Ainda que a população nacional tenha vindo a ser
alvo de uma tendência de redução, a população ativa em Portugal tem crescido à boleia do reforço do número de estrangeiros a trabalhar em terras Lusitanas.
E, de acordo com o Banco de Portugal (BdP), esses imigrantes em idade ativa são
mesmos mais qualificados que os portugueses.
“Apesar da tendência de redução e envelhecimento da
população residente, a população ativa tem aumentado desde 2017”, explica o
Banco de Portugal, indicando cinco fatores para essa evolução: o aumento da idade da
reforma, o reforço da participação feminina, o aumento da escolaridade, a recuperação
económica e, mais recentemente, os fluxos migratórios.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística
(INE), desde meados de 2018 que a população ativa estrangeira tem evoluído mesmo de forma contrária à população
ativa portuguesa: enquanto a segunda tem decrescido, a primeira
tem aumentado, representando atualmente 3,2% da população ativa total. Estão em causa cerca de 158 mil estrangeiros.
Esta evolução
explica-se por via da imigração. Segundo o Boletim Económico do Banco de
Portugal, quase metade dos novos ativos
são
estrangeiros e, destes, cerca de metade têm nacionalidade extra-União Europeia (com
destaque para o Brasil). Dentro dos estrangeiros vindos de países da UE, há a
enfatizar as nacionalidades de Itália e do Reino Unido, o que está ligado, em
parte, ao Brexit.
O Banco de
Portugal sublinha, além disso, que entre os estrangeiros que têm vindo para Portugal
está a ser registada uma taxa de atividade superior à dos
trabalhadores portugueses em quatro pontos percentuais (p.p.).
Em questão está o peso da população ativa sobre a população em idade ativa -
este último grupo inclui também indivíduos inativos, como estudantes e
reformados.
“A grande maioria destes indivíduos encontra-se a
trabalhar (cerca de 87% da população ativa estrangeira). É de notar que a
taxa de atividade dos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal é das mais
elevadas na área do Euro, situando-se oito p.p. acima da média”, lê-se no
Boletim Económico. Esta situação tem duas explicações, sublinha o BdP. Por um
lado, a estrutura
etária mais jovem da
população estrangeira residente em Portugal. E, por outro, o
nível superior de qualificações dos estrangeiros residentes em comparação com o
dos nacionais.
“Entre 2011 e
2019, a percentagem de estrangeiros com ensino superior duplicou de 15% para
30% (de 17% para 26% no caso dos nacionais)”, salienta o Banco de Portugal.
Já entre os nacionais, o
nível de escolaridade mais frequente (50%) é o ensino básico (nível
que representa apenas uma fatia de 30% entre os estrangeiros).
Tudo somado,
desde meados de 2018 que a população estrangeira tem vindo a contribuir para o rejuvenescimento da
população ativa global portuguesa, contrariando o efeito de
envelhecimento demográfico registado entre os nacionais. Além do Brexit, esse reforço
dos fluxos migratórios é resultado da recuperação económica, dos incentivos
fiscais e da perceção de Portugal como um país seguro.
“A recuperação dos fluxos migratórios de
estrangeiros tem contribuído positivamente para a oferta de trabalho em Portugal
no período mais recente. Pelas suas características – tipicamente, mais jovem,
com maior nível de escolaridade e maios taxa de atividade - a população
estrangeira poderá também potenciar a dinâmica do mercado de trabalho nos anos
vindouros“, remata o Banco de Portugal.
Cociorva Iulian
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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