O
alojamento local é entendido como um arrendamento de curta duração ou para
turistas. Tema este que merece o meu destaque uma vez que, tem apresentado, com
o passar dos anos, valores consideráveis, não só a nível do número de
arrendamentos mas também do seu contributo para a economia do país.
Embora
a atividade estivesse regulada desde 2008, foi só em 2014 que passou a ter um
regime legal próprio. É maioritariamente nos subúrbios de Lisboa que nos
deparamos com a maior mudança.
Segundo
a AHRESP (Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal) o peso
do alojamento local foi de 18,3% em 2016, correspondendo a 1% do PIB da região.
Várias são as pessoas que deixam as suas casas,
onde cresceram e viveram a maior parte das suas vidas, para serem requalificadas
e posteriormente arrendadas aos turistas. Na maioria dos casos, a população é obrigada
pelos seus senhorios ou mesmo pela camara municipal, no caso de ser esta a proprietária,
a deixar as suas habitações permanentes.
No
meu ponto de vista, apenas existe um fim último, o lucro. O alojamento local enquadra-se
no exercício da atividade de prestação de serviços de alojamento e não na atividade
de arrendamentos residenciais, sendo que apenas 15% dos rendimentos obtidos
nesta atividade é que são tributados (regime simplificado).
Perante
tal facto, é de realçar que esta legislação é completamente desfavorável para
os senhorios optarem pelos arrendamentos residenciais face aos locais, uma vez
que a tributação é muito menos apelativa, cerca de 28%.
Uma
das propostas do Orçamento de Estado para 2017 consiste em aumentar a
tributação de 15% para 35% dos rendimentos auferidos ao longo do ano, com o
objetivo de reduzir as diferenças nas duas formas de arrendamento.
Em
termos económicos, e principalmente para podermos ver o real peso desta temática
nas finanças do nosso país, pode-se ler no jornal
económico do dia 19/09 uma notícia referindo que “O impacto direto do
alojamento local e outras prestações de serviços, na região metropolitana de
Lisboa, ultrapassa os 285 milhões em 2016 (…)”. Refere ainda que o impacto
económico total do alojamento local na economia, ou seja, não só a renda mas
também os gastos dos turistas, por exemplo, fixou se em 1664,7 milhões de
euros.
Para
tudo isto ser possível foi necessário a criação de 5.706 postos de trabalho diretos
e 13.439 postos indiretos. Estima-se ainda que, o impacto económico o alojamento
local e 2020 será 3.755,4 milhões de euros.
Assim
sendo, apesar do alojamento local gerar benefícios para a economia do país, estamos
a colocar em causa o bem-estar da população que é forçada sair das suas casas
permanentes, do seu conforto de anos, para locais periféricos, com comodidade,
por vezes, inferior. Há ainda uma questão importante: a perda da alma e essência
dos bairros típicos de Lisboa. É muito comum ouvirmos falar do bairro da alfama
ou do bairro alto, principalmente na altura dos santos populares. É sem dúvida
passagem obrigatória quando visitamos Lisboa, não só pela paisagem urbanística
mas também pelas caraterísticas de todos aqueles moradores. Se esta situação
continuar a tomar proporções cada vez maiores, a perda para Portugal será
grande.
Deverá
ser, na minha opinião, uma ação muito bem delineada para não ter repercussões
negativas para os cidadãos português apenas em prol do turismo e do lucro.
Cláudia Pereira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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