sábado, 23 de outubro de 2021

“Este País é para Idosos” - o Envelhecimento da População

         Atualmente, temos assistido a um agravamento do envelhecimento da população portuguesa comparativamente com outros países mundialmente. As projeções não se demonstram animadoras e é consensual que a sociedade terá de agir para reverter este problema.

      De acordo com várias entidades estatísticas, como o INE e a PORDATA, nos próximos 50 anos, estima-se que Portugal irá perder população, cerca de 2 milhões, e o mais preocupante será o decréscimo de jovens, de 1,4 para 1,1 milhões, e, por sua vez, o aumento da população idosa de 2,2 para 3 milhões. Este acréscimo da população residente com 65 ou mais anos é demonstrável no cenário central da figura 4.  

Fonte: Projeções da População Residente 2018-2080, INE

           Atendendo ao índice de envelhecimento, a partir da análise do gráfico da figura 6, desde 1991, este tem progressivamente evoluído, passando de, em média, 70 idosos para 165 idosos (com mais de 65 anos) por 100 jovens, em 2020. Em 2080, estima-se um índice de envelhecimento alarmante de cerca de 300 idosos por 100 jovens. Quanto ao índice de sustentabilidade potencial, ou seja, o quociente entre o número de pessoas com idades compreendidas entre 15 e 64 anos e o número de pessoas com 65 e mais anos, prevê-se que venha a diminuir gradualmente, registando hoje-em-dia um valor aproximado de 270 pessoas em idade ativa por 100 idosos.

Fonte: Projeções da População Residente 2018-2080, INE 

 

 

 

 

 

 

 

 



Desta forma, porque motivo se observa este decréscimo na população jovem portuguesa e o aumento da população envelhecida? É acordado por vários analistas e economistas experientes nesta área que tal acontecimento se resume maioritariamente a 2 razões: a primeira relaciona-se com a diminuição da natalidade por parte das famílias, que optam por ter menos filhos e mais tardiamente; e a segunda e principal é a emigração dos jovens portugueses em busca de novas oportunidades de emprego e uma melhor estabilidade financeira.

Assim, tendo em conta todos estes dados mencionados, é importante arranjar soluções de modo que o país tenha capacidade para aguentar esta despesa do envelhecimento. Novas políticas passam pelo aumento da despesa do setor da saúde, com o desenvolvimento da medicina e tecnologia, na prevenção e no diagnóstico precoce de várias doenças. Do mesmo modo, será necessário o aumento da assistência às residências da população portuguesa com mais de 65 anos, por parte de entidades como a GNR e a Cruz Vermelha, uma vez que se tem registado um acréscimo de cerca de 40% do abandono destas. Igualmente, é importante notar, o valor das pensões de velhice, ou seja, o montante que é recebido mensalmente pela Segurança Social a quem atinge uma determinada idade e tempo de desconto, que atualmente apresenta um custo de 275,30€, podendo, eventualmente, no futuro, ser exigido mais.

Concluindo, acredito que, face a este cenário de decréscimo da população juvenil e aumento da idosa, não só registado em Portugal mas como em outras grandes potências europeias, os governos terão de agir adotando medidas que se encontrem coerentes com o panorama que se começa a observar e promover melhores condições de vida. Tais condições incluem não só as referidas anteriormente como a atribuição de melhores rendimentos e subsídios para que haja incentivo para os imigrantes estabelecerem-se em Portugal, assim como para os jovens permanecerem e contribuírem para uma melhor economia hoje, assegurando um melhor futuro para as gerações seguintes e um melhor apoio para os idosos de hoje.

 

Eduarda Nogueira Lima

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 



Sem comentários: