sábado, 3 de novembro de 2018

Pelos Caminhos de Portugal

Reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, os destinos turísticos próprios, os recursos naturais e culturais e os produtos diversificados, são aspetos fundamentais a abordar quando pensamos e falamos de Portugal. A história rica e antiga, carateriza a diversidade deste país que nos diz tanto.                             
Assim, a gastronomia regional é um dos motivos principais do crescimento produtivo local, já que existe um constante interesse pela qualidade e diversidade do património Português. O Minho é a terra do bacalhau à minhota, do típico cozido à portuguesa, das famosas papas de sarrabulho, do caldo verde e de tantas outras iguarias cujas receitas vão passando de geração em geração, sendo estas referências únicas e verdadeiras componentes da oferta turística. Deste modo, a riqueza e a variedade da gastronomia do Alto Minho impressionam o verdadeiro turista, que exige acima de tudo originalidade, tradição e qualidade nos serviços prestados.                             
Primeiramente, destacamos uma gastronomia direcionada para o mercado de proximidade, sendo que estes se deslocam para distintas regiões do Minho devido à diversidade e excelência gastronómica que lhes apresentamos e, de seguida, orientada também para o mercado de estrangeiros, onde os turistas acabam por levar uma parte da nossa cultura para os seus próprios países, nomeadamente através dos sabores tradicionais que nos caraterizam.                                                   
Perante o reconhecimento do turismo como um dos mais importantes recursos económicos nacionais, podemos constatar que uma das fontes de criação de riqueza e de diversificação destacada é o turismo em espaço rural. No Norte de Portugal, em pleno coração do Vale do Lima, existe uma terra que merece um destaque particular. Falo de uma das vilas mais antigas do nosso país: Ponte de Lima, um local de histórias e raízes profundas, herdeira de um vasto património e dinâmica envolvente.                        
Atualmente, “é um dos principais destinos turísticos do Norte do país, pela sua vivacidade cultural e artística”, sendo dezenas as feiras e festivais que decorrem durante todo o ano, numa vila que preserva as suas tradições. Consideradas “o maior congresso ao vivo da cultura popular em Portugal”, as Feiras Novas, um dos maiores e mais genuínos arraiais populares do Alto Minho, e o facto de existir um plano de animação suportado pela câmara municipal, são referências nacionais, que atraem milhares de turistas de diversos lugares durante todo o ano.                                                     
Nos últimos anos, Ponte de Lima tem adotado uma estratégia de desenvolvimento que assenta na valorização das suas raízes e potencialidades, nomeadamente dos seus recursos endógenos, que potenciam o crescimento económico. Tais caraterísticas refletem-se no facto de Ponte de Lima ser um dos lugares mais visitados pelos turistas nacionais e internacionais, concentrando o “maior número de unidades de Turismo de Habitação e Turismo em Espaço Rural do país, sendo o Berço de Turismo de Habitação nacional”. Existiu, assim, uma explosão da oferta de unidades de alojamento local e um consequente esmagamento dos preços, o que não faz muito sentido tendo em conta a realidade, visto que não há mercado nem oportunidades para uma oferta tão elevada.
Ainda assim, deve permanecer um interesse primordial a conservação do património natural e cultural e um constante respeito pelos setores tradicionais desta região, nomeadamente ao nível de gestão das unidades turísticas. Ou seja, seguir uma estratégia de preços não é de todo o mais correto, mas sim um serviço personalizado, onde os valores locais e tradições prevalecem.
É ainda, importante destacar a riqueza que a carateriza em termos gastronómicos e de recursos naturais e patrimoniais, que, por sua vez, acabam por impulsionar o turismo rural e permitem o crescimento económico.                                                               
Recentemente, o Algarve foi distinguido como a “Melhor Região Europeia em Turismo e Gastronomia 2018”, o que se destacou como um importante prémio que veio dar reforço ao desenvolvimento da oferta turística. No entanto, a meu ver, devido à sua antiga tradição e diversidade de sabores, a gastronomia minhota é vista como uma relíquia e, como tal, esta apresenta caraterísticas bastante atrativas.
Hoje em dia, sabemos que o verdadeiro turista procura originalidade, autenticidade e qualidade nos produtos e serviços prestados, ou seja, querem viver experiências únicas que permitam a inserção na tradição e costumes do local. Como tal, na minha opinião existe um conjunto de fatores essenciais que atribuem vantagens competitivas a este território, onde o objetivo passa por maximizar o potencial do Minho enquanto destino gastronómico de excelência, através da valorização e preservação dos seus recursos endógenos. Assim sendo, a gastronomia regional é uma oportunidade única de conquistar o interesse desses mesmos turistas pelo nosso património, como também é um motivo de crescimento produtivo local.
Conclui-se que deve existir uma relação direta entre a gastronomia e a cultura, tradição e o património, já que a sua preservação significa manter tradições ancestrais que marcam a identidade do que é “ser português”. Num país tão pequeno como o nosso, em distâncias curtas conseguimos encontrar tradições muito distintas, o que traduz o conceito de riqueza e qualidade que Portugal oferece, através não só da nossa gastronomia tradicional típica mas também dos produtos únicos da nossa cultura.
A meu ver, Portugal é um dos países mais ricos em termos gastronómicos e culturais e, como tal, uma forte aposta na promoção da gastronomia local e tradicional seria o elemento diferenciador para o contínuo reconhecimento do património português e das suas caraterísticas tão próprias, de forma a impulsionar a economia portuguesa e desenvolver a economia local. Nesses contexto, deverá ser estabelecida uma ligação clara entre as viagens e a comida, dando a conhecer a região através de pratos e experiências à mesa, de forma a levar as iguarias e o património nacional aos mais diversos lugares mundo.

Maria João Barros Gonçalves

Referências:

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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