“Existe uma grande
diferença entre uma viagem apenas para se lembrar e outra realmente marcante,
para nunca mais se esquecer”. Então pergunto: O que é verdadeiramente
fundamental para os viajantes quando escolhem os seus destinos?
Perante a realidade de
que os turistas são cada vez mais informados, exigentes e aventureiros, a meu
ver, estes procuram experiências únicas, genuínas, altamente personalizadas e
enriquecedoras. Atualmente, existe uma nova vertente de turismo: o turismo
criativo, que oferece experiências culturais e humanas autênticas, envolvendo a
participação dos turistas com a população local.
Fazer turismo hoje em dia
é muito mais do que visitar os pontos turísticos, e o turismo em Portugal está
longe dos dias em que os turistas vinham procurar apenas sol e praia. Portugal
distingue-se dos outros países não só pela qualidade do clima e praias,
história, cultura e tradições, natureza, gastronomia, mas principalmente pelas
pessoas e experiências oferecidas, tornando a viagem inesquecível. No final, o
que dá sentido à viagem é a conexão com as pessoas, e com os locais visitados.
Como viajante, não quero somente “ir a” mas sentir que, por alguns dias, faço “parte
de”.
Existem várias formas
para aprofundar a experiência criativa do turista que lhe permite descobrir a
cultura local, como workshops, cursos
de culinária, ateliers, experiências
de degustação, novas formas de alojamento, fabrico de artesanato, itinerários
culturais e paisagísticos, ambientes e espaços criativos. A co-criação é enriquecedora
visto que leva o turista a participar na experiência bem como a fazer parte do
processo de criação, ocorrendo a partilha de conhecimentos, tradições e
cultura.
Mas como é que Portugal têm
vindo a desenvolver o turismo criativo? Os responsáveis pelo desenvolvimento
territorial e os operadores cada vez mais aventuram-se nesta área, pois sabem
que a criatividade lhes permite acrescentar valor aos destinos e aos produtos
culturais, criar novos produtos e facilitar a sustentabilidade.
Alguns exemplos, no nosso
país, são a empresa Douro-Wellcome, que têm iniciativas como o Fim-de-Semana à
Lareira, em que se tenta recriar um serão na aldeia, com direito a confecionar
compota e bolos e ouvir histórias. Outras propostas da empresa são os Caminhos
do Pastor, onde se pode acompanhar o pastor e o seu rebanho por um dia, ou os
Caminhos do Pão, em que o turista vai "meter a mão na massa" e
acompanhar o processo da produção de pão cozido.
A Cerdeira Village oferece
alojamento criativo e de qualidade, na Serra da Lousã, aliado a uma vasta
oferta de actividades, workshops e
retiros criativos. No Porto, também existem múltiplas ofertas, desde “passear e
azulejar”, tratando-se de um passeio cultural pelos azulejos do Porto e um workshop para pintar o seu próprio
azulejo, conhecer e aprender a fazer a arte da Filigrana Portuguesa, entre outros.
Para além disto, existem
os ambientes e espaços criativos, desde o espaço Maus Hábitos, um espaço
interessante do Porto de intervenção cultural, abrangendo um restaurante,
residência artística e salas para exposições e conferências, à Capital Europeia
da Cultura em Guimarães (2012), etc.
Sendo assim, o turismo
criativo é sustentável, uma vez que dá a oportunidade de diversificar a oferta
turística de um destino, atraindo um turismo de qualidade, dando relevância ao
património construído e imaterial. Além do mais, permite o combate à
sazonalidade, possibilitando atividade turística durante todo o ano.
O interesse inferior dos
turistas pelas “atracções turísticas” colabora para uma distribuição
populacional mais equilibrada da área geográfica de destino e sua curiosidade
pela cultura, em geral, e a do destino, especialmente, influência positivamente
a autoestima da população local, sendo que também contribui para a
imortalização e valorização de tradições. Por último, considera a preocupação
ambiental, contrariamente ao turismo de praia, que produz bastante lixo.
Em suma, na minha
perspetiva, o turismo criativo está na moda porque os turistas procuram cada
vez mais esta forma de turismo, detendo uma postura diferente quanto à oferta. Porém,
igualmente quem oferece um produto único tem de possuir uma atitude
diferenciada. A criatividade é o fator de distinção nos destinos turísticos, logo
Portugal precisa de apostar em novas ofertas turísticas criativas, em cidades
mais pequenas e no espaço rural para potenciar estas zonas, e é importante
atrair os turistas “certos”, aqueles que têm propensão a gastar mais.
Ana Catarina Freitas da Costa
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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