quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O estado do (des)emprego em Portugal

Nos dias que correm é frequente ouvirmos e lermos nos noticiários e nos jornais noticias como: empresa abre falência deixando sem emprego centenas de trabalhadores; trabalhadores regressam de férias e são surpreendidos com o encerramento da empresa em que trabalhavam; empresa entra em lay off, estas são elucidativas do cenário económico que encontramos quando de emprego falamos.
A taxa de desemprego no final do ano de 2008 era de 7.8%, e tem vindo a aumentar chegando a atingir os 9.1% (de entre os quais 4.2% são desempregados de longa duração) no segundo trimestre de 2009. Mas não importa referir apenas os valores gerais do desemprego, é necessário percebermos quais são os grupos mais atingidos pelo mesmo.
Assim, no conjunto da população desempregada e tendo em conta o nível de instrução, os mais afectados são os indivíduos que possuem até ao ensino básico enquanto os menos afectados são os indivíduos com o ensino superior e aqueles sem qualquer nível de instrução. Estes últimos podem justificar-se na medida em que o nível de escolaridade da população portuguesa tem vindo a aumentar nas últimas décadas e a população analfabeta é a mais antiga encontrando-se por isso na idade da reforma. Um outro aspecto a referir é o facto de ser entre os indivíduos com baixa escolaridade que encontramos grande parte dos desempregados de longa duração.
Em termos de idade, sexo e zona de residência, os mais afectados pelo desemprego são os indivíduos mais jovens (15-24 anos), as senhoras e os indivíduos que residem no Alentejo e no Norte.
No que se refere aos despedimentos colectivos, no segundo trimestre de 2009 havia 84 empresas com 5 820 trabalhadores, dos quais 1 273 ficaram sem emprego, e ainda no mesmo semestre 199 empresas responsáveis por empregar 15 600 trabalhadores iniciaram o processo de despedimento colectivo sendo que se prevê que mais 3 421 trabalhadores fiquem sem os seus postos de trabalho.
Face a esta realidade importa salientar alguns aspectos preocupantes, discutindo a forma como estão a ser minimizados e o que mais se poderá fazer.
O salário é a principal fonte de remuneração das famílias, sem este, estas ficam com o seu poder de compra limitado e sem capacidade para garantir a satisfação das necessidades básicas, o que se agrava com o tempo e leva ao aparecimento de situações de pobreza e exclusão. Ora, o desemprego de longa duração, em Portugal, atinge quase metade dos desempregados, e com vista a diminuir as consequências nefastas de tal situação o governo alargou em mais 6 meses o subsídio de desemprego e atribuiu o subsídio social às famílias que vivem com menos de 450€ mensais. No entanto outras medidas devem ser tomadas, tais como: o aumento de incentivos à criação de novas empresas em sectores de actividade rentáveis como o das energias renováveis, de forma a criar e garantir novos postos de trabalho.
Mas, na sociedade da informação actual não basta apostar na criação de empregos é também preciso apostar na qualificação dos trabalhadores para elevar os níveis de produtividade e tornar a economia mais competitiva. A população portuguesa apresenta, ainda, baixos níveis de escolaridade, sendo este um dos principais motivos para o desemprego de longa duração, é por isso imperioso trazer de volta à escola os indivíduos que deixaram a meio a sua formação. Em relação a isto, nos últimos anos, foram feitos grandes avanços tais como a implementação do programa Novas Oportunidades, que tem alargado o nível de instrução da população portuguesa, no entanto cabe garantir que a certificação dada por estes programas seja sólida e não apenas um diploma entregue aos indivíduos que neles participam.
Um outro aspecto preocupante é os despedimentos colectivos. É necessário intervir para evitar que estes aconteçam e neste campo o Estado tem adoptado como medida apoiar as empresas que, nesta altura de crise, estão a reduzir a sua actividade produtiva sem mandarem trabalhadores para o desemprego. Esta é importante, mas mais se poderia fazer apelando à consciência dos empregadores e estudando mais profundamente as razões dos encerramentos das empresas, de modo a penalizar aquelas que se aproveitam do panorama mundial e se deslocam para países onde a mão-de-obra é mais barata.
Em Suma, o emprego em Portugal já viveu dias melhores e o importante agora é não desmotivar quando a crise nos chega a casa na forma de desemprego aproveitando da melhor maneira as oportunidades que surgem.

Eva Patrícia Fernandes Soares

Bibliografia utilizada:
Jornal de Negócios, Nº 1617
http://www.novasoportunidades.gov.pt/
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia Portuguesa e Europeia", do Curso de Economia (1º ciclo), da EEG/UMinho]

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