terça-feira, 26 de outubro de 2021

Emigração jovem portuguesa

A emigração ganhou particular destaque na economia portuguesa após a Segunda Guerra Mundial, motivada essencialmente pela procura de melhores condições de vida, de trabalho e de oportunidades, no geral. Atualmente, pelas mesmas razões, os jovens procuram fora do nosso Portugal uma alternativa, muitas vezes conseguida, no sentido de alcançarem a estabilidade financeira que cá não encontram.

É evidente que a crise pandémica que ainda atravessamos veio comprometer as finanças de várias famílias, principalmente os jovens que já anteriormente apresentavam vários entraves, seja para encontrar emprego seja para arranjar casa e suportarem sozinhos as próprias despesas. Aliás, em 2020, a idade média que um jovem português deixava a casa dos seus pais fixou-se nos 30 anos, situando-se Portugal em quinto lugar face aos restantes Estados Membros, enquanto em 2019 ficava-se pela sétima posição.

Que futuro temos nós jovens aqui no nosso Portugal? Pouco ou nenhum, afirmo isto como uma jovem quase licenciada que receia que o futuro não se concretize no país de origem.

De facto, essa vontade e quase necessidade de emigrar deve-se não só à evidente falta de investimento do Estado nos jovens, o que os faz sentiram-se desvalorizados, às altas rendas verificadas no nosso país, aliadas aos excessivos preços dos combustíveis, mas também, e ainda mais determinante, na minha maneira de ver, à falta de oportunidades que as empresas privadas põem ao dispor de um jovem sem experiência, e à quase incansável “lista” de conhecimento que nos é exigido pelas entidades privadas mas, principalmente, pelas públicas.

É óbvio que o nosso país deve apoiar os jovens, isto porque somos os que contribuem e possivelmente contribuiremos para a sustentabilidade da Segurança Social, que se apresenta cada vez mais vulnerável dado os crescentes custos inerentes a uma população cada vez mais envelhecida e incapaz de assegurar a renovação geracional. Importa ainda referir que nos dias de hoje a juventude está muito mais apetrechada de ideias inovadoras potenciadoras de grandes projetos, sendo dessa forma uma mais-valia em qualquer país.

Desse modo, faz-se urgente o incentivo através de apoios financeiros aos jovens e um bom exemplo disso é a Espanha, que decidiu atribuir uma quantia de 250 euros por mês aos jovens que saiam da casa dos pais e assegurar o pagamento de 40% do valor do arrendamento. No entanto, as medidas podem ser diversas, podem passar pela redução do preço das rendas e consequente estímulo financeiro fornecido aos senhorios, por descontos concedidos em postos de abastecimento de combustíveis e pela isenção do IMI durante uns anos na compra de uma propriedade. 

É igualmente necessário que as empresas tenham noção que ninguém nasce ensinado e para aprender é preciso uma oportunidade, ainda que isso seja difícil de se concretizar no dia-a-dia, pois são apenas palavras. O Estado poderia intervir no sentido de aumentar a recompensa concedida às instituições na contratação de jovens em situação de primeiro emprego ou com formação superior, ou, através de uma mudança estrutural do ensino público, incluir uma componente letiva mais prática e não apenas teórica, de modo a desenvolver as capacidades requeridas pelas empresas. Além disso, as instituições devem também apostar na formação contínua dos seus trabalhadores.

Concluindo: é muito fácil encontrar várias razões que motivam a emigração jovem em Portugal e é muito importante que algo seja feito no sentido de inverter esta realidade, pois, como vimos, esta pode afetar o desempenho económico de qualquer país.

 

Adriana Carmo

[artigo de opinião desenvolvido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa e Europeia” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho] 


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