Entendemos por poupança a ação de não gastar
hoje para gastar no futuro. No entanto, os portugueses são dos principais na
União Europeia a não gostarem muito de o fazer. O presente é algo tangível e
concreto e, portanto, estarmos a restringir o nosso consumo hoje para apenas gastar
no futuro, que é algo incerto e subjetivo. Tal não parece fazer muito sentido
para os portugueses.
Daí,
e com base em dados do Eurostat, Portugal tem a mais baixa taxa de poupança
entre os membros da União Europeia, com as famílias a dedicarem apenas 4%
dos seus rendimentos para esse fim. Porém, é importante realçar que a
preocupação com a poupança aumentou no meio dos portugueses. No primeiro
semestre deste ano, 33,7% dos residentes no continente possuíam uma conta deste
tipo, contra 31,6% no ano anterior. A questão levanta-se: faz sentido os
portugueses pouparem mais e serem os que menos poupam na EU? Claro que sim!
Primeiro,
os portugueses poupam mais porque, cada vez mais, Portugal é um país caraterizado
por constantes alterações cíclicas na economia. Ora estamos a crescer e vivemos
momentos de prosperidade, ora estamos a ultrapassar uma crise cheia de cortes
salariais e aumento dos impostos. Esta inconstância tornou-se tão real para os
portugueses que eles próprios se tornaram mais precavidos. Comprovamos isto ao
observar que, num ambiente onde faria sentido que os portugueses não poupassem,
estes vão contra a história e aumentam a sua poupança. Aliás, 68% dos
portugueses afirmam que o seu principal motivo de poupança são as despesas
inesperadas que possam surgir.
Segundo,
estes são dos que menos poupam porque não existem incentivos para que isso
aconteça. Com a taxa de poupança em mínimos históricos, o montante dos
depósitos praticamente a zero e a taxa de imposto sobre as aplicações de aforro
das mais elevadas da zona euro, os consumidores não têm razões para poupar. É
importante acrescentar ainda que a descida da taxa de poupança é justificada
pelo aumento do consumo, cujo ritmo de crescimento superou o aumento do
rendimento disponível. A despesa de consumo final aumentou 0,9%, enquanto o
rendimento disponível cresceu 0,7%.
Em
suma, mesmo que a consciência dos portugueses comece a ter algum peso aquando
da decisão de poupar ou não, o Estado tem de criar incentivos para que a
poupança aumente. É do conhecimento geral que poupar tem um peso gigantesco no
investimento. Assim, é essencial que a entidade pública incentive o povo
português a poupar para que depois estes possam investir, fomentando o
crescimento económico.
Mafalda Rebelo
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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