Há uns
anos, estávamos
acostumados a ver várias construções habitacionais ao
abandono em plena
fase de construção,
devido à crise económica
e à pouca
disponibilidade das instituições
financeiras para a concessão
de crédito habitacional, pelo alto risco que representavam.
Com a recuperação económica estas
construções retomaram e o mercado habitacional português está a avançar a um
ritmo acelerado e neste momento a procura supera a oferta. A falta de novas
construções habitacionais e carteiras de arrendamento a preços que as famílias
portuguesas possam pagar estão a causar um desajuste entre a procura e a oferta.
Desta maneira, é fundamental que as novas construções regressem.
Os
dados da avaliação bancária divulgados em Junho deste ano pelo Instituto
Nacional de Estatística (INE) mostram que o valor da média nacional por metro
quadrado de um imóvel é de 1.111 euros, o que representa uma subida superior a
300 euros nos últimos três anos. Uma das razões apontadas para esta grande
subida é a absorção dos centros históricos pelo turismo, com a reabilitação e
transformação de casas de alojamento em casas destinadas ao turismo, opção de muitas famílias para fazerem
fase à crise. Desta forma, muitas famílias vêem-se obrigadas a mudarem-se
para as periferias, onde mesmo aí já há falta de disponibilidade, pois
atualmente a valorização habitacional é uma realidade que se estende a quase
todo o país. O rendimento das famílias portuguesas mantem-se, o que significa
que o poder de compra/arrendamento das famílias não irá aguentar mais aumentos
dos imóveis habitacionais.
O que precisamos neste momento não é de
culpar o turismo, que foi um dos grandes motores da recuperação económica do
país, mas sim definir uma estratégia que integre os setores do turismo e da
habitação residencial, de forma a retirarmos pressão dos preços do imobiliário
residencial. Posto isto, temos de potenciar novas soluções habitacionais e a
colocação de mais imóveis no mercado. Seria importante atuar com proprietários
de prédios devolutos e terrenos desocupados, assim como atrair grandes
investidores para dinamizar o setor da construção habitacional, que constituam
carteiras de imóveis para venda e arrendamento, ajustados às capacidades
financeiras dos portugueses.
O nosso atual governo está atento a
este problema e já tomou medidas para que esta situação não se torne incomportável.
Alargou o programa de arrendamento jovem, Porta 65, dos 30 para os 35 anos,
podendo este estender-se até aos 37 anos. Uma outra medida foi na remodelação
do governo, a criação de um secretário de estado da habitação, que voltou a
existir após mais de uma década, que fica integrado dentro do ministério do
ambiente, que já tutelava questões relacionadas com a habitação. António Costa
considera necessário promover a oferta da habitação para arrendamento acessível,
focada nas classes médias e em especial nas novas gerações.
No entanto, estas medidas poderão não
ser suficientes para impulsionarem o desenvolvimento e o financiamento de novas
habitações residenciais, e assim reduzir o desajuste entre a oferta e procura.
Está a nossa geração condenada a pagar preços exorbitantes pela “independência”?
Carla Susana Peixoto Teixeira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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