sábado, 23 de outubro de 2021

O CAMINHO ATÉ À ECONOMIA VERDE

              Devido à falta de uma resposta a entraves relacionados com a limitação quer de recursos naturais quer de fontes de energia, bem como no que respeita a problema climáticos, a gestão da produção das empresas carrega uma responsabilidade acrescida em termos da condução das atividades para a vertente da sustentabilidade não só económica mas, também, ambiental.

        É inegável a mudança drástica no comportamento das empresas relativamente ao modo de atuação perante a nova consciência ambiental e perante a preocupação pública sobre o desenvolvimento sustentável, adotando leis de proteção ambiental cada vez mais rigorosas. Consequentemente, é essencial tentar alcançar uma conjuntura económica orientada para uma economia cada vez mais verde.

          De acordo com a UNEP (United Nations Envronment Programme), uma economia verde “resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez ecológica”. Ou seja, ambos, o crescimento económico e a responsabilidade ambiental complementam-se com vista ao desenvolvimento social. Isto inclui, então, um conjunto de responsabilidades que visam a redefinição produtiva através da diminuição da incorporação de matérias-primas e a redução de resíduos criados, bem como a adoção de processos inovadores ao nível dos negócios, produção, distribuição e utilização final.

          Olhando para o caso português, a entrada de Portugal na CEE (em 1986) correspondeu seguramente a um passo decisivo no âmbito das políticas ambientais, através do acesso a um fundo de financiamento comunitário e mecanismos políticos e jurídicos associadas aos princípios da coesão económica e social. Consecutivamente, atualmente estamos a falar de uma nova ordem económica definida pela sustentabilidade como base para a competitividade, apelando, entre outros, à gestão eficiente de recursos, eficiência energética e eco-inovação, com o objetivo de garantir um decréscimo do desperdício e consumo energético.

          Adicionalmente, o caminho para uma economia cada vez mais verde possibilita a criação de novos mercados, incentivando a procura de tecnologias, bens e serviços cada vez mais ecológicos, estimulando o crescimento económico (por exemplo, através da criação de novos postos de trabalho).

          Com base nos dados disponibilizados pelo INE em outubro de 2021 relativamente aos “Impostos e taxas com relevância ambiental em 2020”, concluiu-se que estes representaram 6,8% do total das receitas, impostos e contribuições sociais – o que traduz uma ascensão de aproximadamente 4,77 mil milhões de euros, comparativamente a 7,3% em 2019.

          Os impostos com relevância ambiental incidem em bens e serviços que possibilitem potenciais efeitos negativos sobre o ambiente, pelo que é de notar que a diminuição ocorrida entre 2019 e 2020 reflete os efeitos significativos da crise pandémica, mais concretamente os relacionados com a compra e respetiva utilização de veículos automóveis. Bastante importante é igualmente o facto do peso dos impostos/taxas de relevância ambiental no total da receita fiscal (incluindo contribuições sociais) ser superior em Portugal, no ano de 2019, quando comparado à média da UE (7,3% e 5,9%, respetivamente).

          Assim sendo, dentro deste contexto, penso que Portugal deve continuar a fomentar e assegurar o desenvolvimento em prol de um crescimento verde, isto é, estimular o crescimento económico com base na garantia de que os recursos naturais continuam a fornecer os serviços ambientais que asseguram o bem-estar da sociedade.

 

Francisca Maria Soares Ferreira

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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