As empresas portuguesas têm vindo a aumentar o seu investimento em tecnologia, embora de forma gradual. Com a comprovação da
importância da tecnologia para o desenvolvimento e inovação, os entraves
colocados ao investimento foram perdendo força e, atualmente, a maioria das
empresas afirma estar a investir mais nas TIC. Estas,
estão conscientes de que a transformação digital dos negócios já se iniciou,
mas consideram
que o fenómeno ainda se encontra numa fase inicial. Além disso, os investimentos das
empresas portuguesas concentram-se sobretudo em tecnologias mais consolidadas,
sendo que há uma menor aposta em tecnologias com maior potencial disruptivo. Estes investimentos,
muitas vezes, não se integram no planeamento estratégico das empresas, pelo que
toda esta atividade pode ser “supérflua” ou mesmo um “desperdício”.
Com a
implementação destas novas tecnologias, existe um foco acrescido na eficiência operacional, isto é, numa gestão que
permita atingir os objetivos usando menos recursos, não implicando assim
diminuir os investimentos, mas aplicá-los de forma inteligente. Desta forma, os
custos iniciais do investimento em tecnologia serão compensados pela poupança a
longo-prazo dos restantes recursos.
O último estudo desenvolvido pela Ricoh acerca do local
de trabalho digital, que incluiu 1608
diretores de PME, incluindo 77 portugueses, concluiu que metade dos diretores
de PME europeias (51%) está a introduzir novas tecnologias no trabalho, com o
objetivo de responder com mais brevidade às tendências e oportunidades do
mercado. Portugal está acima da média da Europa. Cerca de 60% dos líderes das
PME portuguesas procede, atualmente, à introdução de novas tecnologias no
ambiente laboral.
A maioria dos diretores das PME europeias (86%) afirma
estar focada na melhoria da agilidade empresarial. Em Portugal, 82% dos líderes
das organizações afirma que existe esta preocupação no seio do trabalho. Para
52% das PME europeias, a ausência de renovação das tecnologias e a sua inadaptabilidade
às necessidades atuais poderão conduzir a um fracasso no local de trabalho no
prazo máximo de cinco anos. No caso português, 61% dos diretores das PME
concorda com a projeção Europeia.
Os decisores responsáveis das PME dão prioridade à
tecnologia que aborda diretamente as necessidades básicas dos colaboradores. As
PME portuguesas consideram que a automatização (69%), a análise de dados (70%),
a gestão de documentos (74%) e os sistemas de videoconferência (65%) são os
fatores que terão um impacto mais positivo na empresa.
O estímulo à produtividade e à inovação leva à adoção de
tecnologias mais inteligentes no local de trabalho, sendo este um fator
considerado primordial para o sucesso empresarial. De acordo com a realidade
laboral de 68% dos inquiridos portugueses, a tecnologia situa-se no centro da
capacidade da sua organização, evidenciando a importância que as PME atribuem à
digitalização das empresas. Os departamentos de Finanças (57%), Marketing (49%)
e de Operações (42%) são os que consideram prioritária a introdução de novas
tecnologias.
Numa segunda fase do estudo identificam-se três questões
que estão a bloquear o desenvolvimento tecnológico das PME, sendo estas: a
rigidez dos processos regulamentares; a hierarquia dentro da empresa; e a tecnologia
insuficiente.
No caso, da rigidez dos processos regulamentares, os
diretores queixam-se da excessiva regulação dos governos e dizem que o excesso de precaução
leva a que prestem menos atenção aos processos internos (2 em cada 5 diretores das PME europeias
afirmam que os governos que regulam a indústria atuam como uma barreira em
numerosas ocasiões). No que à hierarquia dentro da empresa diz respeito, 35% das pessoas
consultadas afirmaram que a estrutura interna da empresa muitas vezes impede a
capitalização das alterações do mercado. Já no que à tecnologia insuficiente
afeta, as PME consideram que a tecnologia que têm à disposição em alguns casos
é insuficiente, sendo que 37% das empresas fala da falta de recursos para
investir em novas tecnologias, o que as obriga a selecionar os investimentos de
forma mais inteligente.
A título ilustrativo, conclui-se
que, em 2021, mais de metade da economia global irá derivar da economia
digital. As operações, vendas e relações empresariais com base na digitalização
vão aumentar o crescimento em todas as indústrias. Presume-se ainda que, em
2020, os investidores vão focar-se na utilização de ecossistemas, no valor dos
dados e na métrica da relação com os consumidores para avaliar as empresas e os
negócios. Já num futuro próximo, em 2019, a expectativa é de que a despesa com
capital para a transformação digital chegue aos 1,7 biliões de dólares, um
aumento de 42% face a 2017.
Não obstante, podemos constatar que Portugal
ainda está aquém quando comparado com outros países, sendo que as TI das empresas portuguesas estão entre 4 a 5 atrasadas. Segundo os dados
da IDC, apenas 37% das organizações nacionais têm uma estratégia de
transformação digital alinhada com a estratégia de negócio. Nos Estados Unidos,
a percentagem é de 50%. Estima-se que em 2021 mais de metade da economia
mundial esteja digitalizada, sendo que, em Portugal, na mesma altura, apenas
30% das empresas estará. Tal deve-se sobretudo ao facto de grande parte das
organizações portuguesas não conseguirem compreender a transformação digital de
uma forma transversal, como a capacidade de repensar os processos, a
experiência do ecossistema e o desenvolvimento de novos produtos e serviços com
base nas tecnologias da terceira Plataforma e Aceleradores de Inovação.
Portanto, conclui-se que Portugal ainda tem um longo caminho a
percorrer no que ao desenvolvimento e adoção tecnológica diz respeito.
Os entraves que se opõem ao investimento falam mais alto, principalmente em
épocas de crise económica. Porém, verificamos
que nos encontramos num período de transição e, de uma forma
generalizada, já se começa a observar o aumento do investimento nas TIC, que tem tendência a continuar.
Isto terá consequências positivas na eficiência operacional e no crescimento
económico do país, devendo ser, portanto, esta uma preocupação generalizada.
Assim, é de evidenciar que o futuro é
tecnológico, sendo este um tipo de investimento que cria uma riqueza sustentada
e fundamental para o crescimento do país. Contudo, estamos numa fase inicial.
No entanto, a continuar assim, o futuro adivinha-se risonho.
Luís
Silva
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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