No passado dia 4 de outubro de 2021, sentiu-se a paralisação das redes sociais mais utilizadas no mundo durante mais de 6 horas. A partir das 16:30H, fomo-nos apercebendo que o Instagram não atualizava, o WhatsApp não funcionava e o Facebook não carregava nem permitia o envio de mensagens através do Messenger. Para muitos, isto foi o “fim do mundo”, mas para outros foi apenas uma troca de meio de comunicação, uma vez que as mensagens ou chamadas telefónicas continuavam a funcionar e redes sociais como o Twitter ou TikTok continuavam ativas.
A
empresa de Mark Zuckerberg, detentora das redes sociais que estiveram em baixo
até às 23 horas do dia 4 de outubro, revelou nessa noite que o “apagão” teve
origem em problemas internos devido a uma alteração de configuração defeituosa.
Nessa noite, através da rede social Twitter, o responsável pela área da
tecnologia do Facebook (CTO), Mike Schroepfer, pediu “sinceras desculpas”.
Este
pedido de desculpas pode ser encarado por 2 diferentes prismas: (1) tendo em
conta o impacto do “apagão” na economia mundial; e (2) tendo em conta o
impacto do mesmo na saúde mental da população.
De
acordo com a plataforma Downdetector, um total de 10,6 milhões de
pessoas foram afetadas, mas estima-se que esse número seja muito maior: 3,5 mil
milhões de pessoas.
(1) Impacto
económico
A
riqueza pessoal do fundador do Facebook caiu em mais de 6 mil milhões de
dólares. De acordo com a Bloomberg, Mark Zuckerberg desceu um degrau no ranking
dos mais ricos do mundo. As ações do gigante tecnológico caíram 4,9%,
fazendo com que o net worth do mesmo descesse para 121,6 mil milhões de
dólares, ficando abaixo do fundador da Microsoft, Bill Gates, na quinta posição
no índice Bloomberg Billionaires.
A
ONG NetBlocks,
que se dedica à cibersegurança, estima que devido à diminuição de receita das
redes sociais, a economia global poderá ter perdido 160 milhões de dólares
(cerca de 138 milhões de euros) em apenas uma hora.
Com
o Facebook, o Instagram e o WhatsApp em baixo por 6 horas, através de uma
ferramenta da NetBlocks que estima o impacto económico global de existir
uma paralisação da internet, foi possível determinar que a perda rondou os 968,537,026
dólares. O impacto na economia Portuguesa foi de 2,361,168 euros.
https://netblocks.org/cost/
(2) Impacto
da saúde mental
Este
“apagão” teve repercussões na imagem da empresa. A reputação dela já estava
fragilizada com as declarações da ex-funcionária Frances Haugen que, depois da
sua demissão, divulgou milhares de documentos internos onde acusa a empresa de
enganar os investidores e sobrepor o lucro à segurança dos seus utilizadores,
nomeadamente a saúde mental dos adolescentes. Estas revelações foram
originalmente feitas em anonimato no jornal The Wall Street Journal e
mostravam também como a empresa beneficia da proliferação do discurso de ódio,
de fake news e da desinformação,
embora tenha compromissos públicos relacionados com a erradicação deste tipo de
conteúdos.
Com
o “apagão”, muitos utilizadores, ao verem os seus conteúdos digitais favoritos
inacessíveis, migraram de redes de comunicação. Em entrevista à revista MAGG,
Paulo Rossas, um dos maiores entusiastas de Social Media em Portugal, disse: “Se
as três grandes redes caírem, para já, o TikTok vai ser maior, o LinkedIn vai
continuar a ser maior e o Twitter vai passar a ser enorme. Depois, vamos ter
muito Snapchat e outras redes que estão a crescer muito”. Acrescentou ainda que
as redes em crescimento atualmente são o Reddit e ainda o Discord, que na noite
do dia 4 terá crescido bastante. O mesmo realçou ainda que, "Se caíssem
uma semana, tendo em conta que estamos em outubro, não há verão e à noite
ficamos muito mais em casa, íamos ver muito mais registos na Netflix, na Disney
+, que já disparou, ia disparar muito mais. Íamos ter muito mais gente no
TikTok. No Twitter, toda a gente ia para lá, não para criar, mas para
consumir".
Se arriscássemos mais e, para além de uma semana, fosse para sempre. Como é que as pessoas reagiriam? Paulo Rossas refere que “As pessoas tinham de aprender a viver sem redes sociais. Muito mais Netflix, rua, estar sentado com os amigos, muito mais mensagens, ligar aos amigos".
Este
“apagão” foi algo que nos fez perceber o quão dependentes somos das redes
sociais, e que rapidamente ficamos impacientes ou irritados com a falta das
mesmas, uma vez que estas são extremamente viciantes (Nomofobia: fobia causada
pelo desconforto resultante da incapacidade de acesso à comunicação através de
dispositivos eletrónicos). A nível económico o impacto foi brutal e, por isso,
devem ser desenvolvidas alternativas pois nada nos garante que estas
plataformas não voltam a estar em baixo.
Joana
Sousa Abreu
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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