quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A Autoeuropa na Economia Portuguesa

A Autoeuropa é uma empresa do grupo Volkswagen que foi fundada em 1991 em Palmela, no distrito de Setúbal. Nessa altura, a empresa foi criada como uma parceria entre a Ford e a Volkswagen. Em 1999, a Volkswagen adquiriu a parte pertencente à Ford, ficando com todo o capital social da mesma. Esta empresa representa um dos maiores investimentos estrangeiros feitos em Portugal, sendo que o investimento inicial total rondou os 1970 milhões de euros.
Foi no passado ano 2016 que a empresa Autoeuropa celebrou os seus 25 anos de existência. Nessa altura, a fabrica localizada na região de Palmela contava com cerca de 3600 trabalhadores e esperava-se que este número crescesse. No entanto, esta não é uma empresa isolada. Aquando da sua formação, novas empresas foram constituídas com o intuito de fornecer materiais a este grande empreendimento do ramo automóvel. Isto fez com que fosse possível a criação de novos postos de trabalho.
Atualmente, existe em Palmela o parque industrial onde 19 destas empresas que fornecem a Autoeuropa se localizam. No entanto, há ainda 28 parceiros que se localizam nas restantes regiões de Portugal. A nível Europeu, esta conta com 646 fornecedores. Em 2011, mais de metade dos forneceres de peças da Autoeuropa eram portugueses. Nesse ano, foram feitas encomendas por esta mesma empresa no valor de 1,6 mil milhões de euros, sendo que, 60%, isto é, 945 milhões de euros, foram encomendas nacionais. Os restantes materiais vêm essencialmente da Alemanha.
Foi a Autoeuropa que deu o impulso para a criação destas empresas, tal como referido anteriormente, no entanto, atualmente, estas já não são fornecedores exclusivos da mesma, mas sim empresas altamente competitivas no mercado automóvel. Analisando isto, pode afirmar-se que a Autoeuropa teve um papel fundamental no setor automóvel em Portugal.
         A Autoeuropa não foi apenas importante para as empresas que se criaram com o objetivo de a fornecer. A Autoeuropa foi também muito importante para o desenvolvimento da zona de Setúbal. Aquando do crescimento desta empresa, houve também o crescimento local. Foram criados estabelecimentos, como restaurantes, retalhos, tudo devido à Autoeuropa. Os trabalhadores, camionistas…, são aqueles que mais frequentam os estabelecimentos locais, o que permite que estes consigam sobreviver. Caso esta empresa não se tivesse desenvolvido, a probabilidade de estes resistirem no mercado era muito mais reduzida.
         Numa perspetiva da economia nacional, a Autoeuropa representa aproximadamente 1% do PIB português e 4% das exportações nacionais, sendo que setor automóvel, como um todo, representa cerca de 11% das mesmas.
         A Volkswagen quer aumentar a produção da zona de Setúbal. Esta produz cerca de 90 mil automóveis, mas, com a produção do novo automóvel T-Roc, passaria a produzir cerca 200 mil. Isto é bom para Portugal porque, entre outras coisas, significa um aumento das exportações, um aumento da produção de outras empresas e, consequentemente, um aumento do PIB.
         Para haver o aumento da produção, a Autoeuropa quer alterar o horário dos trabalhadores, passando estes a trabalhar também ao sábado. Isto tem gerado um conflito entre a Comissão de Trabalhadores e a Administração da empresa. A questão que se coloca é: e se não se chegar a nenhum acordo? E se não se produzir o novo automóvel? E se a Volkswagen decidir reduzir a produção em Portugal e passar a produzir mais na Alemanha?
         Neste caso, isto teria um impacto negativo a nível de toda a economia Portuguesa, que é uma economia debilitada e que necessita fortemente do investimento direto estrangeiro. Para aqueles que tal como eu têm uma visão otimista, pode acreditar-se que se chegará a um acordo, dado que todos beneficiarão com o mesmo. A Volkswagen continua a produzir no local com custos mais reduzidos e os muitos trabalhadores continuam com os seus postos de trabalho garantidos. Além disto, também nós acabaremos por beneficiar, dado que, como referido ao longo do presente trabalho, isto será bom para a economia do país.
Marisa Isabel Martins Cabral

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]  

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