Terminou, recentemente, mais
uma edição da Web Summit. No caso de ter
passado despercebida, a Web Summit trata-se
da maior conferência de tecnologia da Europa. Num curto espaço de tempo reúnem-se
no mesmo local CEOs e fundadores de start-ups
com um conjunto alargado de pessoas do panorama tecnológico. Originalmente,
este evento ocorria em Dublin, mas em 2016 o cenário mudou. Esta conferência, a
partir desse ano, passou a realizar-se em Lisboa. Depois de 2 anos em que este
evento se realizou no nosso país, o governo Português e a organização oficializaram
um acordo por mais 10 anos – de 2018 até 2028.
Numa espécie de rescaldo
do evento, é sempre interessante abordar a sua importância. A meu ver, um fenómeno
deste género a ocorrer em solo nacional acarreta consequências positivas para a
nossa Economia, nos mais diversos setores, sendo exemplos destes os setores do
Turismo, Transporte e Restauração. O Estado também retira os seus benefícios
sobre a forma de receitas fiscal. E, acima de tudo - que é o interesse
principal deste meeting –, a
aproximação de pequenos iniciantes no ramo e os potenciais investidores, que,
dada a localização geográfica, os portugueses passam a obter uma certa
vantagem.
Sobre este assunto
encontrei um trabalho publicado pelo ministério da Economia, em novembro de
2018, realizado pelo professor da Universidade do Minho João Cerejeira. Trata-se
de uma análise aos às 3 edições ocorridas e prolonga-se numa projeção sobre os
anos seguintes do acordo. Não muito surpreendentemente, os dados referentes às
edições dos 3 primeiros anos corroboram que este acordo teve um impacto
positivo na economia e perspetivava-se que, já a partir da edição do presente
ano, os valores continuassem a aumentar progressivamente.
Os valores obtidos em
2016 já em muito foram ultrapassados. A despesa efetuada pelos participantes
afetou o nível de produção dos mais diversos setores. No ano passado, o evento
teve um impacto positivo de 211 milhões de euros no PIB, e estima-se que este
ano o peso rondasse os 270 milhões, fazendo esquecer os 159 milhões de 2016. Neste
contexto mais geral, agradavelmente, espera-se que em 2028 atinja os 380 milhões.
As boas notícias não se ficam por aqui uma vez que a saúde fiscal do Estado
pode também ficar contente: estima-se que nas últimas 3 edições as receitas
fiscais cheguem quase aos 100 milhões - mais do dobro do que se verificou em
2016 (apenas 28 milhões).
Nos setores de atividades
antes enunciados, os valores seguem também esta tendência crescente. Os
transportes são os que retratam variações menores, tendo sido observado que nos
3 primeiros anos os valores estiveram entre os 3 e os 4 milhões, esperando-se
que este ano se atinjam os 5,5 milhões. O setor turístico esperava obter este
ano 46 milhões, assim como na restauração se previa um impacto de 17 milhões,
distanciando-se dos valores de 2016, de 27 milhões e 10 milhões,
respetivamente.
Outra questão que
interessa abordar é a essência do meeting,
isto é, a cativação de investidores por parte de pequenos empreendedores para
os seus projetos. Interessa nesta temática analisar como tem variado o
investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Do meu ponto de vista, o
facto de a cimeira se realizar em Portugal fazia-me acreditar que beneficiaria a
pesquisa e o desenvolvimento português, apesar de se tratar de um evento
internacional onde vêm pessoas de toda parte. Consultando os dados da OCDE, desde
2008 até 2015, os valores têm vindo a cair até aos 3,5 mil milhões, muito
abaixo do valor médio de 13 mil milhões da União Europeia. Contudo, a partir de
2016, coincidência ou não, no exato ano em que a Web Summit começa a realizar-se em Portugal, toda esta vertente do
investimento em I&D altera-se para uma rota positiva, chegando a
verificar-se, no ano passado, um investimento de 4 mil milhões, fazendo
notar-se uma tentativa de recuperação do setor.
Efetivamente, não estou a
atribuir todo o protagonismo desta melhoria à recolocação da Web Summit em Portugal, mas uma coisa não
posso negar: um evento assim a decorrer no nosso país coloca Portugal e os portugueses
numa posição de destaque, e certamente que influenciou nessa mudança.
Para finalizar, não posso
deixar de reiterar a importância que acontecimentos desta magnitude têm devido
aos efeitos que transportam para a Economia do país organizador, e tal como foi
feito e bem feito pelo governo, mais iniciativas assim e em diversas áreas
devem ser trazidas.
Daniel
Andrade
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular
“Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da
EEG/UMinho]
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