A Autoeuropa é uma empresa do grupo Volkswagen que foi fundada em 1991
em Palmela, no distrito de Setúbal. Nessa altura, a empresa foi criada como uma
parceria entre a Ford e a Volkswagen. Em 1999, a Volkswagen adquiriu a parte
pertencente à Ford, ficando com todo o capital social da mesma. Esta empresa
representa um dos maiores investimentos estrangeiros feitos em Portugal, sendo
que o investimento inicial total rondou os 1970 milhões de euros.
Foi no passado ano 2016 que a empresa Autoeuropa celebrou os seus 25
anos de existência. Nessa altura, a fabrica localizada na região de Palmela
contava com cerca de 3600 trabalhadores e esperava-se que este número
crescesse. No entanto, esta não é uma empresa isolada. Aquando da sua formação,
novas empresas foram constituídas com o intuito de fornecer materiais a este grande
empreendimento do ramo automóvel. Isto fez com que fosse possível a criação de
novos postos de trabalho.
Atualmente, existe em Palmela o parque industrial onde 19 destas
empresas que fornecem a Autoeuropa se localizam. No entanto, há ainda 28
parceiros que se localizam nas restantes regiões de Portugal. A nível Europeu,
esta conta com 646 fornecedores. Em 2011, mais de metade dos forneceres de
peças da Autoeuropa eram portugueses. Nesse ano, foram feitas encomendas por
esta mesma empresa no valor de 1,6 mil milhões de euros, sendo que, 60%, isto
é, 945 milhões de euros, foram encomendas nacionais. Os restantes materiais vêm
essencialmente da Alemanha.
Foi a Autoeuropa que deu o impulso para a criação destas empresas, tal
como referido anteriormente, no entanto, atualmente, estas já não são
fornecedores exclusivos da mesma, mas sim empresas altamente competitivas no
mercado automóvel. Analisando isto, pode afirmar-se que a Autoeuropa teve um
papel fundamental no setor automóvel em Portugal.
A Autoeuropa não foi apenas importante
para as empresas que se criaram com o objetivo de a fornecer. A Autoeuropa foi
também muito importante para o desenvolvimento da zona de Setúbal. Aquando do
crescimento desta empresa, houve também o crescimento local. Foram criados
estabelecimentos, como restaurantes, retalhos, tudo devido à Autoeuropa. Os
trabalhadores, camionistas…, são aqueles que mais frequentam os
estabelecimentos locais, o que permite que estes consigam sobreviver. Caso esta
empresa não se tivesse desenvolvido, a probabilidade de estes resistirem no
mercado era muito mais reduzida.
Numa perspetiva da economia nacional, a
Autoeuropa representa aproximadamente 1% do PIB português e 4% das exportações
nacionais, sendo que setor automóvel, como um todo, representa cerca de 11% das
mesmas.
A Volkswagen quer aumentar a produção
da zona de Setúbal. Esta produz cerca de 90 mil automóveis, mas, com a produção
do novo automóvel T-Roc, passaria a produzir cerca 200 mil. Isto é bom para
Portugal porque, entre outras coisas, significa um aumento das exportações, um
aumento da produção de outras empresas e, consequentemente, um aumento do PIB.
Para haver o aumento da produção, a
Autoeuropa quer alterar o horário dos trabalhadores, passando estes a trabalhar
também ao sábado. Isto tem gerado um conflito entre a Comissão de Trabalhadores
e a Administração da empresa. A questão que se coloca é: e se não se chegar a
nenhum acordo? E se não se produzir o novo automóvel? E se a Volkswagen decidir
reduzir a produção em Portugal e passar a produzir mais na Alemanha?
Neste
caso, isto teria um impacto negativo a nível de toda a economia Portuguesa, que
é uma economia debilitada e que necessita fortemente do investimento direto
estrangeiro. Para aqueles que tal como eu têm uma visão otimista, pode
acreditar-se que se chegará a um acordo, dado que todos beneficiarão com o
mesmo. A Volkswagen continua a produzir no local com custos mais reduzidos e os
muitos trabalhadores continuam com os seus postos de trabalho garantidos. Além
disto, também nós acabaremos por beneficiar, dado que, como referido ao longo
do presente trabalho, isto será bom para a economia do país.
Marisa
Isabel Martins Cabral
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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