O Coordenador do
Observatório da Emigração afirmou, no sábado passado, que Portugal “precisa
desesperadamente” de imigrantes para combater a falta de mão-de-obra. Para Rui
Pena Pires, o problema demográfico que Portugal e a Europa enfrentam de falta
de mão-de-obra em alguns setores só se resolve com mais imigração. O país
“precisa desesperadamente de imigrantes” e passa “demasiado tempo a falar dos
problemas da natalidade”, considerou. As políticas para a natalidade não têm
resultados a curto prazo, como tal não é através das mesmas que se vai resolver
de imediato um problema de falta de mão-de-obra já existente em muitos setores.
Os perfis especializados,
ou seja, eletricistas, soldadores, mecânicos, e os técnicos, como motoristas,
engenheiros, informáticos, professores, pessoas para as áreas de apoio ao
cliente, advogados e investigadores, gestores de projeto e alguns
administrativos, são as classes profissionais com mais escassez de recursos
humanos. Os motivos para a falta de trabalhadores para efetuar estas funções
são diversos e variam de setor para setor.
Ser eletricista, soldador
ou mecânico não faz parte das opções da maior parte dos jovens, por serem
consideradas profissões “menores” e com remuneração salarial mais reduzida do
que aquela que os mesmos pretendem auferir no futuro. Por outro lado, há outras
como ser engenheiros e informáticos, que têm as caraterísticas opostas das
profissões anteriores, mas que ainda assim há falta de trabalhadores, ou seja,
apesar de muitos jovens escolherem seguir estas áreas, a oferta ainda não chega
para a procura.
Quando os jovens que
seguem para o ensino superior têm de decidir o seu futuro, trata-se de uma
escolha difícil quando ainda se é tão jovem. Essas escolhas, muitas vezes, não
têm em consideração os aspetos mais importantes, como: quais os setores que
estão a precisar de mais profissionais neste momento, quer isto dizer, quais os
cursos com maior empregabilidade. Aquilo que pesa mais, muitas vezes, nesta
tomada de decisão é aquilo que os pais acham ou querem para os filhos. Alguns
encontram-se mal informados e pensam que profissões ditas com mais “prestígio”
são o melhor para os seus filhos, mas certamente algumas delas não precisam de
mais profissionais neste momento. Isto fará com o melhor se torne no pior, pois
estes acabarão por ir parar ao desemprego após terminaram a sua formação ou
então terão de efetuar funções que nada tem a ver com a mesma.
Outro problema é a
sociedade machista em que vivemos, que ainda considera que certas funções são
só para homens e outras só para mulheres, como tal a grande maioria dos alunos
de certas engenharias com mais procura no mercado de trabalho são rapazes. Deste
modo, profissões altamente especializadas como as engenharias ficam com falta
de trabalhadores.
Para
combater este problema, a solução será pelo regresso de alguns emigrantes, mas
também pela via da imigração, dado que a oferta interna do nosso mercado de
trabalho não satisfaz a procura. Contudo, para conseguir atrair imigrantes
Portugal terá de colocar menos obstáculos aos processos de entrada e tomar a
iniciativa de fazer recrutamento em vários países. Talvez esta seja uma
situação ainda mais complicada neste momento dado os movimentos nacionalistas
que estão a nascer por toda a Europa.
Quero
com isto dizer que, na minha opinião, parte do problema de termos, por um lado,
desemprego mas, por outro lado, precisarmos urgentemente de importar mão-de-obra
é a decisão tomada pelos jovens para o seu futuro profissional.
Ana Patrícia Costa Alves
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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