sexta-feira, 30 de novembro de 2018

VIH e SIDA: Preocupante?

Facilmente se confunde VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana – e a SIDA – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Assim sendo, a infeção por VIH pode levar ao aparecimento de SIDA, visto esta ser a condição que pode decorrer da infeção desse vírus.
Deste modo, é possível contrair VIH sem sofrer da doença, sendo que muitas pessoas com infeção por VIH vivem durante vários anos sem desenvolver SIDA.
Relativamente à transmissão de VIH, esta é feita unicamente através de três vias: sanguínea, relações sexuais não protegidas e, por último, de mãe para filho (durante a gravidez, através do parto ou amamentação).
No passado dia 27 de novembro, a Ministra da Saúde, Marta Temido, proposta para assumir o cargo pelo Primeiro-Ministro e aceite pelo Presidente da República em outubro de 2018, afirmou que o estudo da infeção por VIH mostrou estar-se a passar de um grupo populacional para o outro, o que vai obrigar a alteração das respostas atuais por parte do Governo para combater a transmissão de VIH e SIDA. Esta declaração foi feita em Vila Nova de Gaia após o relatório apresentado pelo Instituto Nacional de Saúde, intitulado como “Infeção VIH e SIDA”.
Segundo o relatório de 2017 realizado pelo SNS, os diagnósticos ocorrem maioritariamente (99,6%) em indivíduos com idade superior a 15 anos, dos quais 46,4% residem na Área Metropolitana de Lisboa. Em 2017, foram diagnosticados 1068 novos casos de infeção por VIH em Portugal.
Nesse relatório, 14,8% dos que contrariam a infeção apresentavam patologia indicadora de SIDA. É ainda possível afirmar que em 98,1% dos casos a transmissão ocorreu por via sexual, com 59,9% a referirem contacto heterossexual. No caso de homens que mantêm relações com homens (HSH), estes representam 51% dos casos diagnosticados. As infeções associadas ao consumo de drogas injetadas constituíram 1,8% dos novos diagnósticos em que é conhecida a via de transmissão, nesse ano.
É ainda possível referir que a maioria dos casos registou-se em homens (72%), sendo a sua idade mediana de 39 anos.
No diagnóstico que ocorreu entre 1893 e final de 2017, verifica-se que se encontram registados cumulativamente 57913 casos de infeção por VIH, dos quais 22102 casos em estado SIDA. Para além disso, consta também que estão registados 14519 óbitos em casos de infeção por VIH.
O relatório apresentado apresentou que os novos casos que surgiram afetam, maioritariamente, o grupo etário entre os 25 e os 29 anos. Deste modo, afirma que o facto de “o foco da doença estar a passar de uma determinada população para outra tipologia populacional leva-nos a adaptar as respostas e a focar a atenção naquilo que está a ser a evolução e transmissão da doença VIH para outros grupos populacionais”.
Para além disso, existe um aumento de 29% dos casos entre homens homossexuais.
No entanto, um facto bastante curioso, foi de que a infeção e doença, em consumidores de drogas injetadas, alcançou um mínimo nunca antes conseguido, tendo recuado 45% (VIH) e 90% (SIDA), quando comparado com 2006.
Entre 2006 e 2016, a tendência tem sido decrescente. Em Portugal, o número de diagnósticos de VIH e SIDA diminui de 40% e de 60%, respetivamente. Por outro lado, Portugal continua a apresentar uma das taxas mais elevadas da União Europeia.
O nosso país tem feito um percurso exemplar na prevenção, deteção, tratamento e cuidados dos doentes da infeção. Portugal atingiu praticamente todos os objetivos estabelecidos no programa das Nações Unidas para o VIH/SIDA – ONUSIDA, conhecido como 90/90/90. Este programa pretende que, até 2020, 90% das pessoas com VIH/SIDA estejam diagnosticadas, 90% dos diagnosticados estejam em tratamento e que 90% dos que estão em tratamento atinjam uma carga viral indetetável ao ponto de ser impossível a transmissão da infeção.
Em modo de conclusão, é necessário continuar com estes estudos de modo a conseguir perceber o comportamento de ambas as variáveis em estudo, para contrair tanto a infeção como a doença visto que afeta bastantes portugueses e os números apresentados são relativamente preocupantes quando percebemos o impacto que causa em Portugal e quando comparamos com países com caraterísticas semelhantes às nossas.
Francisca Nogueira da Cunha

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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