“Portugal mantém a 43ª posição no ranking do Índice Global de Competitividade (IGC)”
Para um simples cidadão, cujo conhecimento económico se restringe ao senso comum, e à luz do actual contexto socioeconómico, fortemente debilitado e revelador da maior crise económico-financeira desde a Segunda Guerra Mundial, a afirmação supra citada transmite a ideia de que, apesar das vicissitudes, o pais no qual vivemos e onde muitos sobrevivem está a responder positivamente. No entanto, fazendo uma retrospectiva, e alargando o nosso espectro de análise a um horizonte temporal mais amplo, entre 2005 e 2009, facilmente chegamos a uma conclusão reveladora de uma face mais negra: Portugal tem vindo a perder competitividade em relação aos seus parceiros da União Europeia e da Zona Euro. Esta perda de competitividade traduz-se numa queda da 9ª para a 17ª posição face à União Europeia e da 5ª para a 12ª posição, no que respeita à Zona Euro.
Elaborado pelo Fórum Económico Mundial, o ICG é composto por um conjunto de pilares, 12 no total, que procuram reflectir os diferentes parâmetros que afectam a competitividade dos países. O IGC tem-se revelado um instrumento primordial que os políticos e empresários têm ao seu dispor, bem como um meio de excelência para identificar os entraves à implementação das medidas por estes adoptadas tendo em vista o aumento da competitividade. Detectados os obstáculos, o ICG é um instrumento extremamente útil para encontrar as melhores soluções para os superar.
De entre os 12 pilares constitutivos do ICG que referi acima, há três que considero serem os mais relevantes. Pela importância que encerram e por, na minha opinião, se destacarem dos demais pilares, a inovação, a tecnologia e a educação são as bases mais importantes nas quais o ICG assenta. Segundo este ranking, a subida de dois lugares no pilar da inovação, do 35º para 33º, foi um grande incremento para a manutenção do ranking global, vindo a compensar as fortes quedas verificadas em pilares como a eficiência de mercado.
A nível tecnológico, e apesar da fortíssima aposta feita pelo actual Governo no Plano Tecnológico, Portugal registou uma queda de duas posições no ranking. Numa altura em que o investimento tecnológico alcançou um máximo histórico, representando 1,51% do PIB, esta descida revela que o esforço financeiro caiu por terra e não está a surtir os efeitos esperados. Isto deve-se principalmente ao desajuste entre a forma de pensar as medidas e o modo de as colocar em prática.
Apesar da inovação e tecnologia serem pilares importantíssimos, é no panorama educacional que, no meu entender, se encontra o principal handicap da competitividade nacional. É inegável o esforço do Governo na aposta feita na educação e formação dos portugueses, espelhado cabalmente no programa “Novas Oportunidades”. Tendo como intenção promover a reciclagem de conhecimentos, o Governo investe forte no capital humano, chamando de novo as pessoas à escola de forma a adquirirem novas competências. Contudo, também o investimento na educação tem revelado a adopção de estratégias deficientes. Fazendo uso da linguagem corrente, apenas serve para “inglês ver”, uma vez que a ideia que fica é que este plano apenas dá um “rótulo” às pessoas, não as dotando efectivamente de competências que se traduzam num aumento de valor acrescentado para o país.
Não obstante o elevado esforço, principalmente financeiro, que o Governo está a fazer, apostando alto na formação dos cidadãos e de um melhor conhecimento das TIC (pilares essenciais para o desenvolvimento do país), o certo é que temos ficado mal classificados na “corrida”. Apesar de neste ano termos conseguido manter a posição no ranking, no longo prazo temos vindo a perder competitividade face aos nossos parceiros europeus. As ideias do Governo estão, a meu ver, bem desenhadas mas é preciso fazer com que passem efectivamente à prática, reconhecendo que a forma como essas ideias foram “coloridas” não foi a mais adequada. Só assim evitaremos continuar a perder terreno face aos outros países e poderemos marcar pontos no panorama mundial, deixando de ter um país a preto e branco. Porque fazer passar a ideia de que algo se fez não basta. É preciso que se verifiquem ganhos efectivos para o país.
Tiago Rocha
Para um simples cidadão, cujo conhecimento económico se restringe ao senso comum, e à luz do actual contexto socioeconómico, fortemente debilitado e revelador da maior crise económico-financeira desde a Segunda Guerra Mundial, a afirmação supra citada transmite a ideia de que, apesar das vicissitudes, o pais no qual vivemos e onde muitos sobrevivem está a responder positivamente. No entanto, fazendo uma retrospectiva, e alargando o nosso espectro de análise a um horizonte temporal mais amplo, entre 2005 e 2009, facilmente chegamos a uma conclusão reveladora de uma face mais negra: Portugal tem vindo a perder competitividade em relação aos seus parceiros da União Europeia e da Zona Euro. Esta perda de competitividade traduz-se numa queda da 9ª para a 17ª posição face à União Europeia e da 5ª para a 12ª posição, no que respeita à Zona Euro.
Elaborado pelo Fórum Económico Mundial, o ICG é composto por um conjunto de pilares, 12 no total, que procuram reflectir os diferentes parâmetros que afectam a competitividade dos países. O IGC tem-se revelado um instrumento primordial que os políticos e empresários têm ao seu dispor, bem como um meio de excelência para identificar os entraves à implementação das medidas por estes adoptadas tendo em vista o aumento da competitividade. Detectados os obstáculos, o ICG é um instrumento extremamente útil para encontrar as melhores soluções para os superar.
De entre os 12 pilares constitutivos do ICG que referi acima, há três que considero serem os mais relevantes. Pela importância que encerram e por, na minha opinião, se destacarem dos demais pilares, a inovação, a tecnologia e a educação são as bases mais importantes nas quais o ICG assenta. Segundo este ranking, a subida de dois lugares no pilar da inovação, do 35º para 33º, foi um grande incremento para a manutenção do ranking global, vindo a compensar as fortes quedas verificadas em pilares como a eficiência de mercado.
A nível tecnológico, e apesar da fortíssima aposta feita pelo actual Governo no Plano Tecnológico, Portugal registou uma queda de duas posições no ranking. Numa altura em que o investimento tecnológico alcançou um máximo histórico, representando 1,51% do PIB, esta descida revela que o esforço financeiro caiu por terra e não está a surtir os efeitos esperados. Isto deve-se principalmente ao desajuste entre a forma de pensar as medidas e o modo de as colocar em prática.
Apesar da inovação e tecnologia serem pilares importantíssimos, é no panorama educacional que, no meu entender, se encontra o principal handicap da competitividade nacional. É inegável o esforço do Governo na aposta feita na educação e formação dos portugueses, espelhado cabalmente no programa “Novas Oportunidades”. Tendo como intenção promover a reciclagem de conhecimentos, o Governo investe forte no capital humano, chamando de novo as pessoas à escola de forma a adquirirem novas competências. Contudo, também o investimento na educação tem revelado a adopção de estratégias deficientes. Fazendo uso da linguagem corrente, apenas serve para “inglês ver”, uma vez que a ideia que fica é que este plano apenas dá um “rótulo” às pessoas, não as dotando efectivamente de competências que se traduzam num aumento de valor acrescentado para o país.
Não obstante o elevado esforço, principalmente financeiro, que o Governo está a fazer, apostando alto na formação dos cidadãos e de um melhor conhecimento das TIC (pilares essenciais para o desenvolvimento do país), o certo é que temos ficado mal classificados na “corrida”. Apesar de neste ano termos conseguido manter a posição no ranking, no longo prazo temos vindo a perder competitividade face aos nossos parceiros europeus. As ideias do Governo estão, a meu ver, bem desenhadas mas é preciso fazer com que passem efectivamente à prática, reconhecendo que a forma como essas ideias foram “coloridas” não foi a mais adequada. Só assim evitaremos continuar a perder terreno face aos outros países e poderemos marcar pontos no panorama mundial, deixando de ter um país a preto e branco. Porque fazer passar a ideia de que algo se fez não basta. É preciso que se verifiquem ganhos efectivos para o país.
Tiago Rocha
[artigo de opinião produzido no âmbito da u.c. "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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