De acordo com o objetivo da União Europeia de atenuar consideravelmente as
alterações climáticas, Portugal tem-se envolvido, desde 1991, no
desenvolvimento das fontes de energia renovável. Em 2013, o governo português
estabeleceu concomitantemente o Plano Nacional de Ação para as Energias
Renováveis (PNAER) assim como o Plano Nacional de Ação para a Eficiência
Energética (PNAEE). Estes planos preveem a implementação de 31% de fontes de
energias renováveis nos setores energéticos que envolvem aquecimento e
arrefecimento, transporte e eletricidade até 2020. Mais precisamente, as fontes
renováveis deverão contribuir com pelo menos 34% no aquecimento e
arrefecimento, 10% nos transportes e 60% na eletricidade.
Desde 1991, Portugal tem observado uma evolução considerável do seu setor
elétrico. No início de 2018, esse desenvolvimento atingiu um marco histórico do
progresso na produção de energia renovável. No mês de Março, a quantidade da eletricidade
renovável produzida foi superior ao consumo total da eletricidade em Portugal
Continental. Em termos reais, foram consumidas, no período da análise, apenas
4.646 GWh, ou seja, 96,4% do total das 4.812 GWh produzidas. Além do mais,
nesse mesmo mês, foram registados dois períodos de 70 e 69 horas,
respetivamente, em que não houve necessidade de fazer uso de eletricidade
provindo de fontes não renováveis. Isto é, o uso de eletricidade com origem em
energia hídrica (55%) e eólica (42%), em particular, foi suficiente para o
fornecimento em todo o país (parte continental).
Em comparação a esse mesmo período, a eletricidade renovável representou,
entre Janeiro e Outubro deste ano, um valor médio de 52,7% do total produzido
em Portugal Continental. Esse valor, embora seja consideravelmente inferior ao
de Março, demonstrou um aumento significativo na produção de eletricidade
renovável ao longo da última década. Em 2007, as fontes renováveis da energia
produzida em Portugal Continental constituíram apenas 37,45% do total, por
exemplo, enquanto em 2017, o seu valor subiu até 42,09%.
Essas medidas tomadas pelos
políticos da UE e portugueses são de grande importância no combate ao
aquecimento global. A título ilustrativo, em Março de 2018, foram evitadas, em
Portugal Continental, emissões de 1,8 milhões de toneladas de dióxido de
carbono graças à produção de eletricidade renovável. Se um dia Portugal pudesse
renunciar ao uso de fontes elétricas fósseis durante o ano inteiro, poderiam
ser evitados cerca de 45% do total das emissões de CO2 anuais, em comparação ao
total das emissões de CO2 medidas em 2014, por exemplo. Efetivamente, num
futuro próximo, considera-se possível que o consumo total de eletricidade em
Portugal Continental seja garantido com mais frequência e por períodos mais
extensos através das fontes renováveis. A longo prazo, até 2040, o
aprovisionamento de Portugal Continental com eletricidade puramente renovável e
de maneira custo-eficaz tornar-se-ia realidade.
O aumento do uso das fontes
renováveis é também de grande interesse económico, dado que até este momento as
fontes renováveis de eletricidade já têm gerado benefícios brutos de 660
milhões de Euros na economia portuguesa por terem reduzido o preço da
eletricidade em cerca de 18€ por MWh. As fontes alternativas às fósseis
ganharam ainda mais importância ao tomar em consideração o consumo crescente de
eletricidade desde o início deste milénio. Houve, em Portugal Continental, um
aumento de 134,58% do consumo elétrico total entre 2000 e 2017.
Face à rapidez preocupante com
que o aquecimento global e o conjunto das suas consequências estão a
desenvolver-se, é satisfatório observar Portugal tomar medidas eficazes no
combate às alterações climáticas, apesar da variedade de desafios económicos
vivenciados na última década. Tomando em conta os progressos que já têm sido
registados no setor da eletricidade, Portugal parece estar num caminho
favorável para atingir as cotas de 60% de eletricidade renovável impostas pela
UE até 2020.
Simon
Jäger
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Fontes:
https://www.apren.pt/contents/publicationsreportcarditems/10-boletim-energias-renovaveis-2018-v4.pdf
https://eco.pt/2018/04/03/producao-de-energia-renovavel-excedeu-consumo-em-portugal-pela-primeira-vez/
https://www.jornaldenegocios.pt/economia/ambiente/detalhe/producao-renovavel-representou-42-do-consumo-de-energia-em-portugal-em-2017
https://www.jornaldenegocios.pt/economia/ambiente/detalhe/producao-renovavel-representou-42-do-consumo-de-energia-em-portugal-em-2017
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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