A emigração ganhou
particular destaque na economia portuguesa após a Segunda Guerra Mundial,
motivada essencialmente pela procura de melhores condições de vida, de trabalho
e de oportunidades, no geral. Atualmente, pelas mesmas razões, os jovens
procuram fora do nosso Portugal uma alternativa, muitas vezes conseguida, no
sentido de alcançarem a estabilidade financeira que cá não encontram.
É evidente que a crise
pandémica que ainda atravessamos veio comprometer as finanças de várias
famílias, principalmente os jovens que já anteriormente apresentavam vários
entraves, seja para encontrar emprego seja para arranjar casa e suportarem
sozinhos as próprias despesas. Aliás, em 2020, a idade média que um jovem
português deixava a casa dos seus pais fixou-se nos 30 anos, situando-se
Portugal em quinto lugar face aos restantes Estados Membros, enquanto em 2019 ficava-se
pela sétima posição.
Que futuro temos nós
jovens aqui no nosso Portugal? Pouco ou nenhum, afirmo isto como uma jovem quase
licenciada que receia que o futuro não se concretize no país de origem.
De facto, essa vontade e
quase necessidade de emigrar deve-se não só à evidente falta de investimento do
Estado nos jovens, o que os faz sentiram-se desvalorizados, às altas rendas
verificadas no nosso país, aliadas aos excessivos preços dos combustíveis, mas
também, e ainda mais determinante, na minha maneira de ver, à falta de
oportunidades que as empresas privadas põem ao dispor de um jovem sem
experiência, e à quase incansável “lista” de conhecimento que nos é exigido pelas
entidades privadas mas, principalmente, pelas públicas.
É óbvio que o nosso país
deve apoiar os jovens, isto porque somos os que contribuem e possivelmente
contribuiremos para a sustentabilidade da Segurança Social, que se apresenta
cada vez mais vulnerável dado os crescentes custos inerentes a uma população
cada vez mais envelhecida e incapaz de assegurar a renovação geracional. Importa
ainda referir que nos dias de hoje a juventude está muito mais apetrechada de
ideias inovadoras potenciadoras de grandes projetos, sendo dessa forma uma
mais-valia em qualquer país.
Desse modo, faz-se
urgente o incentivo através de apoios financeiros aos jovens e um bom exemplo
disso é a Espanha, que decidiu atribuir uma quantia de 250 euros por mês aos
jovens que saiam da casa dos pais e assegurar o pagamento de 40% do valor do arrendamento.
No entanto, as medidas podem ser diversas, podem passar pela redução do preço das
rendas e consequente estímulo financeiro fornecido aos senhorios, por descontos
concedidos em postos de abastecimento de combustíveis e pela isenção do IMI
durante uns anos na compra de uma propriedade.
É igualmente necessário que
as empresas tenham noção que ninguém nasce ensinado e para aprender é preciso
uma oportunidade, ainda que isso seja difícil de se concretizar no dia-a-dia, pois
são apenas palavras. O Estado poderia intervir no sentido de aumentar a
recompensa concedida às instituições na contratação de jovens em situação de
primeiro emprego ou com formação superior, ou, através de uma mudança
estrutural do ensino público, incluir uma componente letiva mais prática e não
apenas teórica, de modo a desenvolver as capacidades requeridas pelas empresas.
Além disso, as instituições devem também apostar na formação contínua dos seus
trabalhadores.
Concluindo: é muito fácil
encontrar várias razões que motivam a emigração jovem em Portugal e é muito
importante que algo seja feito no sentido de inverter esta realidade, pois,
como vimos, esta pode afetar o desempenho económico de qualquer país.
Adriana
Carmo
[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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