Num
momento de constante progresso e transformação, aliado ao crescimento
exponencial da tecnologia, somos confrontados diariamente com a necessidade de
estarmos sempre atualizados, sempre a par do que se passa à nossa volta e no
mundo. Ora bem, a imposição desta busca constante por formação e atualização
leva-nos à importância cada vez mais acentuada do investimento em educação no
mundo atual. Hoje em dia, é exigido um conhecimento alargado no mercado de
trabalho, que abrange várias áreas, sendo o domínio das tecnologias primordial.
Assim,
atendendo às necessidades dos mercados, a elevada escolaridade detém grande
relevância para a nossa população. Quando focamos a nossa atenção para o nosso
país, existe ainda um grave problema nesta área, pois Portugal é o quarto país
da OCDE com níveis de escolaridade mais baixos entre os jovens adultos. O
relatório da OCDE “Education at a Glance 2018” revela que quase um terço dos
jovens adultos portugueses não terminou o secundário, um valor que só é
ultrapassado pelo México, Turquia e Espanha. Atendendo a dados do Observatório
das Desigualdades em 2008, cerca de 70% da população ativa portuguesa não tinha
concluído um nível de escolaridade superior ao 3º ciclo do ensino básico. E
atualmente como se encontram os níveis de escolaridade dos portugueses? Como
evoluiu ao longo do tempo?
Segundo
dados do Pordata, a população residente com 15 e mais anos sem nível de
escolaridade era de 1 613,5 milhares em 1998, passando para 646,7 milhares
em 2017, verificando-se assim uma diminuição muito significativa das pessoas
sem qualquer tipo de escolaridade. Em relação ao ensino básico 1º ciclo, também
o número de pessoas diminuiu. O número dos que possuíam apenas este nível de
estudos passou de 2898,6 milhares (1998) para 1986,7 milhares em 2017. É
importante também referir a evolução que ocorreu no número de pessoas que
apenas frequentava a escola até ao 3º ciclo do ensino básico, escolaridade
obrigatória durante muito tempo. Em 1998, concluíram o 3º ciclo 1185 milhares
de portugueses. Já em 2017 terminaram os seus estudos 1805,2 milhares, ficando
com o 9º ano de escolaridade.
Em
2013 passa a ser obrigatório 12 anos de escolaridade, medida imposta no governo
do antigo primeiro-ministro José Sócrates. Tendo em conta esta nova imposição
no sistema da educação, os números refletem isso mesmo. Dado que a população
com 15 e mais anos com ensino secundário, em 1998, era de 871,9 milhares, em
2013, passa para 1650,5 milhares, e mais recentemente atingiu os 1865,6 milhares
(2017). Quanto à conclusão do ensino superior em Portugal, este tem vindo a
aumentar ao longo do tempo. No ano de 1998 apenas 518 milhares de portugueses
detinham como nível de escolaridade mais elevado o ensino superior. Em 2017,
passou-se para 1604,2 milhares de portugueses, observando-se assim um acréscimo
muito grande da adesão da população ao ensino superior durante estes 19 anos.
Uma
vez analisados os dados relativos ao nível de escolaridade, importa agora fazer
referência à taxa de abandono precoce de educação no nosso país, que explica os
valores elevados que ainda se verificam de pessoas sem escolaridade, só com o
1º ciclo do ensino básico ou só com o 2º ciclo.
É
visível desta forma, que a taxa de abandono precoce tem sofrido um decréscimo
ao longo do tempo, sendo este um bom indicador de evolução da educação em
Portugal. Por exemplo, 50% da população em 1992 abandonava precocemente a
escola, porém, em 2017, já só 12,6% da população o fazia. O sexo masculino
apresenta uma taxa de abandono precoce superior ao sexo feminino.
Neste
seguimento, apesar dos resultados serem positivos, dado que a conclusão dos
níveis de escolaridade mais elevados pelos portugueses terem aumentado, existe
ainda um longo caminho a percorrer quando comparado com outros países da União
Europeia. Destaca-se o aumento da escolaridade, em especial das mulheres, que
foi extremamente significativo.
Todavia,
existem mais alguns dados que podem suscitar interesse, mesmo numa ótica de
políticas públicas, como a ainda muito baixa escolaridade dos empregadores em
Portugal. Com o intuito de melhorar a educação da população adulta, o Governo
atual lançou um plano que pretende ser um seguimento do antigo programa Novas
Oportunidades.
Existem pessoas que defendem que estudar
compensa, ao passo que outras defendem precisamente o contrário. Na minha
opinião, o aumento do nosso conhecimento irá compensar sempre, sendo de extrema
importância o enriquecimento pessoal que se adquire.
Para
finalizar, como já foi mencionado inicialmente, é de elevada importância o
aumento da educação e formação da população, quer a um nível profissional, quer
em termos pessoais, e mesmo para a sociedade os contributos são gigantescos. As
pessoas aumentam as suas competências, tornam-se mais informadas e,
consequentemente, as suas decisões são mais conscientes e ponderadas.
Ana Cláudia da Silva
Pereira
Referências:
·
Pordata;
·
Observatório das desigualdades;
·
Jornal de Notícias.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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