Tendo
em conta o cenário mundial atual, as energias renováveis estão cada vez mais a desenvolver
um importante papel no progresso económico. O uso deste tipo de energia possui
muitos benefícios potenciais, nomeadamente a diminuição da emissão dos gases de
efeito de estufa, a diversificação dos fornecedores de energia e uma diminuição
da dependência dos combustíveis fósseis. O incremento da atividade neste setor
tem, de igual forma, o potencial de estimular o emprego através da criação de
postos de trabalho em novas tecnologias “verdes” o que, na minha opinião,
revela ser um ponto bastante vantajoso para a atividade económica.
Segundo
dados expostos em junho de 2018 pelo Eurostat, a produção primária de energias
renováveis na EU-28, em 2016, foi equivalente a 211 milhões de toneladas de
petróleo. Tendo em conta este número elevado, a quantidade de energia renovável
produzida na EU-28 cresceu no total em 66,6%, entre 2006 e 2016, equivalente a
um acréscimo médio de 5,3% por ano. Portugal não se deixa ficar atrás e
mantém-se na liderança como o terceiro país da União Europeia com maior
percentagem das suas necessidades energéticas satisfeitas através de energias
renováveis, segundo um recente estudo do Eurostat. Juntamente com Portugal
encontra-se a Dinamarca, ambos com 54 % da energia consumida de origem
renovável. Em primeiro lugar temos a Áustria, com 73%, seguida da Suécia, com
65%. Abaixo de Portugal e Dinamarca temos, para completar o top 5, a Letónia
com 51%.
Considerando a informação supramencionada, não é de admirar
que apesar do crescimento da atividade económica, em 2016, se tenha registado
um decréscimo do impacto ambiental em Portugal. Tal fenómeno não acontecia
desde 2010, segundo o Instituto Nacional de Estatística. Os três indicadores
analisados no relatório publicado pelo INE, este outubro, são o Potencial de
Aquecimento Global, o Potencial de Acidificação e o Potencial de Formação de
Ozono Troposférico. Segundo o estudo, estes três indicadores ambientais
decresceram relativamente ao ano anterior, consequência da diminuição das
emissões da maior parte dos gases que contribuem para o seu cálculo.
Contrariamente, o Valor Acrescentado Bruto (VAB), a preços base, cresceu 1,6%.
Olhando
para um horizonte temporal mais alargado, verifica-se que os mesmos indicadores
têm revelado descidas significativas entre 1995 e 2016, ao contrário da
atividade económica ,que registou um aumento em volume de 28,5%.
Em relação aos diversos ramos da atividade económica, registou-se
um significativo decréscimo da intensidade de emissões de gases com efeito de
estufa no ramo da Energia, Água e Saneamento, no valor de -40,4 %, quando em
comparação com 1995. No entanto, o mesmo foi considerado, em 2016, como o ramo
de atividade que mais contribui para o Potencial de Aquecimento Global,
apresentando um valor de 31,1%.
A
forma de energia renovável com um maior peso na produção de energia elétrica é
a hídrica, o que, na minha opinião, pode ser preocupante. Apesar da energia
eólica e solar estarem a crescer, uma dependência na energia hídrica é sinónimo
de uma dependência dos níveis de precipitação. Com todas as inconsistências na
meteorologia causadas pelo aquecimento global, com anos de seca e outros de
chuva intensa, as energias “amigas do ambiente”, que representam
sustentabilidade a longo prazo e consequentemente um crescimento económico
saudável para o planeta, estarem sujeitas a algo que é tão volátil como a
meteorologia, devido às repercussões já visíveis do aquecimento global, é algo
que se deve tentar corrigir.
Uma
crescente aposta nas produções de energia eólica, solar fotovoltaica e a
ondomotriz, mais conhecida como energia das ondas, sendo esta última, na minha
opinião a mais óbvia de ser explorada devido à localização geográfica de
Portugal, seria vantajoso para o país. Desta forma, seria possível tirar o peso
da energia hídrica e, assim, quebrar a ligação entre as emissões causadoras do
Potencial de Aquecimento Global e os níveis de precipitação, o que faria com
que a análise da associação entre o PAG e o VAB não fosse tão influenciada
pelos níveis de pluviosidade.
Margarida Natal Mendes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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