domingo, 25 de outubro de 2020

Turismo sustentável

 

Segundo o Secretário-Geral da OMT, Zurab Pololikashvii, “O crescimento do turismo nos últimos anos confirma que este sector é um dos principais impulsionadores de crescimento económico e desenvolvimento”.

Há várias explicações para o crescimento do turismo nos últimos anos, por exemplo, o maior rendimento das famílias, a maior acessibilidade das viagens aéreas, o progresso tecnológico, a conexão digital, e a maior abertura internacional, entre outros.

Segundo dados do World Travel and Tourism Council, em 2019 o sector do turismo contribuiu 10,3% para o PIB global e foi responsável pela criação de 330 milhões de empregos.

Muitos países dependem fortemente do turismo como fonte de rendimento e emprego. No entanto, o turismo também acarreta problemas, especialmente se não for bem gerido. Um grande fluxo de visitantes pode gradualmente destruir a beleza, singularidade, tradições e recursos das regiões turísticas.

De facto, o turismo apresenta vantagens e desvantagens para os países. Quanto aos benefícios, o principal é, sem dúvida, o económico, através da geração de receitas e criação de empregos.

Existem, também, benefícios a nível das infra-estruturas. O turismo fornece meios e incentivos para o investimento em estradas, caminhos-de-ferro, aeroportos, instalações médicas e de educação, entre outros. Verificam-se, ainda, vantagens a nível ambiental. O turismo proporciona incentivos económicos para a preservação e restauração das regiões, tanto as urbanas, como as rurais.

Finalmente, o turismo permite o conhecimento de novas culturas e tradições, contribuindo para uma maior consciência e aceitação social.

Infelizmente, o turismo implica também alguns problemas para os países. A nível ambiental, apresenta riscos de poluição, erosão e destruição de ecossistemas e, ainda, a deterioração de edifícios antigos, monumentos e templos que não estão preparados para receber um grande volume de turistas.

Outra desvantagem é a comercialização das culturas locais, reduzindo-as, por exemplo, ao uso de máscaras e vestes. Para além disso, os turistas muitas vezes não respeitam a cultura e tradição das regiões, recusando-se a seguir os costumes locais, como o vestir de forma apropriada, não estar intoxicado em público, entre outros.

Ainda, os empregos criados pelo turismo (hotelaria, restauração, transportes, etc.) não requerem qualificações elevadas, pelo que existem poucas perspectivas quanto a promoções ou aumentos de rendimento no futuro. Além disso, os empregos relacionados com o sector turístico são muitas vezes sazonais, o que implica uma grande insegurança para o trabalhador.

Adicionalmente, a maior parte da indústria turística dos países em desenvolvimento pertence a grandes empresas estrangeiras, que ficam com a maior parte do lucro. Isto compromete a sustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades locais.

Existe, também, o risco dos países e regiões se tornarem demasiadamente dependentes do turismo, negligenciando outros sectores, o que deixa o país/região vulnerável a crises económicas, instabilidade política e catástrofes naturais.

Tudo isto reforça a importância da prática de turismo sustentável. Um relatório da UNWTO sobre a saturação turística reconheceu a necessidade do sector garantir políticas sustentáveis e práticas que minimizem os efeitos adversos do turismo no uso de recursos naturais, infra-estruturas, mobilidade e congestionamento e, ainda, que tenham em conta o seu impacte sociocultural.

O turismo sustentável deve, então, proteger os ecossistemas e os recursos naturais aquando do desenvolvimento e gestão de actividades turísticas; deve focar-se em experiências turísticas que celebrem e conservem o património e cultura locais; e deve apoiar negócios locais, criando, assim, benefícios socioeconómicos para as comunidades através de empregos e oportunidades geradoras de rendimento.

Em Portugal, o turismo tem tido um impacte muito positivo a nível de receitas e emprego, sendo a principal indústria de exportações. Em 2017, foi criada a Tourism Strategy 2027 para garantir a sustentabilidade de longo prazo deste sector. Esta estratégia apresenta 10 desafios para 10 anos. Alguns desses desafios são: a promoção das qualificações dos empregos e a valorização das pessoas, permitindo um aumento dos rendimentos dos profissionais do sector turístico; o alargamento da actividade turística a todo o território e a promoção do turismo como fator de coesão social; a expansão das actividades turísticas a todo o ano, para assegurar a sustentabilidade do turismo; a estimulação da inovação e do empreendedorismo; e garantir a preservação de recursos naturais e culturais; entre outros.

Para concluir, reforço a necessidade, por um lado, de uma consciencialização ambiental a vários níveis e a importância de ser um viajante responsável (respeitar as comunidades, apoiar o comércio local, viajar fora da época alta,…), e, por outro, da utilização da tecnologia como instrumento de gestão de fluxos turísticos e de melhoria da experiência tanto dos turistas como dos residentes.

 

Ana Amorim Marques

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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