Foi
há mais de cinco anos, numa sexta feira 13, que a agência de rating Standard & Poor’s colocou Portugal no “lixo”. Foi a última das três
principais agências de rating a
colocar-nos nesta posição e a primeira a alterar a mesma. Nessa altura, em
2012, o país estava numa recessão profunda e tinha entrado há poucos meses a ´Troika`.
Foi a fase mais crítica da crise e o facto de os juros da dívida pública atingirem
os 14% e de não termos nenhuma avaliação positiva nas agências de notação
financeira que piorou, e muito, a nossa situação.
Agora, para surpresa de muitos, a Standard
& Poor’s subiu ligeiramente o rating da nossa dívida pública de BB+
para BBB-, o que significa que já não somos uma aposta especulativa mas sim um
investimento. Para percebermos melhor, os ratings
ou classificações de níveis de risco desta agência canadiana vão de AAA, que
equivale ao menor risco, até D que representa o maior risco para os
investidores. Já em relação à perspetiva ou “outlook”, passou de “positiva”
para “estável”.
De notar que o
"outlook" pode ser positivo, negativo, estável ou em evolução, sendo que no nosso caso significa que há fortes probabilidades de a notação se manter no atual
nível quando a sua revisão for divulgada.
As razões apontadas para a tomada desta decisão foram o "forte desempenho económico e orçamental",
traduzindo isto para dados, a economia cresceu 2,8% em relação ao ano anterior,
sendo que este crescimento se deve sobretudo ao reforço do peso das exportações
e do investimento, o défice atingiu mínimos históricos e a taxa de juro chegou
aos 2,8%.
O mercado esperava que a S&P mantivesse o rating e a perspetiva até as eleições
legislativas, no entanto, a agência refere que qualquer que seja o resultado
das mesmas, espera que o próximo governo continue no mesmo caminho e que aposte
em políticas de crescimento e consolidação orçamental. Por outro lado, para as
outras duas agências principais, Fitch e a Moody´s, a dívida portuguesa ainda é
um investimento especulativo classificando-a como BB+ e Ba1, respetivamente, e
enquanto estivermos muito endividados tudo está em cima da mesa.
As perspetivas da S&P para Portugal são um crescimento de
mais de 2% do Produto Interno Bruto entre 2017 e 2020, e que o défice público
deverá fixar-se nos 1,5% do PIB este ano, “colocando o rácio de dívida líquida face ao PIB num caminho
mais sólido de descida”.
Para o Governo, esta decisão e as perspetivas apresentadas
traduzem o reconhecimento por parte dos agentes institucionais e privados do
progresso que o país tem feito na economia e nas contas públicas, e irá ajudar
na redução da dívida pública. Esta
recuperação do grau de investimento permitirá chegar a um conjunto mais
alargado de investidores e melhorar as condições de financiamento do país em
termos de custo.
Na minha opinião, este foi um sinal ótimo para a economia, mas
não deveremos entrar em euforias. Devemos, sim, continuar com a consolidação
orçamental para podermos diminuir a nossa dívida, que nos coloca sempre em
posições mais complicadas, continuar a estimular o crescimento e reforçar o
sistema bancário, que se mostra sempre tão débil. Não nos podemos esquecer que
as outras duas agências ainda nos consideram lixo e que o nosso caminho e os
nossos esforços ainda não terminaram. Não nos podemos conformar, agora. Ainda
temos muito que fazer pelo nosso Portugal.
Diana
Oliveira Sá Neiva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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