Valença do Minho
é o terceiro concelho mais a norte de Portugal, com uma localização
privilegiada, fazendo fronteira com Tui, Espanha. Tem cerca de 14 mil
habitantes e, a 12 de junho de 2009, viu o seu estatuto elevado ao de cidade,
apesar de usufruir somente do “rótulo” e dos requisitos mínimos para ser a
segunda cidade do distrito.
De há uns anos
para cá, a autarquia tem vindo a criar e desenvolver reformas com o intuito de
colocar Valença no “mapa de investimentos” das empresas e na rota do cidadão
comum quando este procura uma nova morada ou uma nova viagem. Vários são
os métodos municipais colocados em execução e que afetam o alojamento, setor
empresarial, turismo e recuperação de edifícios. Na questão do alojamento, temos
a taxa de IMI que se encontra nos valores mínimos legalmente exigidos (0,3%) e,
ainda dentro do alojamento, foi estabelecido um corte que poderá ir até aos 95%
em todas as taxas ao longo do procedimento administrativo dependendo da
freguesia em questão, para além de uma redução de 50% nas compensações em
prédios e alojamentos. Este conjunto de medidas tem como objetivo absoluto
fixar os valencianos.
Um ponto
interessante é o de, sendo Valença sobejamente conhecida pelo seu centro
histórico e precisando este de reformas profundas, o município apostou na
isenção de qualquer taxa na recuperação de imóveis no centro histórico, com um
IVA de 6% em empreitadas e benefícios fiscais IMI, IMT, IRS, entre outros.
Apesar de ver com bons olhos estas medidas que visam tornar a zona amuralhada
habitável, na minha opinião, dever-se-ia apostar também em reformas que
dinamizassem a fortaleza como um espaço noturno. Para tal, deveriam ser criados
incentivos para que os espaços noturnos existentes na cidade se pudessem
transferir para a fortaleza e os que se viessem a criar se sediassem lá. Um dos
incentivos, a meu ver, poderia ser a isenção de IMI nos primeiros cinco anos,
que iria colmatar uma boa parte do investimento privado necessário nessa
reforma. Transformando uma parte do centro histórico num espaço noturno - como
aliás acontece no município raiano de Tui, também ele com uma fortificação
amuralhada - aliando à dinamização de atividades culturais, Valença
tornar-se-ia num espaço mais atrativo, indo ao encontro de um dos objetivos que
é impulsionar o turismo.
Sendo já um
concelho muito procurado por “nuestros hermanos”, tanto pela componente
histórica como pelo comércio, Valença precisa de mais: de os fazer pernoitar.
Isto é, deixar de ser apenas local de passagem e passar a ser lugar para estar.
A pensar nisso foi lançado um incentivo que se baseia numa redução de 50% nas
Taxas de Emissão do Alvará de Obras em empreendedorismo turístico. Além de
incentivos, também têm sido assinados protocolos, como é o caso da Eurocidade
Valença-Tui, que visa a cooperação entre os dois concelhos desde o desporto à
cultura, passando ainda por outras áreas de interesse mútuo.
Com o enfoque na
área empresarial, de modo a ultrapassar o máximo de 1587 empresas em 2017,
foram postos em prática dois incentivos. A taxa de derrama de 0,5% e 1,5% sobre
o lucro tributável sujeito e não isento de IRC para empresas com um volume de
negócios inferior e superior a 150.000€, respetivamente, é uma delas, que à
semelhança de outros concelhos, visa diferenciar as empresas pelo seu volume de
negócio, o que dá uma maior flexibilidade às de volume inferior - isto faz todo
o sentido dadas as condições da cidade, em que 70% das empresas não têm volume
negócio acima desse valor, permitindo-lhes uma maior canalização dos recursos
para o seu desenvolvimento/expansão.
O outro
incentivo é a redução em 50% nas taxas de emissão do alvará de obras ou
admissão de comunicação prévia para investir na indústria ou instalar uma
empresa na zona industrial. Esta medida deu já o seu primeiro fruto: duas
unidades de capital espanhol e uma de capital português investiram cerca de
20.000.000€ em Valença, em setembro deste ano, tendo adquirido cerca de 70 mil
metros quadrados de terreno à Interminho.
Muito além dos
incentivos fiscais, foi criado o projeto “Valença Financia”, que se baseia numa
parceria entre a Câmara Municipal de Valença, Caixa de Crédito Agrícola, o
IAPMEI, a Norgarante e a Escola Superior de Ciências Empresariais. Este tem
como objetivo estimular e orientar investimentos com um aporte de 10 mil euros
por projeto com taxa Euribor a 180 dias e um spread de 1,5%. O projeto, não se focando apenas no financiamento
de ideias mas também no acompanhamento do projeto e na sua execução, terá todas
as condições para vingar assim que passar do papel à prática. Outro projeto
criado foi a “Fábrica do Empreendedor”, que tem técnicas de emprego e de
empreendedorismo prontas a receber desempregados que procuram emprego e
empreendedores que queiram potenciar e viabilizar a sua ideia de negócio. O
serviço prestado é grátis e tem vindo a dar resultados: de maio a 31 de outubro
deste ano, a equipa tem vindo a acompanhar 33 empreendedores e 47
desempregados, sendo que 26 já estão reinseridos no mercado de
trabalho.
Valença é uma
cidade que tomou uma perspetiva de futuro. Tem vindo a desenvolver projetos e
incentivos que apostam no efeito multiplicador do investimento e, sobretudo,
tem dado a conhecer o seu nome e o seu potencial. Mas o tango só se dança a
pares, como é comummente dito, portanto terá de haver um papel ativo não só por
parte da autarquia como da população, o que nos últimos anos tem sido um
entrave ao desenvolvimento.
Rui
Pedro Lopes
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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