Hoje
em dia, com o desenvolvimento das tecnologias e a evolução do conhecimento
acerca do ser humano, somos sempre alvo de observação na sociedade em que
vivemos. Qualquer que seja a hora a que nós acordemos, a nossa rotina diária e
a nossa organização são alguns dos fatores que variam de pessoa para pessoa e
que bem combinados tornam possível atingir um máximo de produtividade no
trabalho e nas relações pessoais.
Neste
artigo irei abordar o facto de alterarmos a hora no nosso horário de verão e
inverno e o impacte que esta ação tem ou pode ter no trabalho e na
produtividade dos trabalhadores, além da movimentação da economia.
Para
aqueles mais desatentos, que pensam que a mudança de hora pouco afeta na vida
das pessoas ou que só afeta as horas que se dedicam a dormir, convirá deixar
claro que não poderiam estar mais enganados. Na madrugada de sábado para
domingo (26 para 27 de outubro), os ponteiros foram atrasados 60 minutos e entrámos,
portanto, no horário de inverno. A mudança da hora, além da possibilidade
imediata de dormir mais uma hora, segundo estudos já feitos, causa benefícios
para a saúde na exposição solar, que pode ser mais prolongada. Num estudo feito
com base em dados recolhidos no território, concluiu-se que o corpo humano
necessita de pelo menos 14 dias para se adaptar completamente à mudança da
hora. Enquanto isso, sintomas como falta de atenção, dificuldades de memorização,
sono fragmentado, dores de cabeça e alterações nos ritmos cardíacos são, o que
por si só tem consequências no trabalho realizado.
O
início desta mudança para o horário de inverno foi uma medida criada há mais de
200 anos, mas tornou-se mais usual durante a I Guerra Mundial, devido à
escassez de carvão, o que obrigou assim a uma adoção de uma estratégia que
permitisse poupar energia, sendo então bem vista uma vez que permitia diminuir
o consumo de energia e tirar o melhor partido possível da luz do dia.
Atualmente,
com a evolução das tecnologias, esta poupança energética praticamente não
existe uma vez que praticamente é tudo mais eficiente e bastantes tarefas do
nosso dia necessitam na mesma de energia, como lavar a roupa, o aquecimento
interior, trabalhar no computador ou mesmo o tráfego automóvel.
Quando
entra o horário de Verão, é comum dizer-se que a mudança da hora tem um impacte
positivo na economia pois os setores do retalho e do turismo beneficiam
principalmente da hora extra de luz nas tardes de Verão, que permitem que os
clientes fiquem mais tempo nos estabelecimentos para aproveitar a luz do dia e
a temperatura mais agradável, aumentando o consumo nos bares. Também com os
dias mais longos e a escurecer mais tarde, as pessoas sentem-se mais seguras
para ficar até mais tarde na rua, o que permite também ao comércio criar
possibilidade de maiores vendas. Por outro lado, há pessoas que no horário de
verão estão disponíveis para trabalhar até mais tarde uma vez que estão
habituadas a sair do trabalho mais no escurecer do dia. Mesmo estes
trabalhadores se saírem do trabalho e ainda estiver de dia, muitas vezes,
empolgam-se e param num café ou num restaurante. No entanto, também há algumas
indústrias que sofrem com esta alteração da hora, como a agricultura, uma vez
que esta atividade se orienta muito pela luz solar.
Em
versão inversa, quando falamos no horário de Inverno, pensamos que tudo
acontece ao contrário, pois retiramos uma hora de luz às tardes para a colocarmos
de manhã. De facto, a diminuição da luz do dia ao final da tarde, no outono ou
no inverno, afetam e muito a vida das pessoas. Em primeiro lugar, o nosso
estado de humor ao sair do trabalho ou da escola de dia ou de noite é
completamente diferente e a nossa disponibilidade para irmos a um café ou a um
restaurante de noite é menor. Além disto, afeta e muito a segurança rodoviária,
principalmente nas horas de ponta, que nesta época já se começa a fazer
essencialmente às escuras, precisamente quando a visão diminui e quando começam
a ocorrer mais acidentes.
No
entanto, ao imaginarmos que não havia mudança na hora e que não entraríamos em
horário de inverno, as consequências seriam que, entre meados de novembro e
meados de janeiro, teríamos o sol a nascer sempre perto das 8h e mesmo no final
do ano teríamos o sol a nascer depois das 8h, ou seja, isto condicionaria muito
as nossas vidas, umas vez que as pessoas aos entrarem no seu trabalho ou na sua
escola às 8h da manhã ainda não teriam luz em quantidade suficiente para o seu
sistema “acordar”. Assim, em vez do tráfego ser feito ao final da tarde já
escurecido era feito de manhã, com as luzes acesas e com pouca iluminação, o
que em conjunto com um corpo ainda meio adormecido prevê um número ainda maior
de acidentes.
Uma
coisa é certa, o Parlamento Europeu já aprovou o fim da mudança da hora nos
Estados-membros em 2021, e esta discussão ainda está em cima da mesa.
André Oliveira
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
Sem comentários:
Enviar um comentário