Com
a chegada da era dos computadores e smartfones,
muitas mudanças ocorreram na sociedade, na forma como nos comunicamos e
trocamos informações de forma rápida e eficiente, mas também nos recursos que
usamos para atingir essa disseminação de informação. É de se esperar que, com a
substituição dos jornais, livros e fax pelos aparelhos eletrônicos de hoje, a
demanda de papel caia. Com isso não é difícil imaginar que a indústria estaria
em decadência, porém esse não é o caso.
Ao
contrário do que se imagina, a demanda por papel vêm crescendo por todo o
mundo. Isso ocorre devido à demanda por papéis diferentes do papel gráfico
usado em jornais e livros. De fato, com a crescente preocupação de vários
países com o meio-ambiente e a poluição que é causada, o plástico usado
diariamente aos poucos vai sendo substituído, sendo o papel um dos principais
concorrentes para tomar o seu lugar. Com muitos países como o Canada, Índia e a
União Europeia movendo-se em direção ao banimento do uso de plásticos
descartáveis, muitas empresas planejam substituí-los por produtos de papel.
A
crescente demanda de papel vem em resultado do desejo de sustentabilidade e
proteção ao meio ambiente, mas ao mesmo tempo traz mais desafios para serem
enfrentados, tanto para a sustentabilidade da indústria quanto no respeitante aos
danos que ela pode causar ao meio ambiente. O processo da produção do papel é
de extrema complexidade, indo do corte das árvores para os processos químicos e
o clareamento. E com todos esses processos, muitos gastos ambientais acompanham,
em todas as etapas.
O
primeiro e mais óbvio problema vem do desmatamento necessário para alimentar a
indústria pelo mundo, o que leva a maiores emissões de carbono e perda de biodiversidade
nas florestas com grande importância ecológica, as quais por vezes são usadas. Além
disso, problemas vindos das outras etapas do processo produtivo incluem o alto
nível de consumo de energia, além do alto nível do consumo de água. Não
bastasse isso, ainda há a poluição causada pela água tóxica que surge do
processo, com dificuldades técnicas surgindo para dispor dela.
Mas
a indústria já avança para enfrentar tais problemas. Empresas nos Estados
Unidos e na Europa se movem para reduzir o desperdício de água, sendo algumas
capazes até de reciclar toda a água usada, como é o caso de uma fábrica no Novo
México. Para o uso de energia, novas tecnologias ajudam a aumentar a eficiência
com um aumento menos do que proporcional nos gastos energéticos. E, por fim, temos
a sustentabilidade do corte das árvores, que foi abordada através de políticas
que obrigam a plantação de novas árvores em áreas desmatadas.
Possivelmente,
o maior instrumento para a virada da indústria do papel foi a reciclagem. Os
produtos reciclados viram um crescimento estável da sua demanda nos últimos
anos. Além disso, países europeus mantiveram a maior taxa de reciclagem do
mundo, como, por exemplo, na Itália, onde cerca de 57% dos materiais usados
para a produção vêm de papéis reciclados. Porém, até mesmo nesse ponto existem
desafios a serem abordados, como o problema na reciclagem de papéis sujos. Uma
alternativa sendo explorada vem de empresas desenvolvendo papéis comportáveis
para ajudar na reciclagem.
Com
uma onda de preocupação com o meio ambiente tomando conta do cenário global,
uma indústria de onde se esperava a decadência teve uma nova oportunidade para
tomar espaço no mercado. Enquanto as facetas mais intuitivas ao se pensar na
indústria do papel, como o papel gráfico, vêm a cair, novos caminhos aparecem
devido à substituição do plástico e da importância da reciclagem. Tanto países
da União Europeia quanto das Américas e da Ásia são altamente afetados por
mudanças em sua demanda, participando de diversas partes do seu processo
produtivo, e consumindo. Com o uso do papel crescendo em inúmeros pontos da
vida do homem, das embalagens das comidas até seu uso nos banheiros, essa se
faz uma indústria para se ficar atento na virada da década.
Pedro Antônio Rocha Giuffrida
[artigo de opinião produzido no âmbito da
unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de
Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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