sexta-feira, 2 de novembro de 2018

e-Commerce: potencialidade à distância de um clique?

Diariamente, somos assoberbados pela tecnologia como uma companheira silenciosa e indiscreta nas 24 horas do dia. Vivemos agora a 4ª era digital, dominada pela cloud, pelo mobile e pela big data. A Internet, por sua vez, dotada de um impacto imensurável e irrevogável nas rotinas diárias, permite-nos chegar a qualquer recanto do mundo, contactar com praticamente qualquer pessoa e, entre outras incontáveis potencialidades, permite que qualquer indivíduo, à distância de um clique, possa vender ou comprar bens ou serviços sem sair de casa.
Assim, surge o conceito de e-Commerce, ou comércio eletrónico, que incorpora todas as compras feitas online. Este conceito aparentemente recente surgiu, na verdade, na década de 60, tendo vindo a assistir-se a um crescimento exponencial, em muito devido à massificação do acesso à Internet e à explosão das redes sociais. Tem, subsequentemente, metamorfoseado a economia mundial, permitindo às empresas incrementar a oferta aos consumidores.
De facto, nos últimos cinco anos, houve um incremento notável de lojas online e de comércio por conta própria, que ganham espaço nas redes sociais com maior adesão, como o Instagram e o Facebook. Paralelamente, é também fácil a constatação do número crescente de “influenciadores digitais”, promotores remunerados de marcas.
No ano transato, a percentagem de população portuguesa que fez compras online foi de 36%, num valor total de 4,73 mil milhões de euros, aos quais se somam 70 mil milhões de euros em negócios online efetuados por empresas e pelo Estado (e em 2025 estima-se que seja de 59%, com um valor de compras da população de 8,9 mil milhões de euros e volume de negócios efetuados pelas empresas e pelo Estado de 132 mil milhões de euros). Todavia, ainda que estes valores sejam promissores, depressa se apreende que o comércio eletrónico em Portugal está longe de ter atingido o seu grau de maturidade. Com efeito, o crescimento verificado em Portugal de 12,5% está “abaixo da média europeia, que se estimava em 13,6%, em 2017, e particularmente aquém dos países no sul da Europa, que terão registado um crescimento de 18%”, pode ler-se num estudo divulgado pela Cushman & Wakefield, que também cita os dados da E-commerce Foundation. Percebe-se então que o potencial de crescimento do comércio eletrónico em Portugal é elevado.
Mas como estão as empresas a adaptar-se a esta nova realidade? “Apenas 39% das empresas portuguesas têm presença online e só 27% fazem negócio através da Internet”, refere Luís Castro Henriques, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), na edição de 2017 do Portugal Digital Summit, “O que quer dizer que 60% das empresas nacionais ainda continua no século XX”. Logo, os cidadãos portugueses já apostam muito no digital, mas os empresários ainda não.
Sob a minha perspetiva, existem vantagens e desvantagens neste “boom” do e-Commerce. Ter uma loja online significa ter o negócio aberto ao público 24h por dia, evitando todas as burocracias de ter um espaço físico. Além disso, até agora não se registaram quebras nas vendas em lojas físicas por causa do aumento das vendas na internet. Por outro lado, problemas com compras online em Portugal suscitaram mais de 2600 queixas de consumidores da União Europeia na Plataforma de Resolução de Litígios em Linha, nos últimos dois anos. E são as empresas portuguesas as que mais motivam queixas dos consumidores nacionais. Pode haver, então, falta de segurança ou insatisfação com as compras efetuadas.
Contudo, na UE estão presentes regras para este tipo de comércio, incluindo direitos que assistem aos consumidores e os meios pelos quais podem obter o ressarcimento de eventuais prejuízos. Adicionalmente, existe a possibilidade de evasão fiscal: a mudança nos modelos de negócio, aliada à constatação que a legislação tem dificuldade em acompanhar a rapidez com que estas atividades se desenvolvem, levam o Fisco a considerar como fundamental a criação de um sistema de monitorização e controlo de operações realizadas por empresas que desenvolvem a sua atividade em plataformas online.
O comportamento dos consumidores tem sofrido transfigurações, sobretudo nos anos mais recentes, e a Internet é uma das causadoras. Consequentemente, o comércio eletrónico aflorou e é agora uma área com muito potencial para se expandir, com um crescimento agilizado. As empresas estão a enfrentar novos e iminentes desafios, onde a adaptabilidade, criatividade e inovação são palavras de ordem. Mas são obstáculos a ser ultrapassados.

Rita Inês Cunha Meira Carvalho

[Bibliografia/Webgrafia]
·        ACEPI
·        Dinheiro Vivo
·        Ecommerce & MKT
·        Expresso
·        Jornal Económico
·        Observador

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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