sábado, 30 de setembro de 2017

Bola de neve malparada

Desde há muitos anos que a situação do crédito malparado tem sido um dos principais problemas dos bancos portugueses, alastrando-se de uma forma de outra a nível internacional.
O crédito malparado representa nada mais nada menos que o montante que fica em dívida das famílias portuguesas resultante dos seus encargos financeiros, como a prestação da casa e a prestação do carro, por exemplo. Contudo, não são só as famílias que sofrem deste problema. Também as empresas cada vez mais se deparam com problemas de sobre-endividamento. A crise e o desemprego contribuíram certamente para o aumento do crédito malparado, devido à acumulação de dívidas, fazendo com que fosse cada vez mais difícil conseguir acarretar com todos os encargos financeiros.
A verdade é que o crédito malparado representa “quase a totalidade dos capitais próprios dos bancos” (Lloyds Bank), daí que precisemos de resolver urgentemente o problema do crédito malparado de forma a “libertar capital e financiar a economia” e aumentar a capacidade dos bancos emprestarem dinheiro à economia. Só em maio deste ano constatou-se um valor de 18,3 mil milhões de euros em crédito malparado de empresas e particulares. Este valor corresponde a 8,8% dos financiamentos existentes. 
Para além disso, verificou-se um aumento de crédito malparado em consumo, que se traduz em aumento de crédito pessoal e automóvel. A subida de maior impacto foi a do crédito automóvel, com um crescimento de 31,9%, onde foram pedidos 252 milhões de euros. Seguido do crédito pessoal, com 3,7% de crescimento, em que foram pedidos 232 milhões de euros (Dados homólogos a maio de 2016).
Face a toda esta vertente do crédito malparado, é indispensável encontrar um “caminho” para ir acabando com ele e salvar o balanço dos bancos. Porém, segundo Pierre Moscovici (Comissário Europeu dos Assuntos Económicos), a aposta de Portugal na resolução deste problema é ambiciosa e vai na direção certa. E, neste sentido, esta quinta-feira, a Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco chegaram a um entendimento para criar uma plataforma de gestão de crédito malparado, que consiste precisamente em gerir as dívidas a cada instituição acima de cinco milhões de euros, com endividamento insustentável, mas consideradas economicamente viáveis.
Em suma, por tudo o que foi referido acima, percebemos que o crédito malparado gera consequências negativas para os bancos, famílias, empresas e para a dinamização da economia portuguesa. Cria-se um conjunto de consequências negativas, uma verdadeira bola de neve em todos os aspetos. Contudo, esperemos que esta plataforma apresente “resultados milagrosos” quanto a este assunto.

Ana Cláudia Faria Gomes

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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