Todos nós, nunca iremos
esquecer do que nos fez “parar” por um bem maior e comum que é a saúde, mas
certamente na altura em que a Covid-19 assolou o mundo esquecemo-nos de pensar
nas consequências futuras do que estávamos a viver precisamente porque
estávamos muito ocupados a protegermo-nos a nós e aos outros.
Dados da Comissão
Europeia indicavam que Portugal seria o quinto país com a maior queda do PIB em
2020. Este registou uma quebra de 8,4%, situação essa que já há 52 anos não se
verificava. Consoante o Eurostat, a crise resultou em mais 40% das falências
registadas em 2019. Este aumento foi o segundo maior entre os países da Zona
Euro.
Na minha opinião, ainda é
cedo para conseguirmos dizer com certezas o que é que a pandemia nos ensinou. Não
podemos negar que esta nos tornou mais humanos e humildes, mas deteriorou o
estado económico dos países, aprendemos a ajudar mais o próximo e a ficar mais
empáticos, da mesma forma que vimos a economia a responder a acontecimentos
inesperados.
De facto, a contração
económica assistida deveu-se em grande parte à redução muito acentuada da
procura interna, através essencialmente da queda do consumo privado, deveras
resultado do medo dos consumidores e da perda em termos económicos para as
empresas, principalmente as mais afetadas com a Covid, isto é, as ligadas ao
setor dos serviços, como o turismo, os transportes e a restauração, que tiveram
de limitar a sua atividade.
Naturalmente que países, como
é o caso português, em que muitas das receitas eram arrecadadas do setor do
turismo, foram os mais afetados com a situação que presenciamos. Em 2020, as
receitas turísticas portuguesas caíram mais de 50% face ao ano transato. Este
foi um dos grandes causadores da recessão a que assistimos, o que em meu
entender poderá servir de impulsionador para que o Estado português se
desprenda um pouco do estrangeiro e comece a apostar no potencial das empresas
nacionais através do incentivo ao consumo e investimento.
Não nos podemos esquecer
também dos meios digitais no contexto de trabalho, com o teletrabalho. De
acordo com um estudo de Capgemini, em 2020 as empresas presenciaram um aumento
da sua produtividade em 63%, o que poderá incitar as empresas a aplicar no
futuro um misto entre trabalho presencial e remoto, de forma a potenciar as
capacidades dos seus trabalhadores. O aumento da produtividade é deveras
benéfico para a economia como um todo, pois não só permite a criação de um
maior valor acrescentado como também potencia a competitividade económica,
imprescindível para a expansão do mercado.
De certo modo, os
impactos enunciados, maioritariamente negativos, podem ser ultrapassados pelo reforço
do ensino, pelo incentivo dado às empresas privadas que viram os seus lucros
diminuídos drasticamente, através, por exemplo, da diminuição do IRC para as
empresas nacionais até recuperarem ou através do acesso mais facilitado ao
crédito.
Tendo em vista a
recuperação económica das empresas portuguesas, existe já nesse sentido um
Plano de Recuperação e Resiliência, que consiste em recursos financeiros da
União Europeia posto ao dispor de Portugal para o desenvolvimento de infraestruturas e
equipamentos e para apoiar as empresas a
fundo perdido. Esses apoios ascendem os 3,4% do PIB. Consoante Siza Vieira,
esta medida vem, com certeza, dar um “empurrãozinho” para a retoma económica
anteriormente perdida pelas instituições privadas.
Em suma, a Covid-19 tornou
Portugal e diversos países economicamente mais fragilizados. Importa agora
recuperar e reerguer, investindo e apostando no nacional, sem nunca esquecer o
que se viveu e aprendeu.
Adriana Carmo
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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