A
transformação digital já não é um tema novo para as empresas, sobretudo para
aquelas que acompanham mais intensamente a evolução dos mercados e as suas
tendências. É um processo no qual as empresas fazem uso da tecnologia para melhorar
o seu desempenho, aumentar o alcance e garantir resultados melhores. A
transformação digital está a revolucionar o negócio de muitas empresas já
estabelecidas no mercado e ao mesmo tempo surgem outras empresas que utilizam a
tecnologia para criar novos negócios. Esta adaptação das empresas à tecnologia
é essencial nos dias de hoje, contudo é necessário o dispêndio de algum tempo e
recursos.
É
certo que as tecnologias têm mudado radicalmente as nossas vidas, e têm
contribuído principalmente para um acesso generalizado à informação, que torna
as pessoas mais esclarecidas e exigentes. Por isso, é importante que as
empresas sejam capazes de acompanhar as evoluções que acontecem na sociedade e
perceber como é que a tecnologia molda os indivíduos e de que forma é que
conseguem extrair o melhor desta adaptação.
Na
última conferência realizada pela Cegoc (Centro de Estudos de Gestão e
Organização Científica), mostrou-se que é essencial as empresas não terem medo
da transformação digital e devem usufruir ao máximo das vantagens que advém da
Inteligência Artificial e da small data.
“A Inteligência Artificial não vai roubar trabalhos, vai melhorar o
desempenho”, disse Jeanne Meister, um dos profissionais mais importantes na
área dos recursos humanos. Um exemplo utilizado nesta conferência foi o do
Hotel Hilton, que utiliza um chat bot
para comunicar com os candidatos a emprego. Isto permite uma relação mais
dinâmica entre candidato e recrutador, uma vez que facilita o conhecimento das
áreas mais indicadas para cada candidato e também permite saber em que estádio
se encontra o processo.
Paula
Panarra, diretora geral da Microsoft Portugal, considera que a Inteligência
Artificial vem aumentar a capacidade do homem, o que conduz a uma otimização
das operações e uma melhor relação com os clientes. Refere ainda que “as
empresas que não estão a aplicar a inteligência artificial aos seus negócios já
estão fora do jogo”. O estudo realizado pela Microsoft a 22 empresas
portuguesas mostra que 18% das empresas não utilizam a Inteligência Artificial
nos seus processos e apenas 1/3 já utiliza, como é o caso da EDP, dos CTT,
Crédito Agrícola e da Salsa.
Atualmente,
as grandes marcas procuram compreender os comportamentos dos seus consumidores
recorrendo a big data. Mas, segundo Lindstrom,
isso constituiu apenas metade do processo. Assim, à análise da informação
fornecida pela big data é preciso
adicionar a small data. “As previsões
mais fidedignas resultam da big data
(lógica) e da small data (instinto)
em conjunto”, disse Lindstrom. A big data
consiste na recolha de um conjunto de informações sobre as necessidades
encontradas no mercado para que seja possível por parte das empresas preencher as
lacunas existentes. Já a small data
analisa os comportamentos individuais que aparentemente parecem ser
insignificantes de modo a compreender quais as necessidades que cada consumidor
apresenta. A empresa Lego foi uma das empresas que utilizou a small data para combater a queda nas
receitas ao analisar os sentimentos e comportamentos dos seus consumidores.
A
transformação digital beneficia as empresas de várias formas. Melhora o
contacto com os clientes proporcionando-lhes uma experiência personalizada, o
que contribui para uma fidelização dos clientes à organização pois o facto de a
empresa se preocupar com cada um deles mostra que valoriza individualmente as suas
caraterísticas e as preferências. Para além disso, a transformação digital
permite às empresas melhorar a sua eficiência. Os colaboradores conseguem estar
em contacto constante, aceder a dados e a informação. Esta partilha de
informação contribui para a otimização dos processos e permite uma maior
rapidez na resolução dos problemas e melhorar a qualidade do trabalho e apoio
ao cliente.
Quanto
mais eficaz e rápida for uma empresa a resolver um determinado problema mais
vantagem ganha sobre as restantes empresas. Uma empresa aberta às mudanças
tecnológicas consegue adaptar e inovar com mais facilidade os seus processos e
desta forma é capaz de colocar no mercado produtos mais competitivos, que vão
de encontro às preferências dos consumidores.
Torna-se
relevante abordar os três pilares fundamentais da transformação digital, sendo
o primeiro a necessidade de adaptação do modelo de negócio tirando partido das
vantagens tecnológicas. Um exemplo atual de grande sucesso é a Uber. Esta
plataforma de transportes veio tornar o processo mais sofisticado, eficaz e
menos dispendioso. Este modelo de negócio consegue prestar um serviço de
elevada qualidade e bastante dinâmico pois no final de cada viagem o utilizador
pode avaliar diversas componentes da viagem como, por exemplo, a o desempenho e
simpatia do condutor ou a qualidade do automóvel. O segundo pilar está
relacionado com os processos internos. Aqui destaca-se a otimização de
metodologias de trabalho através da utilização de ferramentas de gestão, como
CRM (Customer Relationship Management – apoia o contacto com o cliente) ou ERP
(Enterprise Resource Planning- sistema informático capaz de tratar de todas as
operações diárias de uma empresa). Por fim, o último pilar assenta na relação
com o cliente.
O
IDC DX Performance Scorecard permite medir o sucesso obtido por uma
empresa através da transformação digital, através da análise dos benefícios
diretos e indiretos dos investimentos da transformação digital. Para além
disso, na sua componente de responsabilidade e transparência, estabelece pontos
de referência e responsabilidade para os parceiros da transformação digital.
Permite também traçar a estratégia, fornecendo uma base estratégica para o
planeamento de resultados comerciais, operacionais e tecnológicos das
iniciativas digitais.
A
transformação digital é um desafio complexo e demorado, mas as vantagens para
as empresas são imensas. Ao investir nas tecnologias certas, a empresa está a
potenciar a sua evolução e transformação e a garantir um lugar seguro no
mercado.
Patrícia
Daniela Ribeiro Fertuzinhos
[artigo
de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e
Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário