quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Segurança Social?

O problema não é recente e para poucos será novidade. Já há largos anos que, assistindo a um preocupante envelhecimento da sociedade portuguesa que segue os padrões europeus traduzido na inversão da pirâmide demográfica, os interessados perguntam-se se será sustentável o sistema português de Segurança Social.
O sistema de segurança social que vigora em Portugal assenta num princípio muito simples: as gerações que constituem a força de trabalho descontam parte do seu rendimento em prol das que, não fazendo parte desse mesmo grupo, mas que fizeram anteriormente, têm direito a subsídios. 
A dificuldade deste sistema surge quando os padrões demográficos se alteram. Dados disponibilizados pelo Pordata demonstram que o índice de envelhecimento, que representa o número de pessoas com 65 e mais anos por cada 100 pessoas menores de 15 anos (e, portanto, um valor inferior a 100 significa que há menos idosos do que jovens), indica este passou de 48,5% em 1984 para 148,7% em 2016. Os números começam a ser alarmantes e por esse motivo figuras conhecidas do panorama político têm vindo a intervir no sentido de apresentar soluções.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, apelou no passado dia 21 de setembro a um consenso para a sustentabilidade do regime de segurança social na Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE) sobre envelhecimento, no Centro de Congressos de Lisboa. Mas qual será o melhor caminho a seguir? Que medidas devemos introduzir no sentido de viabilizar o atual sistema de segurança social, ou seja, tornar sustentável o sistema de segurança social português?
Existem algumas medidas que devem ser tomadas que assaltam desde logo o pensamento. Na minha opinião, os meios deverão passar sobretudo pela criação de emprego, pois para além de termos uma viragem da pirâmide demográfica temos ainda muitos jovens, e não só, que se encontram em situação de desemprego. Segundo os dados mais recentes do Pordata, cerca de 28% dos jovens com menos de 25 anos encontram-se sem emprego. Para além disso, o ministro do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social apontou para alterações no quadro legal português, de forma a incentivar as empresas a contratarem ou manterem na firma trabalhadores mais velhos, lembrando a possibilidade de responsabilizar trabalhadores mais antigos pela formação dos mais jovens, o que me parece ser uma ideia positiva na medida em que permite a inclusão dos trabalhadores mais velhos de novo no mercado de trabalho retirando peso à segurança social. Na mesma intervenção, José António Vieira da Silva defende o incentivo à natalidade e à imigração, bem como o desincentivo à emigração.
A dinâmica entre a imigração e a emigração defendida pelo ministro parece-me bastante lógica. Quanto à natalidade, acredito que o maior e melhor incentivo que o estado consegue dar será uma vez mais a criação de emprego e não quaisquer tipos de subsídios ou mesmo um aumento no abono familiar, na medida em que este tipo de encorajamentos apenas servirão para aumentar a despesa da segurança social e não influenciarão em nada a decisão de gerar ou não descendentes.
Em suma, a segurança social é um motor que suporta a sociedade e que está a dar sinais de fraqueza. Torna-se portanto de máxima importância os agentes políticos debruçarem-se sobre o assunto e encontrarem soluções, com o intuito de tornar o nosso sistema de segurança social novamente viável e sustentável.

Eduardo Manuel Cardoso Barbosa



http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/vieira-da-silva-sustentabilidade-da-seguranca-social-em-risco-em-2030-155459

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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