A compra pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) das acções que o empresário Manuel Fino detém na Cimpor, mais a forma ofendida com que muitos parecem reagir à situação, demonstra uma forma muito peculiar de encarar o papel do Estado no espaço político e na regulação da actividade financeira e económica.
Desde Setembro 2008, e perante o descalabro financeiro que atingiu a banca, que os sectores mais à esquerda da nossa esfera política se congratulam com o domínio da CGD por parte do Estado. Que só desta forma, o governo pode intervir na economia; que apenas deste modo o governo pode injectar dinheiro nos bancos; que só assim o Estado tem capacidade para concretizar as medidas de apoio aos sectores que considera mais importantes.
Porque a discussão política apresenta, desde o Verão passado, apenas um sentido (o da estatização dos meios e dos recursos), poucos se importam com as consequências incómodas e fatalmente prejudiciais, que a manutenção da CGD no domínio do Estado acarreta.
Uma CGD de capitais públicos, mais do que intervir na economia, desvirtuando-a e acentuando-lhe os vícios, encerra problemas também de impossível resolução: Conluios, empregos e ordenados garantidos para boys & girls que apostaram desde cedo nesta coisa a que se chama de ‘vida partidária’, pactos e negócios com empresários de sucesso (mesmo quando o insucesso lhes bate à porta) e uma panóplia imensa de interesses que, num país devidamente regulado, em que o Estado não se metia onde não deve, não teria lugar. Não teria lugar pelo menos à custa do dinheiro dos contribuintes, tal como não teria lugar da forma impune como é tratado tudo aquilo a que temos assistido.
Uma última nota da máxima importância, relativa à forma como o Bloco de Esquerda (BE) e o PCP, têm reagido a este acontecimento: A indignação é uma excelente estratégia para retirar proveitos seja do que for. Ainda mais na política. A indignação esconde aquele que é o problema de fundo, impede a sua discussão e permite, com um enorme sucesso, que se retirem dividendos de um problema para o qual se contribuiu. Por nunca terem sido favoráveis à privatização da CGD, mesmo sabendo os riscos que a existência de um banco do Estado acarreta a nível de negociatas, tanto o BE como o PCP têm culpas no cartório. Uma culpa que, apesar de os membros deste dois partidos não retirem benefícios directos e ilegítimos do que se passa na administração do banco público, não os impede de se verem favorecidos através da utilização do discurso moralista e demagógico, próprio de quem aponta o dedo acusatório, mas não aceita qualquer solução.
Marco Mota
Desde Setembro 2008, e perante o descalabro financeiro que atingiu a banca, que os sectores mais à esquerda da nossa esfera política se congratulam com o domínio da CGD por parte do Estado. Que só desta forma, o governo pode intervir na economia; que apenas deste modo o governo pode injectar dinheiro nos bancos; que só assim o Estado tem capacidade para concretizar as medidas de apoio aos sectores que considera mais importantes.
Porque a discussão política apresenta, desde o Verão passado, apenas um sentido (o da estatização dos meios e dos recursos), poucos se importam com as consequências incómodas e fatalmente prejudiciais, que a manutenção da CGD no domínio do Estado acarreta.
Uma CGD de capitais públicos, mais do que intervir na economia, desvirtuando-a e acentuando-lhe os vícios, encerra problemas também de impossível resolução: Conluios, empregos e ordenados garantidos para boys & girls que apostaram desde cedo nesta coisa a que se chama de ‘vida partidária’, pactos e negócios com empresários de sucesso (mesmo quando o insucesso lhes bate à porta) e uma panóplia imensa de interesses que, num país devidamente regulado, em que o Estado não se metia onde não deve, não teria lugar. Não teria lugar pelo menos à custa do dinheiro dos contribuintes, tal como não teria lugar da forma impune como é tratado tudo aquilo a que temos assistido.
Uma última nota da máxima importância, relativa à forma como o Bloco de Esquerda (BE) e o PCP, têm reagido a este acontecimento: A indignação é uma excelente estratégia para retirar proveitos seja do que for. Ainda mais na política. A indignação esconde aquele que é o problema de fundo, impede a sua discussão e permite, com um enorme sucesso, que se retirem dividendos de um problema para o qual se contribuiu. Por nunca terem sido favoráveis à privatização da CGD, mesmo sabendo os riscos que a existência de um banco do Estado acarreta a nível de negociatas, tanto o BE como o PCP têm culpas no cartório. Uma culpa que, apesar de os membros deste dois partidos não retirem benefícios directos e ilegítimos do que se passa na administração do banco público, não os impede de se verem favorecidos através da utilização do discurso moralista e demagógico, próprio de quem aponta o dedo acusatório, mas não aceita qualquer solução.
Marco Mota
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário