sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Crise económica

Portugal e o resto do mundo tem vivido dias negros, a recessão já não é uma “miragem” é uma realidade para alguns países.
A perspectiva do Banco de Portugal é de que haja um crescimento de apenas 0.5%, o que significa um recuo do PIB de 0.5% face ao terceiro trimestre. Este resultado explica-se pela queda do investimento devido a juros e Spreads altos, muita desconfiança, o que leva irremediavelmente a um adiamento de decisões de investimento, as exportações diminuíram, o défice externo voltou a subir porque houve um menor dinamismo das exportações e o aumento do preço das matérias-primas, embora a descida dos preços na segunda metade do ano tenha ajudado a conter o agravamento, o desemprego começa a subir devido ao abrandamento económico e o pessimismo dos empresários face à evolução futura da economia nacional.
Com tão más notícias deparo-me com uma classe política ainda mais enfadonha que estas notícias, os partidos da oposição estão preocupados com o erro de previsão do governo e não em encontrar medidas estratégicas para conseguir ultrapassar este declínio no crescimento. Dizia Honório Novo, deputado do PCP, “gostariam de ver o Primeiro-ministro reconhecer que as suas previsões económicas estão falidas”, não me parece que a oposição se deva preocupar com erros de previsões porque constatar que a economia cresceu mais ou menos 0.3% é absolutamente caricato e irrelevante, o que a meu ver é da competência de todos os partidos políticos é encontrar soluções para o desemprego, como potenciar o investimento e acima de tudo devolver a confiança às pessoas.
Embora as origens da crise económica sejam externas ao governo, o mesmo não se pode escapar e desculpar por tão medíocre desempenho da economia, pois muito antes da “tempestade económica” já o crescimento económico era muito fraco quando comparado com os restantes países da EU. Ficou claro que um governo não pode ter êxito quando só apresenta como resultado a diminuição do défice.
Os efeitos da crise já se fazem sentir, grandes empresas por todo mundo estão ameaçadas, como é o caso da General Motors, Ford, Chrysler, Opel, entre outros. O papel dos estados vai ser complexo e de difícil avaliação porque por traz destas grandes empresas estão pessoas, famílias. Os limites da intervenção do estado na vida económica devem ser alargados. Se estivéssemos perante casos isolados de empresas com problemas, os estados poderiam deixá-las falir como aliás manda a lei de mercado que “deita fora o que não presta” mas estamos perante um fenómeno anormal cujas consequências não permitem tal actuação. Como diz Helena Garrido “são apoios de excepção. Depois, logo que possível, é preciso regressar à liberdade económica, o que não significa libertinagem”.
Difícil será também a vida dos recém-licenciados, que depois de anos de estudo vão tentar entrar no mercado de trabalho com a economia em recessão e com um desfecho imprevisível. No entanto a crise não deve e não pode ser encarada como o fim, em tempos de crise também existem oportunidades e quem conseguir aproveitar as oportunidades ou resistir a esta crise vai sair fortalecido.


Joaquim Pinto
joaquim.pintos@hotmail.com
(artigo de opinião)

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