Os
espaços rurais portugueses tem sido, ao longo dos últimos anos, marcados pelo
envelhecimento demográfico e por um crescimento debilitado a nível económico,
social e político. Para além disso, são áreas deprimidas caraterizadas pela
predominância do setor agrícola e pela pouca abundância
de cuidados primários e serviços básicos (hospitais, supermercados,
entre outros). Assim, face aos estrangulamentos das áreas rurais, a
atividade turística surge como uma nova oportunidade e como uma tentativa de
inverter a tendência da recessão rural.
Apesar do crescente esforço do Governo para a contrariar, a centralização é uma realidade bem presente em Portugal. Investir no turismo rural deve ser, no meu ponto de vista, uma das prioridades do Estado para promover a descentralização, promovendo um desenvolvimento sustentado do país.
Ora, na generalidade, os jovens procuram algo mais inovador para a sua carreira, o que é bastante difícil encontrar no interior, visto que as melhores empresas e universidades localizam-se nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa.
Todos os dias nos apercebemos deste
fenómeno, através, por exemplo, da afluência dos transportes nas grandes
cidades, em contraste com a falta deles nas zonas rurais. Apesar disso, o
turismo rural tem registado aumentos nos últimos anos, o que pode dever-se à
mudança de preferências dos turistas. Muitos deles passaram a preferir a
natureza e a calma do campo, ao invés das multidões das cidades.
Fonte: PORDATA
É de realçar a enorme perda nas receitas do turismo em geral devido à COVID-19, no início de 2020. Apesar disso, é expectante que daqui para a frente tenhamos um aumento da procura do turismo rural.
Nos últimos anos, a procura do interior
levou a que muitos empresários investissem nessas zonas, o que contribuiu
também para o investimento em estabelecimentos de turismo. Todavia, há ainda um
enorme caminho a percorrer no tocante ao desenvolvimento deste tipo de turismo.
Legenda: Estabelecimentos de turismo de
habitação e de turismo no espaço rural.
Fonte: PORDATA.
Ultimamente, o Governo tem lutado para contrariar a tendência de desertificação. Assim, surge o Programa de Valorização do Interior. Este programa visa a atração de investimentos para que seja estimulante novos habitantes e empresas instalarem-se nestas regiões. Para além disso, prende-se com a possibilidade de criar emprego e condições de vida de qualidade.
O Ministro Adjunto e da Economia afirmou em 2019 que a descentralização era essencial para o crescimento económico. Para tal, é necessário tomar medidas que façam crescer o número de visitantes e que captem novos mercados.
Na minha opinião, o setor turístico move avultadas
quantias, envolve pessoas em todo o mundo e utiliza recursos naturais, dos
quais também depende. Apesar de já terem sido feitos progressos no que toca à descentralização,
é necessária prudência com o desenvolvimento do turismo rural, zelando por um
desenvolvimento sustentável, para que este não seja um consumidor voraz de
recursos naturais e para conservar o meio ambiente a longo prazo.
Sofia Dias Salgado
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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