sábado, 30 de setembro de 2017

Emigração: causas, consequências e a possível solução

No último relatório do observatório da emigração, elaborado em 2015, concluiu-se que a emigração estagnou, o que não significa que esta tenha diminuído, mas sim que o número de saídas estabilizou em 110 mil habitantes por ano. Neste mesmo relatório, podemos concluir que Portugal tem 2,3 milhões de portugueses a viver fora do país, representando 22% da população portuguesa.
Estes dados fazem com que Portugal seja o segundo país Europeu com mais emigrantes, ficando apenas atrás de Malta, onde 24,7% da população está emigrada. Em termos comparativos, só recuando à década de 60 e 70 é que Portugal sofreu uma vaga de emigração semelhante.
Segundo este relatório, facilmente podemos concluir que a maior percentagem de emigrantes portugueses corresponde à faixa etária mais jovem, sendo este fenómeno migratório denominado por “fuga de cérebros”. Porquê “Fuga de cérebros”? Enquanto na década de 60 e 70 a maioria dos emigrantes eram pessoas com baixas habilitações literárias, hoje em dia os que mais emigram são os jovens com habilitações superiores. Em 2014, um relatório sobre a emigração, divulgado pelo Secretário de Estado de então, concluiu que num período de 10 anos (entre 2001 e 2011) houve um aumento de mais de 87% no número de portugueses com diploma académico a emigrar. Na minha opinião, esta tendência, infelizmente, parece manter-se pois, diariamente, somos “bombardeados” com notícias neste sentido.
Basta prestar atenção aos meios de comunicação social portugueses para facilmente se encontrarem artigos, documentários e relatórios/estudos que, de facto, suportam esta teoria, como é o caso de um artigo chamado “A maioria dos Jovens Portugueses está disposta a Emigrar”, publicado pelo Jornal Expresso, a setembro de 2016. Neste artigo, podemos observar os dados obtidos através de um inquérito elaborado e proposto pela rede Universia em conjunto com a comunidade de emprego Trabalhando.com, que tinha como objetivo perceber quais as preferências, motivações e escolhas dos jovens relativamente ao mercado de trabalho.
Concluiu-se que quase 80% dos jovens inquiridos se mostram dispostos a deixar Portugal para irem à procura de melhores oportunidades de trabalho e, consequentemente, alcançarem uma melhor qualidade de vida. De acordo com este artigo, “O tipo de contrato, a localização do emprego ou a flexibilidade de horários são fatores que pouco ou nada pesam na escolha dos jovens portugueses na hora de procurarem um emprego”. Mais do que um salário, os jovens emigrantes procuram um caminho de desenvolvimento e inovação que Portugal não lhes permite devido ao facto dos postos de emprego disponíveis em Portugal não serem suficientes nem capazes de suportar as expectativas de tantos jovens com formação superior.
Este fenómeno migratório jovem acarreta consequências muito preocupantes para o país, uma vez que leva a dois fatores muito relevantes em que devemos atentar: a redução da taxa de natalidade; e o aumento do índice de envelhecimento, no qual Portugal já é, desde 2015, o 5º país com maior rácio. É necessária uma solução. Qual?
O “Empreender 2020 – Regresso de uma Geração preparada” é um projecto que é uma solução e uma esperança para o desenvolvimento tanto económico como populacional do nosso país. Em junho de 2017, o Governo Português juntou-se a este projecto promovido pela fundação AEP. Para que o projeto tenha sucesso, foram criadas várias diretrizes de modo a que o regresso dos nossos cidadãos fosse feito de forma sustentada.
Numa fase inicial, procede-se ao levantamento dos ativos humanos e das correspondentes competências. Posteriormente, faz-se uma avaliação de potencial de maneira a perspetivar o impacto e desenvolvimento económico do país. Terminadas as avaliações, começam a esboçar-se e identificar-se as condições favoráveis a um retorno sustentável. Findo esse processo, é necessário englobar estes “novos” empreendedores na rede empresarial e, no meu entender, esperar o maior sucesso.
Para concluir, a necessidade levou a nossa população jovem a emigrar. Espero vivamente que tanto a nossa necessidade como a nossa vontade de tornar o nosso país mais próspero a traga de volta.

Maria Leonor Mesquita de Sousa

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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