O
consumismo, caraterístico da conhecida como “sociedade de consumo”, é entendido
como um ato compulsivo que leva o indivíduo a comprar de forma ilimitada bens,
mercadorias e/ou serviços, sem refletir sobre a real necessidade de fazer essa
compra. Atualmente, a sociedade reconhece o consumo como um sinónimo de
felicidade e bem-estar, e até mesmo de prestígio e status, no entanto consumo e
consumismo são termos distintos. Enquanto que o primeiro está associado ao ato
de consumir, necessário a todos os seres humanos, o segundo está associado à “doença”,
neste caso uma possível perturbação mental, na medida que remete para o consumo
excessivo e alienado.
A
principal causa destes comportamentos são o marketing das empresas e as
mensagens publicitárias que tem gerado uma população consumista e alienada que
impossibilita os indivíduos de terem pensamentos e ações próprias, os quais são
diretamente influenciados pelos modelos e padrões de vida reproduzidos pelos
meios de comunicação como televisão, jornais, revistas e a internet, que é
atualmente o meio mais utilizado para publicidades e divulgação de novas marcas
e produtos, principalmente por entre os mais jovens. Isto trouxe diversos
problemas para as sociedades modernas, como o desenvolvimento de doenças
relacionadas com o consumo, o sentimento de impotência dos consumidores, a
insatisfação, isto porque o ser humano encontra a felicidade no “ter coisas” ao
invés do “ser”, criando estereótipos e preconceitos sobre a imagem. Por outro
lado, temos também a globalização, uma vez que ela faz com que diferentes
produtos sejam facilmente encontrados em todas as partes do mundo e à distância
de um click.
As
críticas sobre a sociedade de consumo direcionam-se também para a parte ambiental.
Afinal, um dos efeitos do consumismo é a ampliação da exploração dos recursos
naturais para a criação de matérias-primas com vista à fabricação de mais e
mais mercadorias. Com isso, há a devastação das florestas e o esgotamento até
mesmo dos recursos renováveis, tais como a água potável e o solo. Além disso,
os recursos não renováveis vão tendo os dias contados para a escassez completa,
tais como as reservas de petróleo e de diversos minérios utilizados para a
fabricação dos mais diferentes produtos utilizados pela sociedade.
Um
dos aspetos mais criticados no que se refere à sociedade de consumo é a
obsolescência programada, que consiste na produção de mercadorias previamente
elaboradas para serem rapidamente descartadas, fazendo com que o consumidor compre
um novo produto em breve. Assim, aumenta-se o consumo, mas também se aumenta a
procura de recursos naturais e maximiza-se a produção de lixo, dando-se cada
vez mais enfase à problemática ambiental associada a esse processo.
Por
fim, temos o outro lado da moeda, o lado da Economia, que tem bastante a ganhar
com todo este consumo. Para a Economia, consumismo significa expansão do
sistema capitalista e crescimento da produção industrial. No entanto, não só de
consumo se faz a Economia de um país. Tudo isto é um longo processo de
transformação de matérias-primas e de criação de valor – que são conduzidos por
investimentos e poupanças.
Antes
de ser consumidor, um indivíduo deve ser produtor. Afinal, de onde vem o
dinheiro utilizado para comprar? O dinheiro nada mais é do que um recibo: um
papel que recebemos em troca do trabalho realizado. E é apenas assim, após
receber esse pagamento, que um trabalhador pode consumir. As nossas procuras
como consumidores só são possíveis pela nossa oferta de trabalho/produção a
outras pessoas.
Fazendo
agora um último apelo: sejamos consumidores conscientes! Há valores que devem
falar mais alto e não devemos medir o sucesso e o valor de uma pessoa pela
quantidade de sacos com que sai de um shopping
ou pelas marcas que usa. O valor das pessoas está naquilo que se é e não
naquilo que se tem.
Márcia Alves
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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