domingo, 25 de outubro de 2020

ESTOU LICENCIADO, E AGORA?

 

Atrelado ao término do ensino secundário vem também uma forte pressão e exigência que nos obriga a dar um rumo à nossa vida. Muitos optam pelo seguro, enquanto outros seguem outro caminho relacionado com gostos ou interesses pessoais. Mas a verdadeira questão que se coloca é: vale a pena tanta imposição e estratégia?

Hoje em dia, vemo-nos cada vez mais obrigados a concluir uma licenciatura e, por vezes, até mesmo a ter de complementar com mestrado ou outro tipo de pós-graduação para, desta maneira, ser possível a entrada no mercado de trabalho e ter um emprego digno, que nos permita não apenas sobreviver mas sim construir uma vida.

Dados fornecidos pela base de dados PORDATA evidenciam uma ténue descida no nível de desemprego nos jovens no ano de 2019, porém, são valores elevados e superiores aos obtidos até ao ano de 2008. No passado ano de 2019, verificou-se uma taxa de desemprego jovem de 18,3%, o que, segundo esta fonte, significa que nos últimos anos tem sido difícil para os jovens entrar no mercado de trabalho. De modo a complementar estes dados, apresenta-se ainda, na mesma base de dados, uma estatística relativa ao nível de desemprego por grau de escolaridade, do qual se conclui que aumentando o grau académico passamos a estar expostos a uma menor probabilidade de desemprego, contudo existente. No mesmo ano de 2019 observou-se também uma taxa de desemprego para a população com nível de educação superior de cerca de 5,3%, valor este que, mesmo inferior aos valores apresentados nos graus inferiores, é maior do que valores observados em anos prévios.

Por outro lado, e contextualizando agora com uma perspetiva mais atual, encontra-se um texto publicado por Beatriz Ferreira no OBSERVADOR, a 31 de agosto de 2020, referente ao desemprego jovem numa situação de pandemia de Covid-19, a qual, na perspetiva da autora “atirou a taxa para valores de há três anos”, alcançando assim os 25,6%. Tal quer dizer que um em cada quatro jovens entre os 15 e os 24 anos encontra-se desempregado. No texto em causa refere-se ainda a possibilidade de ver este valor aumentar uma vez que se acredita que as ofertas de trabalho por parte das empresas mais fragilizadas serão menores e, vendo-se estas obrigadas a cortar no pessoal face a grandes perdas financeiras, os jovens são aqueles que enfrentarão maior risco devido a uma menor experiência comparativamente aos funcionários que já entregavam a empresa.

Do que foi dito conclui-se que cada vez mais se evidência uma forte pressão em seguir estudos superiores e complementar os mesmos com outros graus relativamente a anos passados nos quais uma licenciatura, ou até mesmo o ensino secundário, eram mais que suficientes para “ser alguém na vida”. Cada vez mais nos vimos obrigados a dar mais um passo em frente, mesmo estando, continuamente, sujeitos ao desemprego. Uma licenciatura não é uma garantia de futuro. A população jovem tem, ainda, um longo caminho pela frente, o qual, aos poucos, vai sendo alcançado, pois mesmo tendo tudo isto em conta, nós, os jovens somos o FUTURO DA SOCIEDADE!

 

Maria João Silva Santos

Fontes utilizadas:

·       https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+desemprego+total+e+por+grupo+et%C3%A1rio+(percentagem)-553

·       https://www.pordata.pt/Portugal/Taxa+de+desemprego+total+e+por+n%C3%ADvel+de+escolaridade+completo+(percentagem)-1009

·       https://observador.pt/2020/08/31/pandemia-esta-a-fazer-disparar-o-desemprego-jovem/~


[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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