tempo e contactos, ajudam no
recrutamento de gestores e membros para os quadros, ou seja, fornecem um
conjunto de competências várias, de importância vital, na criação e
desenvolvimento de novas empresas.
As maiores empresas de sucesso a nível mundial como, por exemplo, a
Amazon e a Google, tiveram nas suas fases de arranque a participação de “Business
Angels”, o que lhes permitiu dar um primeiro salto.
Em suma, o Portugal não precisa apenas de empreendedores talentosos, com
entusiasmo e vontade de pertencer a um projeto inovador, capazes de combater as
dificuldades criando oportunidades, mas também de entidades como os “Business
Angels”, que têm o capital e experiência necessária para ajudarem esses
empreendedores a concretizarem, efetivamente, as suas ideias, contribuindo para
uma melhor situação do país.
Sara Cristina Alves Ferreira
Fontes:
Federação
Nacional de Associações de Business Angels: http://www.fnaba.org/index.html
AvePark- Vima Angels: http://www.avepark.pt/pt/inovacao/69-vima-angels
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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