sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O envelhecimento da população portuguesa e o seu impacto socioeconómico

O envelhecimento populacional é o processo pelo qual se aponta o aumento em termos proporcionais da população idosa em relação ao número de jovens num determinado país.
O envelhecimento populacional é um evento alarmante na União Europeia, devido à redução da taxa de natalidade, à constante taxa de mortalidade e a uma elevada esperança média de vida que se tem verificado com o passar do tempo na maioria dos seus países. Em Portugal não será diferente, verificando-se que a taxa de natalidade é tão baixa que não assegura a renovação das gerações.
Atualmente, em Portugal, o número de pessoas com idade superior a 65 anos ultrapassa dois milhões, sendo a população com mais de 80 anos 5 vezes superior ao que era antes.
De acordo com o Portal da Fundação Francisco Manuel dos Santos (dados Pordata), em 1971, o número de pessoas com mais de 65 anos era cerca de 836.058. Sendo que em 2015 esse número já rondava os 2.122.996. Um outro dado que evidencia o envelhecimento da população Portuguesa prende-se ao fato de que nos anos 70, por cada pessoa com 65 ou mais anos, existiam duas crianças com mais de 10 anos, e hoje por cada criança com menos de 10 anos existem duas pessoas com 65 ou mais anos.
O envelhecimento da população portuguesa cada vez mais tem vindo a ser explicado não, propriamente, devido ao aumento da esperança média de vida mas sim devido à diminuição da taxa de natalidade. Isto deve-se ao fato de ser cada vez mais difícil entrar no mercado de trabalho logo a seguir ao término do ensino superior, o que faz com que os jovens permaneçam mais tempo na casa dos pais, adiando assim o nascimento do primeiro filho. Outra explicação encontrada para este acontecimento pode ser pelo facto de cada vez mais jovens verem-se obrigados a emigrar devido ao desemprego que tem aumentado, adiando assim a construção de uma família, e consequentemente o nascimento do primeiro filho.
As consequências que advém do envelhecimento populacional podem causar vários danos socioeconómicos. Deste modo, uma questão muito abordada prende-se com o contrato geracional que serve de base ao nosso sistema de Segurança Social, ou seja, se existem cada vez mais idosos, serão necessários mais recursos para sustentar o aumento das prestações sociais. Porém, isto torna-se difícil devido à falta de jovens ou população ativa. Outra consequência importante que advém do envelhecimento populacional prende-se com o fato de que a falta de jovens elevaria os custos da mão-de-obra, causando vários transtornos a nível económico. Uma outra consequência indispensável de realçar tem a ver com os encargos sociais, que acabam por aumentar com a assistência médica e as reformas, devido aos cuidados de que a população idosa naturalmente carece.
Face ao dilema do envelhecimento, torna-se essencial criar medidas para o combater. Posto isto, uma das soluções para combater o envelhecimento populacional é o incentivo à natalidade através de: aumento do abono de família, aumento da licença de parto, aumento de subsídios de nascimento, e maior apoio da legislação laboral às futuras mães. Uma outra questão muito importante tem a ver com o apoio do estado ao envelhecimento ativo (processo de melhoria das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas.), pois tal constitui uma mais-valia em vários aspetos para toda a sociedade.
Em jeito de conclusão, pode-se constatar que o envelhecimento populacional é um evento marcante na medida em que acarreta consequências que afetam tanto a sociedade como a economia portuguesa. Por isso, é preciso agir de modo a encontrar soluções adequadas a esta situação.
“Envelhecer é natural. Já o modo de envelhecer, não o é. A forma como se envelhece é uma marca da sociedade de referência, da comunidade de pertença e da condição de vida que se tem” (Tomás, 2012).
   
Eliane Correia Tavares 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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