No dia 18 de outubro de 2021, o preço dos combustíveis portugueses (gasolina 98 e gasóleo simples) voltou a subir e atingiu recordes. É a 36º vez que se verificam subidas de preço neste setor, desde o início do ano. Relativamente ao mês de dezembro de 2020, a gasolina 98 já aumentou 31 cêntimos e o gasóleo simples aumentou 26 cêntimos.
A subida de preços dos combustíveis
deve-se, principalmente, ao aumento do preço do petróleo a nível mundial. A
crise sanitária originada pelo vírus da Covid-19 também teve um grande impacte
nesta subida, pois durante os confinamentos gerais a produção de petróleo caiu.
Além disto, os consumidores de combustíveis como o gasóleo e a gasolina estão
sujeitos a uma grande carga fiscal. Cerca de 58 % do preço ao litro são
impostos que revertem a favor do Governo e cerca de 5% representam taxas pela
utilização de combustíveis poluentes, ao invés de biocombustíveis (que são mais
ecológicos). Posto isto, mais de 50% do preço ao litro dos combustíveis representa
carga fiscal. Será que estes valores são justos para os consumidores?
Neste momento, os preços do gasóleo e
da gasolina apresentam os valores mais altos dos últimos 3 anos.
Consequentemente, as famílias portuguesas estão a ter gastos superiores neste
setor, face a outros anos. Com base nestes dados, o Governo deveria tomar uma
posição e adequar a carga fiscal dos combustíveis de origem fóssil, pois o
esforço que os consumidores têm de fazer para suportar o aumento dos preços é
bastante elevado. Por outro lado, esta também é uma forma de incentivar os
automobilistas a utilizar biocombustíveis e a reduzir a emissão de gases
poluentes para atmosfera. Porém, é necessário que a transição de preços seja
efetuada de forma gradual, contrariamente ao que estamos a viver, com o constante
aumento do preço dos combustíveis.
Para
além do aumento dos combustíveis prejudicar diretamente os consumidores, também
acaba por os atingir indiretamente. Por exemplo, os preços dos alimentos
aumentam e o poder de compra dos portugueses diminui, pois acabam por gastar
mais do seu rendimento nos combustíveis do que noutros bens ou serviços.
Outro dos aspetos que revolta os
cidadãos portugueses, face a este aumento de preços, é o facto dos preços em
Espanha serem mais baixos. Esta diferença ocorre porque a carga fiscal sobre os
combustíveis em Portugal é maior do que em Espanha. Aliás, Portugal é dos
países Europeus que mais se paga impostos sobre o gasóleo e a gasolina.
Esta semana, a gasolina 98 ultrapassou
os 2€ em alguns postos de abastecimento do país, sendo este aumento considerado
um recorde no seu preço. Este valor é preocupante face aos preços considerados
“habituais”. É inequivocamente
necessário que sejam tomadas medidas, por parte do Governo, para que estas
subidas de preço deixem de ser uma constante. Não é prudente fragilizar ainda
mais a economia, que já sofreu bastante com a Crise Pandémica.
Angélica Passos Fernandes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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