As famílias e as empresas Portuguesas têm vindo a sentir dificuldades crescentes em pagar as suas dívidas. Contudo, a evolução dos empréstimos dos bancos às empresas registaram em Agosto a terceira quebra mensal consecutiva, recuando para os 117,4 mil milhões de euros. Nos empréstimos às famílias o crédito concedido em Agosto prosseguiu uma tendência de aumento, totalizando 135 mil milhões de euros.
Concomitantemente, o Banco de Portugal regista uma subida do crédito malparado ininterruptamente desde Janeiro de 2009. Segundo o balanço do Banco de Portugal, os empréstimos que as famílias Portuguesas não conseguem pagar atingiu um valor recorde em Agosto de 3,75 mil milhões de euros, o que revela um aumento de 25% em relação aos montantes observados em Janeiro. Nas empresas, a situação não é melhor, com o total de crédito malparado a ascender em Agosto deste ano aos 4,65 mil milhões de euros, um aumento de 69,2% face ao valor registado em Janeiro de 2009.
Consequência do aumento do desemprego, baixos salários ou uma “vontade incontrolável de gastar”, a verdade é que as dívidas continuam a aumentar, facto a que não são alheias a má gestão financeira das famílias, mas também a oferta insistente, facilitada e, por vezes, irresponsável das instituições de crédito. Vivemos numa era de febre consumista, em que a taxa de poupança Portuguesa se cifra pouco acima dos 8% (cerca de metade da média da União Europeia segundo os dados do Eurostat). Apesar dos baixos salários médios e da crise de competitividade da economia Portuguesa, as famílias abusam do crédito ao consumo, fácil e de simples acesso, acumulando prestações numa ilusória riqueza. As menos inocentes instituições de crédito exploram esta febre, “vendendo” dinheiro sem restrições. Com a crise a esquecer-se a cada dia que passa, com a clara regulação deficiente do sistema bancário e mais grave, com a ausência de correcção das falhas detectadas com a crise (o crédito ao consumo continua a aumentar), o que acontecerá quando a Europa começar a sair da crise e, o Banco Central Europeu começar a rever em alta os valores das taxas de juro de referência, com impacto directo na Euribor?!
De forma preocupante, as famílias Portuguesas parecem continuar na sua fuga para a frente, sustentando um nível de consumo baseado na antecipação de rendimentos futuros num montante sustentável apenas num cenário idílico, mas irresponsável, de taxas de juro baixas. A crise expôs as debilidades do sistema financeiro internacional, com custos económicos muito elevados, responsabilidade das más práticas do sistema financeiro, das falhas de regulação das entidades competentes e da irresponsabilidade das famílias que sustentaram perfis de consumo irrealista e apenas suportáveis num cenário de taxas de juro baixas.
Em Portugal, as famílias devem educar-se para uma mais sustentável gestão financeira, aumentando a poupança e refreando a pressão consumista. As instituições de crédito devem assumir a sua responsabilidade social e económica e promover o aconselhamento das famílias quanto ao sobreendividamento. Face aos dados de contínua expansão do crédito às famílias e diminuição do investimento das empresas, corremos um risco elevado de estar a minar a recuperação económica e de continuarmos a crescer a um ritmo demasiado lento e de divergência face à União europeia.
Lisa Rute Gonçalves de Paiva Cunha
Concomitantemente, o Banco de Portugal regista uma subida do crédito malparado ininterruptamente desde Janeiro de 2009. Segundo o balanço do Banco de Portugal, os empréstimos que as famílias Portuguesas não conseguem pagar atingiu um valor recorde em Agosto de 3,75 mil milhões de euros, o que revela um aumento de 25% em relação aos montantes observados em Janeiro. Nas empresas, a situação não é melhor, com o total de crédito malparado a ascender em Agosto deste ano aos 4,65 mil milhões de euros, um aumento de 69,2% face ao valor registado em Janeiro de 2009.
Consequência do aumento do desemprego, baixos salários ou uma “vontade incontrolável de gastar”, a verdade é que as dívidas continuam a aumentar, facto a que não são alheias a má gestão financeira das famílias, mas também a oferta insistente, facilitada e, por vezes, irresponsável das instituições de crédito. Vivemos numa era de febre consumista, em que a taxa de poupança Portuguesa se cifra pouco acima dos 8% (cerca de metade da média da União Europeia segundo os dados do Eurostat). Apesar dos baixos salários médios e da crise de competitividade da economia Portuguesa, as famílias abusam do crédito ao consumo, fácil e de simples acesso, acumulando prestações numa ilusória riqueza. As menos inocentes instituições de crédito exploram esta febre, “vendendo” dinheiro sem restrições. Com a crise a esquecer-se a cada dia que passa, com a clara regulação deficiente do sistema bancário e mais grave, com a ausência de correcção das falhas detectadas com a crise (o crédito ao consumo continua a aumentar), o que acontecerá quando a Europa começar a sair da crise e, o Banco Central Europeu começar a rever em alta os valores das taxas de juro de referência, com impacto directo na Euribor?!
De forma preocupante, as famílias Portuguesas parecem continuar na sua fuga para a frente, sustentando um nível de consumo baseado na antecipação de rendimentos futuros num montante sustentável apenas num cenário idílico, mas irresponsável, de taxas de juro baixas. A crise expôs as debilidades do sistema financeiro internacional, com custos económicos muito elevados, responsabilidade das más práticas do sistema financeiro, das falhas de regulação das entidades competentes e da irresponsabilidade das famílias que sustentaram perfis de consumo irrealista e apenas suportáveis num cenário de taxas de juro baixas.
Em Portugal, as famílias devem educar-se para uma mais sustentável gestão financeira, aumentando a poupança e refreando a pressão consumista. As instituições de crédito devem assumir a sua responsabilidade social e económica e promover o aconselhamento das famílias quanto ao sobreendividamento. Face aos dados de contínua expansão do crédito às famílias e diminuição do investimento das empresas, corremos um risco elevado de estar a minar a recuperação económica e de continuarmos a crescer a um ritmo demasiado lento e de divergência face à União europeia.
Lisa Rute Gonçalves de Paiva Cunha
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]
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