quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A ética do capitalismo

Muito se tem falado sobe a crise financeira que tem abalado o mundo em geral e os Estados Unidos em particular
A crise Financeira tal como a conhecemos era previsível, na sua origem está um falhanço de regulação, basicamente os bancos foram emprestando com risco excessivo e as entidades reguladoras foram permitindo.
Nos Estados Unidos e na Europa os bancos centrais são uma parte importante do sistema de supervisão e teriam por obrigação controlar esta engenharia financeira, contudo, não conseguiram travar a evolução galopante da sociedade de consumo. O capitalismo apoderou-se de todos os sectores de actividade tornando-os efectivamente mais competitivos mas dificultando a acção preventiva das entidades reguladoras.
A liberalização excessiva do sector permitiu à banca impulsionar o negócio do crédito hipotecário possibilitando que as leis do mercado dominassem e as entidades reguladoras perdessem força, porém é redutor culpar apenas o sistema. A crise financeira tem também uma origem sociológica, onde todos os intervenientes são responsáveis.
Á medida que os bancos foram vendendo a ilusão o crédito fácil e barato a classe media e as empresas foram-se endividando. Actualmente a classe média está penhorada em mais de 100% do seu rendimento disponível e com isto corre o risco de desaparecer, enquanto o tecido empresarial está fragilizado com a falta de liquidez se não conseguir refinanciar as suas dívidas.
Perante este cenário desolador qual deverá ser a posição da sociedade civil?
Como nos devemos comportar?
Entregar o mercado a mão invisível e protectora do estado ou deixar que as regras do Capitalismo empurrem o mercado novamente para o equilíbrio?
O terramoto financeiro que vivemos, deitou por terra as previsões de crescimento de uma boa parte do mundo, mas sabemos que historicamente quando existe Capitalismo há lugar a crises financeiras.
É necessário recuperar a confiança perdida nas instituições e para isso é vital a intervenção da mão invisível.
É aqui que os estados tem um papel preponderante, não só através do efeito tranquilizador como também através do efeito preventivo, criando legislação e entidades reguladores que protejam a sociedade no geral e os cidadãos em particular.
Poderá portanto surgir um diferente panorama no capitalismo, em que a pretendida “reconfiança” nas instituições deverá estimulada por uma regulação estatal.

Vera Costa
verafilipa@gmail.com
(artigo de opinião)

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