No último relatório do
observatório da emigração, elaborado em 2015, concluiu-se que a emigração estagnou,
o que não significa que esta tenha diminuído, mas sim que o número de saídas estabilizou
em 110 mil habitantes por ano. Neste mesmo relatório, podemos concluir que
Portugal tem 2,3 milhões de portugueses a viver fora do país, representando 22%
da população portuguesa.
Estes dados fazem com
que Portugal seja o segundo país Europeu com mais emigrantes, ficando apenas
atrás de Malta, onde 24,7% da população está emigrada. Em termos comparativos,
só recuando à década de 60 e 70 é que Portugal sofreu uma vaga de emigração
semelhante.
Segundo
este relatório, facilmente podemos concluir que a maior percentagem de
emigrantes portugueses corresponde à faixa etária mais jovem, sendo este fenómeno
migratório denominado por “fuga de cérebros”. Porquê “Fuga de cérebros”?
Enquanto na década de 60 e 70 a maioria dos emigrantes eram pessoas com baixas
habilitações literárias, hoje em dia os que mais emigram são os jovens com
habilitações superiores. Em 2014, um relatório sobre a emigração, divulgado
pelo Secretário de Estado de então, concluiu que num período de 10 anos (entre
2001 e 2011) houve um aumento de mais de 87% no número de portugueses com
diploma académico a emigrar. Na minha opinião, esta tendência, infelizmente,
parece manter-se pois, diariamente, somos “bombardeados” com notícias neste
sentido.
Basta prestar atenção
aos meios de comunicação social portugueses para facilmente se encontrarem
artigos, documentários e relatórios/estudos que, de facto, suportam esta teoria,
como é o caso de um artigo chamado “A maioria dos Jovens Portugueses está
disposta a Emigrar”, publicado pelo Jornal Expresso, a setembro de 2016. Neste
artigo, podemos observar os dados obtidos através de um inquérito elaborado e
proposto pela rede Universia em conjunto com a comunidade de emprego Trabalhando.com, que tinha como objetivo
perceber quais as preferências, motivações e escolhas dos jovens relativamente
ao mercado de trabalho.
Concluiu-se que quase
80% dos jovens inquiridos se mostram dispostos a deixar Portugal para irem à
procura de melhores oportunidades de trabalho e, consequentemente, alcançarem uma
melhor qualidade de vida. De acordo com este artigo, “O tipo de contrato, a
localização do emprego ou a flexibilidade de horários são fatores que pouco ou
nada pesam na escolha dos jovens portugueses na hora de procurarem um emprego”.
Mais do que um salário, os jovens emigrantes procuram um caminho de
desenvolvimento e inovação que Portugal não lhes permite devido ao facto dos
postos de emprego disponíveis em Portugal não serem suficientes nem capazes de
suportar as expectativas de tantos jovens com
formação superior.
Este fenómeno
migratório jovem acarreta consequências muito preocupantes para o país, uma vez
que leva a dois fatores muito relevantes em que devemos atentar: a redução da
taxa de natalidade; e o aumento do índice de envelhecimento, no qual Portugal
já é, desde 2015, o 5º país com maior rácio. É necessária uma solução. Qual?
O “Empreender 2020 –
Regresso de uma Geração preparada” é um projecto que é uma solução e uma
esperança para o desenvolvimento tanto económico como populacional do nosso
país. Em junho de 2017, o Governo Português juntou-se a
este projecto promovido pela fundação AEP. Para que o projeto tenha sucesso, foram
criadas várias diretrizes de modo a que o regresso dos nossos cidadãos fosse
feito de forma sustentada.
Numa fase inicial,
procede-se ao levantamento dos ativos humanos e das correspondentes
competências. Posteriormente, faz-se uma avaliação de potencial de maneira a
perspetivar o impacto e desenvolvimento económico do país. Terminadas as
avaliações, começam a esboçar-se e identificar-se as condições favoráveis a um
retorno sustentável. Findo esse processo, é necessário englobar estes “novos”
empreendedores na rede empresarial e, no meu entender, esperar o maior sucesso.
Para
concluir, a necessidade levou a nossa população jovem a emigrar. Espero
vivamente que tanto a nossa necessidade como a nossa vontade de tornar o nosso
país mais próspero a traga de volta.
[artigo de opinião produzido no âmbito
da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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