Não é novidade para os
portugueses que a população do nosso país está a tornar-se cada vez mais envelhecida.
Surge assim, pela primeira vez, março de 2018, o “Ageing Summit”, em Serralves,
Portugal. Tratou-se de uma cimeira sobre o envelhecimento populacional
português, onde estiveram presentes vários nomes de grande importância,
conhecidos nacional e internacionalmente, tais como Nelson Machado, John
Farrell e Javier Ganzarain.
O evento, constituído por
4 conferências, começou por abordar o envelhecimento demográfico, ou seja, a
reconfiguração demográfica e os desafios e as políticas públicas e sociais. De
seguida, questionou-se como se pode proporcionar um envelhecimento ativo e
saudável para que posteriormente se possa falar sobre inovação e investimento.
Por último, temas como a gestão de reformas e realidade e ainda as tendências
do consumo sénior foram também tratadas.
Assim sendo, fazendo uma
análise mais detalhada, o índice
de envelhecimento é a relação existente entre o número de idosos e a população
jovem numa certa região, concretamente, é o número de residentes com 65 anos
(ou mais) por 100 residentes com menos de 15 anos. Os últimos dados do
INE - Instituto Nacional de Estatística - demonstram Portugal como um país
desequilibrado e envelhecido.
Vários estudos são realizados
todos os dias de modo a aumentar a esperança média de vida. Neste seguimento,
um estudo iniciado em 2011 em Espanha, com o objetivo de prolongar a esperança
média de vida a quem sofre de doenças associadas ao envelhecimento prematuro
(atualmente sem cura), permitiu aumentar em 65% a esperança média de vida de
ratos de laboratório devido a duas moléculas experimentais (epz-5676 e epz-4777).
Será possível que isto
seja aplicado em seres humanos? Quase de certeza que sim. No futuro, poderá ser
possível tratar doenças ligadas ao envelhecimento precoce. Sendo que,
atualmente, as moléculas já estão a ser testadas em seres humanos com leucemia
mieloide crónica. O médico responsável pela investigação afirma que nos ratos
saudáveis também se verificou um efeito rejuvenescedor, o que poderia
significar uma esperança média de vida até aos 135 anos. Será isto uma boa
novidade para Portugal em termos económicos?
Para Portugal, entre 2000-2050,
as projeções revelam que o envelhecimento da população vai continuar devido ao
aumento da esperança média de vida e também devido a uma taxa de natalidade
baixa. Esta pode vir a ser atenuado com a verificação de saldos migratórios
positivos, no entanto, não vai evitar que tal fenómeno aconteça.
Por volta de 2030, a
população de Portugal vai ficar abaixo do limiar de 10 milhões de pessoas. No seguimento disto, entre 2015-2080, o número de
jovens diminuirá de 1,5 para 0,9 milhões e o número de idosos passará de 2,1
para 2,8 milhões. Assim sendo, o índice de envelhecimento vai duplicar, ou
seja, para cada 100 jovens em vez de 147 idosos passarão a ser 317, em 2080.
É de salientar que a
população em idade ativa diminuirá de 6,7 para 3,8 milhões de pessoas. Assim
sendo, o índice de sustentabilidade poderá
diminuir de forma acentuada, devido a esse decréscimo. Este índice passará de
315 para 137 pessoas em idade ativa, por cada 100 idosos.
Vendo desta perspetiva, as expectativas para Portugal não são favoráveis
e o mesmo acontece noutros países desenvolvidos, visto que a taxa de natalidade
é baixa e a esperança média de vida tem vindo a aumentar. Assim, o
envelhecimento demográfico traduz alterações na distribuição etária da
população, sendo as idades mais avanças em maior proporção. É ainda possível
afirmar, segundo o INE, que no conjunto dos 28 Estados Membros, Portugal
apresenta o 3º valor mais baixo quando se fala no índice de renovação da
população em idade ativa e o 5º valor mais alto para o índice de envelhecimento.
Para além disso, é o 3º país que apresenta um maior aumento da idade mediana
entre 2003 e 2013. Portugal, Malta, Eslováquia e Croácia são os países que vão
assistir com uma maior rapidez à pressão efetuada por este acontecimento.
Este fenómeno trará um
desafio aos serviços públicos de saúde e de Segurança Social. Assim sendo, para
a avaliação orçamental, vai ser cada vez mais importante como os Governos
adaptam os seus sistemas de cuidados com a saúde ao envelhecimento
populacional.
Na minha opinião, as
descobertas feitas pelos médicos-cientistas são positivas na perspetiva dos seres
humanos. No entanto, enquanto estudante de Economia, tenho que ser realista ao
ponto de afirmar que podem ser más notícias para a economia portuguesa, visto
que trará desafios devido à queda do número de pessoas em idade ativa e ao
aumento do número de pessoas em idade não ativa. Deste modo, acho que
iniciativas como o “Ageing Summit” bastante importantes porque ajudam a
perceber e colmatar problemas futuros.
Francisca Nogueira da
Cunha
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia
Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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