A
mobilidade social é um conceito que se refere ao deslocamento de indivíduos e
grupos entre posições socioeconómicas diferentes. A mobilidade entre a posição
de pais e dos seus filhos define-se como mobilidade intergeracional e a
mobilidade durante o tempo de vida de um indivíduo é chamada de mobilidade
intrageracional.
A
mobilidade social é um indicador bastante importante pois está conectada com a
igualdade de oportunidades que é um princípio fundamental para uma sociedade
democrática. Boas perspetivas de mobilidade social ascendente aumentam a
satisfação e bem-estar da população e reduzem a probabilidade de ocorrência de
conflitos sociais. Pelo contrário, baixas expectativas de mobilidade social
podem reduzir a participação democrática dos cidadãos ou dar força a
extremismos políticos e ao populismo.
Segundo
estudos recentes, nomeadamente da OCDE, há uma perceção de que a mobilidade
social tem diminuído. Existe também um maior número de pessoas que consideram a
situação patrimonial dos pais como um fator crítico da vida dos filhos e também
um pessimismo crescente quanto à possibilidade de melhorarem a sua situação
financeira pessoal, quer no curto prazo quer ao longo da sua vida. O pessimismo
também domina em Portugal, sendo que 58% dos pais portugueses temem que os
filhos não consigam ter o estatuto e conforto que eles tiveram.
O
estatuto socioeconómico influencia acentuadamente as perspetivas de
empregabilidade, a qualidade de emprego, a saúde, educação e outros aspetos que
interferem no bem-estar dos cidadãos. O círculo vicioso gerado por uma fraca
educação, baixas qualificações e baixas perspetivas de emprego pode prender as
pessoas a situações em que estão mais facilmente expostas a perigos e à
violência. Também a saúde dos cidadãos é influenciada pelo seu meio de origem e
riqueza da sua família.
Começando
a falar em dados, desde 1990, tem havido uma tendência de maior permanência dos
indivíduos no topo e no extremo inferior da cadeia e, quando há mobilidade no
extremo inferior, geralmente deve-se a alterações temporárias no rendimento e
não a uma carreira sustentável.
A
mobilidade no que diz respeito aos rendimentos é maior na classe média, o que proporciona
não apenas mais oportunidades comparativamente aos outros grupos, mas também
implica um maior risco de descida na cadeia, estando os indivíduos mais
vulneráveis quando ocorrem eventos inesperados, como perda de emprego ou
divórcio.
Portugal
tem um grau de mobilidade menor que a média da União Europeia, mas a tendência
tem sido para convergirem. O número de gerações que uma família dos 10% mais
pobres da população demora a chegar ao rendimento médio do país é de 5(gerações)
em Portugal e de 4,5 como média da OCDE. Este valor é menor nos países
nórdicos.
Em
Portugal, a mobilidade relativa à educação e a profissões é das mais baixas da
OCDE, ou seja, a probabilidade de um indivíduo ser bem-sucedido na sua carreira
académica e profissional está altamente ligada ao contexto socioeconómico e ao
nível de qualificações dos pais. Por exemplo, dos indivíduos cujos pais são
trabalhadores manuais, 54,5% são trabalhadores manuais e apenas 8,8% são
gestores, comparativamente com 36,5% e 24,1% na OCDE.
As
soluções para aumentar a mobilidade social e a igualdade de oportunidades abrangem
áreas muito distintas, começando pela identificação de crianças em risco e disponibilização
de uma orientação especial tentando dissuadi-las de comportamentos negativos e
ajudando-as a traçar o seu caminho escolar e profissional. Relativamente à
escolaridade, é importante que a qualidade de ensino não varie de acordo com as
origens da pessoa. Também é importante providenciar formação a desempregados
que lhes permita atualizar as suas competências, adaptando-se ao mercado de
trabalho. Outras soluções passam por providenciar habitação de baixo custo em
zonas de classe média, combatendo a segregação, e também por políticas que afetem
a acumulação de riqueza, como taxas sobre heranças ou património.
Na
minha opinião, considero que uma mobilidade social elevada proporciona um bom
clima social, em que as pessoas sentem que podem subir na vida através do seu
mérito. Relativamente a soluções, além de apoiar as soluções anteriormente
mencionadas, como estudante universitário, penso que um sistema de
financiamento como o estabelecido no Reino Unido, em que as propinas são
taxadas apenas nos futuros salários dos estudantes, seria uma alteração a
estudar pois poderia permitir que menos estudantes desistissem devido a
dificuldades financeiras e mais pessoas de camadas sociais baixas optassem pelo
ensino superior.
Jorge Carneiro
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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