Desde há muitos anos
que a situação do crédito malparado tem sido um dos principais problemas dos
bancos portugueses, alastrando-se de uma forma de outra a nível internacional.
O crédito malparado
representa nada mais nada menos que o montante que fica em dívida das famílias
portuguesas resultante dos seus encargos financeiros, como a prestação da casa
e a prestação do carro, por exemplo. Contudo, não são só as famílias que sofrem
deste problema. Também as empresas cada vez mais se deparam com problemas de sobre-endividamento.
A crise e o desemprego contribuíram certamente para o aumento do crédito
malparado, devido à acumulação de dívidas, fazendo com que fosse cada vez mais
difícil conseguir acarretar com todos os encargos financeiros.
A verdade é que o
crédito malparado representa “quase a totalidade dos capitais próprios dos
bancos” (Lloyds Bank), daí que precisemos de resolver urgentemente o problema
do crédito malparado de forma a “libertar capital e financiar a economia” e aumentar
a capacidade dos bancos emprestarem dinheiro à economia. Só em maio deste ano
constatou-se um valor de 18,3 mil milhões de euros em crédito malparado de
empresas e particulares. Este valor corresponde a 8,8% dos financiamentos
existentes.
Para além disso,
verificou-se um aumento de crédito malparado em consumo, que se traduz em
aumento de crédito pessoal e automóvel. A subida de maior impacto foi a do
crédito automóvel, com um crescimento de 31,9%, onde foram pedidos 252 milhões
de euros. Seguido do crédito pessoal, com 3,7% de crescimento, em que foram
pedidos 232 milhões de euros (Dados homólogos a maio de 2016).
Face a toda esta
vertente do crédito malparado, é indispensável encontrar um “caminho” para ir
acabando com ele e salvar o balanço dos bancos. Porém, segundo Pierre Moscovici
(Comissário Europeu dos Assuntos Económicos), a aposta de Portugal na resolução
deste problema é ambiciosa e vai na direção certa. E, neste sentido, esta
quinta-feira, a Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco chegaram a um
entendimento para criar uma plataforma de gestão de crédito malparado, que
consiste precisamente em gerir as dívidas a cada instituição acima de cinco
milhões de euros, com endividamento insustentável, mas consideradas economicamente
viáveis.
Em suma, por tudo o que
foi referido acima, percebemos que o crédito malparado gera consequências
negativas para os bancos, famílias, empresas e para a dinamização da economia
portuguesa. Cria-se um conjunto de consequências negativas, uma verdadeira bola
de neve em todos os aspetos. Contudo, esperemos que esta plataforma apresente
“resultados milagrosos” quanto a este assunto.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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