O
mercado de trabalho português carateriza-se, essencialmente, pelo recurso ao
trabalho intensivo. A mão-de-obra é barata, o que estimula as empresas
estrangeiras a instalarem-se no nosso país com a finalidade de reduzirem os
seus custos, pagando um salário mais baixo. No entanto, observa-se cada vez
mais a introdução das novas tecnologias e da inovação no nosso mercado, o que
indica que Portugal está determinado em alterar a sua fonte de competitividade,
melhorando as suas condições de trabalho.
Neste
momento, a maioria dos portugueses apenas vê o seu trabalho ser valorizado com
o salário mínimo, sendo este quase três vezes inferior ao valor registado no
Luxemburgo, de acordo com os dados do Eurostat. Na minha opinião, não é um
valor que faça com que as pessoas vejam o trabalho como uma forma de realização
pessoal, mas apenas como uma obrigação, o que não as incentiva a contribuírem
para o desenvolvimento e o sucesso da empresa para a qual trabalham.
Dessa
forma, veem noutros mercados, principalmente, nos da Europa Central e do Norte
uma oportunidade para melhorar a sua carreira, sendo o salário mínimo muito
mais elevado. Esta situação reflete-se nos jovens recém-licenciados que vão à
procura de um melhor nível de vida, entrando no mercado de trabalho com um
rendimento mínimo superior ao do nosso país, o que transmite que nessas regiões
o capital humano é mais valorizado.
Contudo,
Portugal tem vindo a mostrar que pretende atingir os padrões europeus e atrair
mais pessoas e, assim, conseguir competir com as economias mais fortes da
Europa no que se refere às condições do mercado de trabalho através do aumento
do salário mínimo entre 2014 e 2019, de 485 para 600 euros, e tudo indica que
existem condições favoráveis para que se atinjam os 700 euros. Este aumento do
salário mínimo pode estimular uma maior produtividade ao afastar do mercado as
empresas não eficientes.
Por
outro lado, o aumento do salário mínimo apenas é possível se se aumentar o PIB per capita, o que acontece se a
produtividade também for mais elevada. Por sua vez, esta depende da melhor
afetação dos recursos e do investimento direto estrangeiro. Este é responsável
pela introdução de novas tecnologias, pelo aumento da produção e por um maior
nível de exportações, que tem vindo a aumentar continuadamente desde 2010.
O
investimento direto estrangeiro atingiu o valor mais elevado dos últimos 20
anos no final de 2017, 119,8 mil milhões de euros, e, segundo o INE, cresceu 8%
face a 2016. Este investimento gerou aproximadamente 8 mil postos de trabalho.
Em 2018, a posição de IDE diminui para 118,6 mil milhões de euros.
Assim
sendo, a meu ver, o crescimento sustentado da produtividade e, consequentemente,
do salário dependerá da capacidade de se continuar a transformar a economia
portuguesa numa economia mais exportadora, de modo a que as empresas
portuguesas façam parte das grandes cadeias de valor globais, cresçam e criem
valor acrescentado. Para que se consiga atingir essa meta, o investimento
direto estrangeiro realizado através das empresas multinacionais que operam no
nosso país tem contribuído bastante. Desta forma, Portugal consegue afirmar-se
nos mercados internacionais, constituindo fortes ligações com o exterior. Ainda
assim, é necessário promover políticas que melhorem a competitividade das
empresas.
Em suma, o aumento das
exportações conduzirá a um maior nível de produção. Os trabalhadores tornam-se
mais produtivos, refletindo-se isso no aumento do PIB bem como do preço da
mão-de-obra e do salário mínimo. A ser assim, a economia portuguesa torna-se mais
competitiva e apta a proporcionar um melhor nível de vida, atraindo cada vez
mais pessoas jovens ao nosso mercado de trabalho, que contribuirão para
acelerar o processo de transformação do mercado português, que ainda tem um
longo caminho por percorrer.
Diana Gaspar
[artigo de opinião
produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do
3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]
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