O
Grande Confinamento, como designa o Fundo Monetário Internacional, provocado
pela chegada do Coronavírus, afetou a sociedade como um todo: a nível económico,
laboral, psicológico, social, entre outros. De forma a combater este problema,
o governo foi obrigado a tomar medidas para colmatar as suas consequências, o
que provocou um grande rombo nas contas públicas
do país. Este inesperado problema sanitário levou à declaração de Estado de
Emergência, limitando algumas liberdades o que se refletiu imediatamente na
vida da população.
Taxa de variação homóloga do PIB
Dívida pública em % do PIB
Uma
das consequências do Estado de Emergência foi o encerramento temporário de
estabelecimentos comerciais e de serviços, o que levou a uma enorme queda do produto
interno bruto (PIB) e, consequentemente, à queda da receita fiscal. Algumas
firmas tiveram de despedir funcionários ou até encerrar, o desemprego disparou,
algumas pessoas foram forçadas a recorrer ao RSI, e uma vez que a economia
portuguesa é fortemente ligada ao turismo sofreu ainda mais por registar uma
enorme queda no recebimento de estrangeiros. A tendência verificou-se ao longo
do território e na imagem abaixo podemos observar a evolução do desemprego por
concelho nos períodos homólogos compreendidos entre Dezembro de 2019 e durante
o ano de 2020.
Os
rendimentos dos agregados familiares médios caíram cerca de 7%, aumentou a
desigualdade na distribuição de rendimentos (a diferença entre o percentil 5 e 95
aumentou mais de 9%), como se verifica na figura abaixo, e aqueles que já viviam mais próximos do
limiar de pobreza foram os mais afetados, ao contrário dos mais qualificados,
que puderam permanecer em teletrabalho. Como regista o The Social
Observatory, esta crise impactou a pobreza, tendo 400 mil pessoas caído
abaixo do limiar de pobreza. Os grupos profissionais que mais peso relativo
ganharam no número total de desempregados foram os trabalhadores do setor
terciário, contrastando com o setor primário.
Com
esta panóplia de acontecimentos, o governo português foi obrigado a
mobilizar-se e tornar-se mais interventivo, executando uma série de medidas que
se materializaram em ajudas às empresas e outras entidades. Colocou em prática algumas
ajudas, como a execução de um programa de ‘lay-off’, a segurança social prestou apoios extraordinários e implementou ainda um apoio extraordinário a trabalhadores
independentes e sócios-gerentes.
O
atual momento é de imensa incerteza. A pandemia deixou o território fragilizado
e é necessário reorientar o perfil de especialização da economia portuguesa
qualificando o atual e futuro mercado laboral. Tornou-se imperativo aumentar a
abrangência dos mecanismos de proteção social e combater as várias formas de
precariedade, de modo a preparar um futuro económico e social mais robusto e
equitativo, especializando o trabalho e criando redes produtivas com maior
valor.
No
dia em que escrevo, já passa mais de um ano desde a primeira infeção pelo
Coronavírus e, felizmente, já há mais de 86% da população que está inteiramente
vacinada contra o vírus, o que torna Portugal no 10º país do mundo com a maior
taxa de doses administradas por 100 habitantes, assegurando-se assim um elevado
grau de imunidade contra a doença. Por outro lado, o desemprego regista uma
trajetória descendente há já seis meses, segundo o IEFP.
Isto
aparenta ser uma lufada de tranquilidade e a situação, esperamos nós, voltará
ao seu “normal”. Apesar da crise sanitária estar aparentemente a chegar ao seu
fim, deixa grandes marcas por apagar, sendo necessário existir um grande
programa de reformas e grandes esforços para lhe fazer frente.
De
forma a melhor compreender todo o processo, recomendo vivamente visitar os
artigos abaixo indicados, a partir dos quais foram retiradas informações.
Hélder Domingues
https://oobservatoriosocial.fundacaolacaixa.pt/en/-/the-impact-of-covid-19-on-poverty-and-inequality-in-portugal-and-the-cushioning-effect-of-policies
https://www.observatorio-das-desigualdades.com/observatoriodasdesigualdades/wp-content/uploads/2020/12/UmOlharSociolo%CC%81gicoSobreaCriseCovid19emLivro.pages.pdf
https://www2.novasbe.unl.pt/Portals/0/Files/Reports/Portugal%2C%20Balanco%20Social%202020-Relatorio.pdf
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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