Poucas semanas depois de várias entidades terem afirmado que não existiam indícios de problemas na banca nacional, o Governo vê-se obrigado a nacionalizar o BPN, justificando a intervenção com a situação "excepcional", "delicada" e "anómala" vivida por aquela instituição bancária, cujas perdas acumuladas rondam os 700 milhões de euros. Segundo o ministro das Finanças, estas perdas deixam a instituição "numa situação muito perto da iminente ruptura de pagamentos", lembrando ainda que a instituição "não tem vindo a cumprir os rácios mínimos de solvabilidade" impostos pelo Banco de Portugal e não existem perspectivas de que encontre, a curto prazo, "novas fontes de liquidez". Dá-se assim aquela que é a primeira nacionalização em Portugal desde 1975. Em resultado desta nacionalização, várias críticas têm feitas á actuação do Banco de Portugal. O líder do CDS-PP veio hoje em conferência de imprensa exigir a demissão do Governador do Banco de Portugal “a bem do país e da confiança no sistema“ já que considera que depois dos casos BCP e BPN foi perdida a confiança no trabalho de Vítor Constâncio. A verdade é que nestes dois casos a actuação do Banco de Portugal não foi atempada, deixando a ideia de que está a falhar na vigilância e regulação do sector bancário. Essa situação é grave já que a função de regulação o Banco de Portugal detém na totalidade. Mas mais revoltante é a inexistência de culpados. Camilo Lourenço, num artigo de opinião publicado no Jornal de Negócios, refere que poucos Portugueses sabem quantos bancos já faliram ou foram salvos por outros bancos, afirmando que os que sabem é porque sofreram as consequências, com a perda das poupanças de uma vida (citando o caso da Caixa Económica Faialense). No entanto, em todos os casos, ninguém foi preso. A situação a que o BPN chegou tem responsáveis, e os dados que têm vindo a público mostram várias ilicitudes cometidas pelo Banco, que, a serem imputadas a alguém, dão direito a cadeia. É importante que já que os contribuintes vão ter de suportar mais este fardo, ao menos vejam os responsáveis punidos. Mas não será fácil, porque como refere Camilo Lourenço “dadas as ligações (políticas e outras) e o poder de algumas dessas figuras, os próximos tempos vão ser de intenso "lobbying"”. Vamos ver se desta vez a justiça supera os "lobbying`s"…
Cristiano Lopes
cristiano.v.lopes@gmail.com
Cristiano Lopes
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(artigo de opinião)
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