Cada
vez mais nos apercebemos de estar cercados de mais e novas lojas, mais
prestadores de serviços e mesmo novos serviços que até então não existiam. A
este crescimento do número de empresas associo a necessidade crescente de dar
resposta à contínua procura de novas tecnologias e ao aumento do consumo por
parte da população. Outro fator importante nesta variação é o crescimento do empreendedorismo.
Verificou-se
em Portugal, até ao mês de outubro, um aumento de 4 021 empresas constituídas
relativamente ao período homólogo do ano anterior. Aumento este superior ao registado
em 2017 (+3 587). Com um total de 42 026 empresas constituídas por todo o
país, Lisboa, Porto e Setúbal são os distritos que mais contribuição apresentaram
para este valor, somando 59,4% do total. Associados a estes valores estão
diversos setores com grandes crescimentos, entre eles os Transportes (+ 125,9%)
e a Eletricidade, Gás e Água (+ 72,4%). O Comércio por Grosso e a Hotelaria e
Restauração foram os únicos setores que não apresentaram valores positivos,
pelo contrário, tiveram menos empresas a ser constituídas este ano.
Segundo
a Informa D&B, em 2018 bateu-se o
record do maior número de empresas criadas desde 2007. Olhando para os dados
apresentados relativos a 2019, acredito que prever que este ano voltaremos a
fazê-lo seja seguro. Quase metade do total de empresas constituídas referentes
a 2018 estavam ligadas ao setor do turismo, setor este que tem tido uma grande
contribuição para o crescimento da economia portuguesa.
Na
minha opinião, a justificação para o crescimento apresentado por setores como
os Transportes e a Eletricidade, Gás e Água é a existência de novas oportunidades
que tornam lucrativa a entrada de empresas novas no mercado. Olhemos para este
último setor: desde 2006 que o mercado da energia elétrica é livre, permitindo
ao consumidor a escolha do seu fornecedor. No entanto, apenas nos últimos 2
anos se tem apresentado um aumento bastante acentuado da concorrência neste
mercado, acompanhado pela contínua perda de quota de mercado da EDP, há 17
meses consecutivos. Relativamente aos transportes, a inovação da tecnologia e
criação de novos e variados serviços têm permitido o nascimento de mais empresas
neste setor. Exemplos disso são a MUB cargo, que é uma plataforma digital
incubada na Startup Braga e que simplifica
o transporte de mercadorias, focando-se no setor empresarial, e as Circ, Hive,
Bird, entre outras, que são empresas de trotinetes elétricas partilhadas, serviço
este que até há relativamente pouco tempo não existia em Portugal. O aumento da
utilização deste serviço por parte da população continua a tornar rentável a
entrada de mais empresas no mercado português. O crescimento do consumo tem-se
mostrado um dos principais impulsionadores não só do aumento do PIB mas também
do aumento do emprego no nosso país.
Outro fator que, a meu ver, também influencia o crescimento
do número de empresas é o aumento do investimento em start ups. Em alguns países, este investimento está a caminho de
alcançar o dobro do realizado em 2018. A consecutiva melhoria do bem-estar e da
tecnologia são razões para o ótimo desempenho destas empresas. Podemos “culpar”
a internet por grande parte deste crescimento por não só funcionar como uma
plataforma para aplicações e serviços inovadores como, também, por ser um meio
vital para a partilha de notícias relativas às inovações com possíveis
consumidores e investidores. Esta abundância de oportunidades gera o aumento da
concorrência, que por sua vez faz aumentar o risco e as taxas de encerramentos
e falências de empresas. No entanto, como podemos comprovar, um número record
de empreendedores e investidores estão preparados para assumir esse risco. A
cada ano, os jovens empreendem menos por necessidade e estão cada vez mais
atentos às oportunidades do mercado. Segundo o GEM, 47% dos empreendedores
jovens são motivados pelas oportunidades de aumento dos seus rendimentos e da
sua independência e apenas 23% deles o são por necessidade. Um estudo associa
esta motivação ao papel das universidades não estar apenas associado à transferência
de conhecimento, mas também à sua contribuição para a criação de pensamentos e
ações empreendedores.
Concluindo, comprovamos que o nosso país apresenta imenso
potencial para crescimento e inovação fazendo com que continuemos a alcançar
novos máximos. A contínua diminuição de encerramentos e processos de
insolvência de empresas face a anos anteriores permite-nos concluir que, de
facto, os valores de crescimento têm impacto positivo na economia portuguesa e
não são apenas um dos lados da moeda em equilíbrio. Resultados como estes geram
maior vontade de empreender e inovar em jovens prestes a terminar uma das etapas
do ensino superior.
Bruna
Torres
Referencias:
Jornal de Negócios, Iberinform,
Informa D&B e GEM.
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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