A
31 de janeiro de 2020, assistimos a um momento histórico na União Europeia que
foi, nomeadamente, a saída formal do Reino Unido. As consequências deste
acontecimento ainda não são claras visto que é a primeira vez que um estado-membro
abandona a união económica e política, desde a sua criação. Porém, já existem
previsões do impacto na economia, na política e na sociedade da Europa.
Este processo começou em junho de 2016, quando os britânicos votaram no sentido de sair da União Europeia, o chamado “Brexit” (fusão das palavras “saída” e “britânica”, em inglês). O resultado trouxe discórdia na sociedade e causou a queda do primeiro-ministro David Cameron, substituído por Theresa May.
O Reino Unido, ao lado da Alemanha e da França, era um dos países-membros que mais contribuía a nível financeiro. Em 2014, este forneceu 11,3 mil milhões de euros à União Europeia. Com o Brexit, essa responsabilidade recairá principalmente sobre os alemães, uma vez que a Alemanha é a maior economia nacional da União Europeia. Assim, a União Europeia fica mais dependente deste país, o que na minha opinião não é bom para a mesma uma vez que, se eles não conseguirem manter a estabilidade do euro, o bloco pode todo afundar-se.
A migração, nomeadamente o direto dos imigrantes, também foi um assunto que preocupou a União Europeia. Muita gente votou a favor do Brexit com o objetivo de reduzir o número de imigrantes no Reino Unido. O governo britânico prometeu a possibilidade de candidatura a um visto permanente para os 3,2 milhões de europeus que já vivem ou trabalham lá. A EU, pouco satisfeita com a falta de informação dada pelo governo, apelou que fossem apresentadas medidas “mais claras e ambiciosas” acerca do futuro e dos direitos dessas pessoas.
Apesar de a experiência britânica mostrar como é difícil abandonar a União Europeia, vários movimentos ultranacionalistas em outros países também querem entrar na onda. A sorte da União Europeia é que estes ainda não têm força política suficiente para conseguirem a sua saída.
No
que diz respeito ao nosso país, Portugal poderá ser um dos países mais afetados
pelo Brexit, devido à significativa exposição da economia portuguesa ao Reino
Unido, colocando, consequentemente, as empresas portuguesas numa situação de
vulnerabilidade. Segundo estudos realizados, existem setores da economia
nacional que se encontram mais expostos aos efeitos negativos do Brexit do que
outros, devendo-se tal ao facto de dependerem bastante das exportações para o
Reino Unido. Sendo assim, os grupos de produtos com risco global mais elevado
são os informáticos, eletrónicos, óticos, equipamentos eletrónicos, veículos
automóveis, reboques e semirreboques.
Porém,
também podemos olhar para o Brexit como uma oportunidade para determinados
setores da economia portugueses, que poderão conquistar mais oportunidades com
a saída do Reino Unido da UE. Segundo um estudo da CIF, o setor farmacêutico,
alimentar, químicos, e coque e produtos petrolíferos apresentam oportunidades
efetivas que possibilitam que Portugal posso vir a substituir, neste contexto,
outros países enquanto fornecedor do Reino Unido. Outros setores, como o
Mobiliário, poderão aproveitar as oportunidades resultantes da reconfiguração
do mercado interno europeu para reforçar a sua presença no Reino Unido e no
resto da União Europeia.
No
que toca às relações entre o nosso país e o Reino Unido, é de salientar que
existem desde há mais de um século tratados bilaterais de liberalização das
trocas que continuarão em vigor uma vez que já assim era no âmbito da UE.
Inclusive, o Reino Unido já afirmou que Portugal é um dos países europeus cuja
parceria é fundamental na política internacional pós-Brexit, na qual mantém
alguma proximidade à União Europeia.
Mariana Alves Correia
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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